Comitê de Política Monetária aponta cenário de inflação adverso e prevê novo aumento na taxa básica de juros para conter alta nos preços
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Marcello Casal Jr/Agência Brasil |


“Diante da continuidade do cenário adverso para a
convergência da inflação, o comitê antevê, em se confirmando o cenário
esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião”, informa o Copom.
Na semana passada, o comitê aumentou a Selic para 13,25% ao ano, por
entender que a decisão é compatível com a estratégia de convergência da
inflação para o redor da meta. A ata destacou que os preços dos alimentos se
elevaram de forma significativa, em função, dentre outros fatores, da estiagem
observada ao longo do ano passado e da elevação de preços de carnes, também
afetada pelo ciclo do boi.
Com relação aos bens industrializados, o movimento recente
de aumento do dólar pressiona preços e margens, sugerindo maior aumento em tais
componentes nos próximos meses.
Para os integrantes do comitê, esse aumento tende a se
propagar para o médio prazo. "Essa decisão [de aumentar a Selic] é
compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao
longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de
assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das
flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego",
explica o comitê na ata.
Ainda segundo o Copom, a inflação de serviços segue acima do
nível compatível com o cumprimento da meta, de acordo com as observações mais
recentes. A ata destaca que, ao longo dos últimos trimestres, a atividade
econômica manteve o dinamismo, em particular, no ritmo de crescimento do
consumo das famílias.
Outro ponto destacado é que o mercado de trabalho também se
mostrou aquecido, juntamente com o mercado de crédito. Esse quadro foge do
cenário-base defendido pelo comitê para o recuo da inflação. Esse cenário
envolve uma política econômica contracionista, com desaceleração da atividade
econômica.
“Foi destacado, na análise de curto prazo, que, em se
concretizando as projeções do cenário de referência, a inflação acumulada em 12
meses permanecerá acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta
nos próximos 6 meses consecutivos. Desse modo, com a inflação de junho deste
ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática do regime
de metas”, disse o Copom.
O regime de meta de inflação determina que o índice deve
ficar em 3% no acumulado em 12 meses, com bandas de 1,5 p.p. para cima ou para
baixo. Se ficar acima do limite da banda por mais de 6 meses seguidos, há o
descumprimento da meta.
O BC voltou a apontar o dinamismo da economia com vigor nas
concessões de crédito amplo, política fiscal expansionista e o fomento do pleno
emprego como fatores que têm dado suporte ao consumo e à demanda agregada,
pressionando a inflação.
O Copom adiantou que vai seguir observando esses fatores
para o desempenho da “estratégia de convergência da inflação para o redor da
meta ao longo do horizonte relevante”.
"Como o mercado de trabalho segue aquecido, é difícil
avaliar em que medida uma eventual desaceleração refletiria enfraquecimento da
demanda ou pressões de oferta, portanto, com impactos diferentes sobre a
inflação. O Comitê seguirá acompanhando a atividade econômica e reforça que o
arrefecimento da demanda agregada é um elemento essencial do processo de
reequilíbrio entre oferta e demanda da economia e convergência da inflação à
meta”.
Em relação ao cenário externo, o Copom aponta ainda que o
cenário também permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura e
da política econômica nos Estados Unidos. O cenário-base do comitê segue sendo
de desaceleração gradual e ordenada da economia norte-americana.
Entretanto, o comitê chama a atenção para algumas incertezas
na política econômica, tais como a introdução de tarifas à importação, adoção
de possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho, e alterações
importantes em preços relativos decorrentes de reorientações da matriz
energética, “o que pode impactar negativamente as condições financeiras e os
fluxos de capital para economias emergentes.”
“O comitê acompanhou com atenção os movimentos do câmbio,
que tem reagido, notadamente, às notícias fiscais domésticas, às notícias da
política econômica norte-americana e ao diferencial de juros. A consecução de
determinadas políticas nos Estados Unidos pode pressionar os preços de ativos
domésticos”, diz a ata.
Fonte: Agência Brasil
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