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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Educação e Folclore: Como Trabalhar o Tema nas Escolas

Imagem desenvolvida por IA
O folclore é muito mais do que um conjunto de lendas e mitos antigos. Ele representa a alma de um povo, um mosaico vivo de saberes, crenças, costumes e artes que são transmitidos através de gerações. Trazê-lo para o ambiente escolar não é apenas uma forma de celebrar a cultura brasileira, mas uma poderosa estratégia pedagógica para o desenvolvimento integral dos alunos.

A Importância do Folclore no Ambiente Escolar

Trabalhar o folclore na escola vai além de comemorar o dia 22 de agosto. É uma oportunidade para:

  • Fortalecer a Identidade Cultural: Ao conhecer as histórias, músicas e brincadeiras de sua região e de seu país, o aluno se reconhece como parte de uma coletividade, valorizando suas raízes e respeitando a diversidade.
  • Estimular a Criatividade e a Imaginação: O universo fantástico de personagens como o Saci-Pererê, a Iara e o Curupira é um campo fértil para a imaginação. As crianças são convidadas a criar, recriar e interpretar, desenvolvendo o pensamento lúdico e artístico.
  • Desenvolver o Pensamento Crítico: As lendas e os contos populares frequentemente carregam consigo lições de moral, dilemas e representações sociais. Analisá-los permite que os alunos discutam valores, comportamentos e a própria estrutura da sociedade.
  • Promover a Integração e a Sociabilidade: Muitas atividades folclóricas, como danças circulares (ciranda), brincadeiras de roda e jogos coletivos, exigem cooperação, comunicação e trabalho em equipe.

Abordagens Práticas para Trabalhar o Folclore

O segredo para um projeto de folclore bem-sucedido é a interdisciplinaridade e a contextualização. As atividades devem ser dinâmicas e fazer sentido para a realidade dos alunos.

1. Contação de Histórias e Rodas de Leitura

  • O quê: Crie um ambiente aconchegante para narrar lendas, mitos e contos populares. Utilize fantoches, dedoches, teatro de sombras ou até mesmo recursos digitais.
  • Sugestão: Após a contação, promova debates. "Por que o Saci esconde as coisas?"; "A Cuca é realmente má?". Incentive os alunos a criarem versões diferentes para as histórias ou finais alternativos.

2. Música, Dança e Expressão Corporal

  • O quê: Apresente aos alunos ritmos e danças folclóricas como a ciranda, o frevo, o maracatu, o carimbó e a catira.
  • Sugestão: Convide um grupo local para uma apresentação ou ensine coreografias simples. Os alunos também podem criar instrumentos musicais com materiais recicláveis para acompanhar as cantigas de roda.

3. Artes Visuais e Oficinas Manuais

  • O quê: Promova oficinas de desenho, pintura, colagem e modelagem em argila para que os alunos representem os personagens e as cenas do folclore.
  • Sugestão: Ensine técnicas de artesanato regional, como o fuxico, a xilogravura (típica da literatura de cordel) ou a criação de bonecas de pano como a Abayomi, que carrega um forte simbolismo de resistência e afeto.

4. Brincadeiras e Jogos Tradicionais

  • O quê: Resgate brincadeiras que atravessaram gerações, como amarelinha, pipa, bola de gude, passa-anel e pega-pega.
  • Sugestão: Organize um "Dia do Brinquedo Folclórico", onde os alunos possam construir seus próprios brinquedos, como bilboquês, petecas e pipas, e depois brincar coletivamente no pátio.

5. Culinária e Sabores Regionais

  • O quê: O folclore também está na mesa. Cada região tem seus pratos típicos que contam uma história.
  • Sugestão: Realize uma feira de culinária com receitas simples que os alunos possam ajudar a preparar, como pão de queijo, bolo de fubá, cocada ou sucos de frutas nativas. Conecte o prato à sua origem geográfica e cultural.

6. Pesquisa e Exploração (Aluno como Protagonista)

  • O quê: Incentive os alunos a se tornarem pequenos pesquisadores do folclore.
  • Sugestão: Peça que entrevistem seus pais e avós sobre as brincadeiras, histórias e cantigas de sua infância. Eles podem registrar essas memórias em um "livro vivo" da turma ou criar um "mapa do folclore" da comunidade, identificando festas e costumes locais.

Conclusão

Integrar o folclore ao currículo escolar é uma forma de dar vida ao aprendizado, tornando-o mais significativo, divertido e conectado à realidade. O educador atua como um mediador cultural, abrindo as portas para um universo de conhecimento que está na base da identidade brasileira e que merece ser constantemente redescoberto e valorizado.

Referências Bibliográficas

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 5. ed. São Paulo: Scipione, 2005.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 04 dez. 2025.

CANDIDO, Antonio. A descoberta e a ignorância do Brasil. In: CANDIDO, Antonio. A educação pela noite e outros ensaios. 1. ed. São Paulo: Ática, 2011.

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. 12. ed. São Paulo: Global, 2012.

MACHADO, Regina. Acordais: a contação de histórias na formação de leitores. São Paulo: DCL, 2004.