Origens Históricas: A Bandeira da República Rio-Grandense
A história da bandeira gaúcha está intrinsecamente ligada à Revolução
Farroupilha (1835-1845). O conflito, também conhecido como Guerra dos
Farrapos, foi uma revolta da elite estancieira gaúcha contra o poder central do
Império do Brasil, motivada por questões econômicas (altos impostos sobre o
charque) e políticas (busca por maior autonomia provincial).
Em 11 de setembro de 1836, após a vitória na Batalha do
Seival, o General Antônio de Sousa Netto proclamou a República Rio-Grandense.
Com a nova república, surgiu a necessidade de um pavilhão que a representasse.
A bandeira foi instituída oficialmente em 12 de novembro de 1836.
Embora não haja um consenso absoluto sobre sua autoria, a
criação do design é frequentemente atribuída a figuras proeminentes do
movimento, como Bernardo Pires, José Mariano de Mattos ou Tito Lívio
Zambeccari. O desenho original, com suas faixas diagonais, foi pensado para ser
distinto e facilmente reconhecível nos campos de batalha.
Após o fim da guerra, com a assinatura do Tratado de Poncho
Verde em 1845 e a reintegração do Rio Grande do Sul ao Império, a bandeira foi
proscrita. Ela só voltou a ser adotada oficialmente como símbolo do estado em 5
de janeiro de 1966, através da Lei nº 5.213, mantendo o design concebido
durante a revolução.
A Simbologia das Cores e do Brasão
Cada elemento da bandeira do Rio Grande do Sul possui um
significado profundo, que remete aos valores e à história do povo gaúcho.
As Cores
As três cores diagonais – verde, vermelho e amarelo – são a
base da identidade visual da bandeira:
- Verde:
Representa a riqueza dos pampas, a vasta planície que cobre grande parte
do território gaúcho, simbolizando a esperança e a liberdade.
- Vermelho:
Posicionado ao centro e em destaque, simboliza a coragem, o heroísmo e o
sangue derramado pelos farroupilhas em sua luta pela república e por seus
ideais. É a cor da guerra e da bravura.
- Amarelo:
Representa as riquezas minerais do estado e a fé do povo gaúcho em seu
futuro.
A disposição diagonal é única entre as bandeiras estaduais
brasileiras, conferindo-lhe um caráter dinâmico e combativo.
O Brasão de Armas
No centro da faixa vermelha, encontra-se o brasão de armas
da República Rio-Grandense, que adiciona uma camada extra de simbolismo:
- Lema:
Circundando o brasão, a inscrição "Liberdade, Igualdade,
Humanidade" se destaca. Este lema foi inspirado nos ideais da
Revolução Francesa e também adotado pela maçonaria, que teve forte
influência entre os líderes farroupilhas. Ele resume a base filosófica e
política do movimento republicano.
- Barrete
Frígio: Dentro do losango, um barrete frígio (um tipo de gorro) paira
sobre um conjunto de armas. Este chapéu vermelho era usado na Roma Antiga
pelos escravos libertos e foi adotado como um símbolo universal de
república e liberdade durante a Revolução Francesa.
- Armas
e Natureza: O brasão é ladeado por ramos de fumo e erva-mate,
importantes culturas agrícolas da época, que representam a base econômica
e cultural do estado.
Conclusão
A bandeira do Rio Grande do Sul é uma poderosa síntese de
sua trajetória histórica e cultural. Ela não apenas representa um estado da
federação brasileira, mas também evoca a memória de uma república independente,
forjada em ideais de liberdade e bravura. Ao desfraldar suas cores, os gaúchos
celebram a resiliência de seus antepassados e reafirmam uma identidade regional
que permanece viva e orgulhosa.
Referências Bibliográficas
PESAVENTO, Sandra Jatahy. A Revolução Farroupilha. 7.
ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.
SPALDING, Walter. A Revolução Farroupilha. Brasília:
Editora da Universidade de Brasília, 1982.
RIO GRANDE DO SUL. Lei nº 5.213, de 5 de janeiro de 1966.
Institui o Hino, as Armas e a Bandeira do Estado do Rio Grande do Sul como
símbolos oficiais e dá outras providências. Diário Oficial do Estado,
Porto Alegre, RS, 6 jan. 1966.
