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quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

O Breve Despertar do Carro Elétrico (1960–1990): Crises e Limites

Imagem desenvolvida por IA
Após a era dourada dos motores a combustão no pós-guerra, o carro elétrico parecia relegado às páginas da história. No entanto, o período entre 1960 e 1990 testemunhou um surpreendente, embora breve, renascimento.

Impulsionado por crises geopolíticas, uma nova consciência ambiental e a engenhosidade de entusiastas, o veículo elétrico ressurgiu como uma promessa de um futuro mais limpo e independente. Contudo, este despertar foi contido por barreiras tecnológicas significativas que adiaram sua verdadeira revolução para o século seguinte.

As Crises do Petróleo: O Catalisador da Mudança

A década de 1970 foi marcada por dois choques energéticos que abalaram a economia global:

  1. 1973: O embargo da OPEP quadruplicou os preços do petróleo.
  2. 1979: A Revolução Iraniana gerou uma segunda crise, causando pânico e filas nos postos.

Esses eventos expuseram de forma brutal a vulnerabilidade das nações industrializadas. A busca por alternativas energéticas deixou de ser um exercício acadêmico e tornou-se uma questão de segurança nacional. Nesse cenário, a eletricidade ressurgiu como uma solução viável para o transporte, reacendendo o interesse no desenvolvimento de veículos elétricos (VEs).

Protótipos e Experimentos

O renovado interesse se manifestou em duas frentes distintas. Por um lado, engenheiros amadores começaram a adaptar carros convencionais em garagens, trocando motores a gasolina por elétricos.

Por outro lado, grandes montadoras como a General Motors (com o Electrovette) e a Ford criaram protótipos pressionadas pela opinião pública. O problema, no entanto, era universal: a tecnologia de armazenamento de energia.

O Calcanhar de Aquiles: As Baterias

As baterias de chumbo-ácido eram a única opção economicamente viável na época, mas apresentavam problemas severos:

  • Eram extremamente pesadas e volumosas;
  • Ofereciam baixa densidade energética;
  • Resultavam em velocidades máximas de 70 km/h;
  • A autonomia raramente passava de 60 a 80 quilômetros.

Para o consumidor acostumado à potência do carro a combustão, os VEs da época eram simplesmente inadequados para o uso diário.

A Semente da Consciência Ambiental

Paralelamente às crises energéticas, livros como "Primavera Silenciosa" (1962), de Rachel Carson, despertaram a preocupação pública com a poluição.

Essa nova consciência se traduziu em legislação. Nos Estados Unidos, a aprovação do Clean Air Act (Lei do Ar Limpo) em 1970 foi um marco. Embora o foco imediato não fosse o carro elétrico, a lei plantou a ideia de que os veículos deveriam ser menos poluentes. Essa semente germinaria nas décadas seguintes, culminando nos mandatos de emissão zero que impulsionam os VEs modernos.

Conclusão

O "breve despertar" do carro elétrico entre 1960 e 1990 não resultou em sua adoção em massa — as limitações das baterias eram um obstáculo intransponível.

No entanto, este período foi fundamental. As crises ensinaram uma dura lição sobre dependência energética e a legislação ambiental criou o arcabouço regulatório necessário. Este despertar foi, na verdade, o ensaio geral para a revolução elétrica que vivemos hoje.

Referências Bibliográficas

KIRSCH, David A. The Electric Vehicle and the Burden of History. Rutgers University Press, 2000.

MOM, Gijs. The Electric Vehicle: Technology and Expectations in the Automobile Age. Johns Hopkins University Press, 2004.

YERGIN, Daniel. The Prize: The Epic Quest for Oil, Money, and Power. Simon & Schuster, 1991.

WAKEFIELD, Ernest H. History of the Electric Automobile: Battery-Only Powered Cars. SAE, 1994.