Radio Evangélica

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Câmara aprova projeto que permite créditos tributários a micro e pequenas empresas


Texto segue para análise do Senado e busca ampliar competitividade do setor exportador

Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei Complementar (PLP) 167/24, de autoria do Poder Executivo, que permite às micro e pequenas empresas se apropriarem de créditos de tributos do Simples Nacional por meio do programa Reintegra. O projeto agora segue para o Senado.

O relator da proposta, deputado Jonas Donizette (PSB-SP), incorporou ao texto o conteúdo do Projeto de Lei 4043/24, que trata do mesmo tema. O objetivo do governo é revitalizar o Reintegra, programa criado para devolver resíduos tributários sobre produtos de exportação, mas que perdeu força devido à falta de recursos desde 2014.

Com a nova redação, o foco passa a ser as micro e pequenas empresas, que poderão apurar e utilizar créditos tributários referentes ao Simples Nacional nos exercícios de 2025 e 2026. Donizette destacou que a exclusão dessas empresas do Reintegra gerava uma desvantagem em relação a outros exportadores. "A continuidade dessa restrição contraria o próprio espírito do regime simplificado, que visa a fortalecer, não limitar, a sustentabilidade e o crescimento desses empreendimentos", afirmou.

Impacto econômico

Em 2023, as micro e pequenas empresas representaram aproximadamente 40% das exportadoras brasileiras, mas responderam por apenas 0,8% do valor total exportado. Segundo o governo, o impacto orçamentário da medida é considerado baixo, já que a alíquota máxima será de 3% sobre as receitas de exportação.

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que essas empresas exportaram US$ 2,8 bilhões em 2023, envolvendo mais de 6.700 exportadores. Com as novas condições, o governo espera incentivar a participação de pequenos empreendimentos no comércio exterior.

Apoio e críticas

O projeto recebeu apoio de parlamentares governistas e da oposição. O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), ressaltou que a medida é essencial para fortalecer a indústria nacional. Já Chico Alencar (Psol-RJ) destacou a importância da proposta para a democratização econômica.

Por outro lado, o deputado Gilson Marques (Novo-SC) argumentou que o projeto é um "paliativo necessário", mas defendeu uma solução estrutural para a alta carga tributária. Já Mauro Benevides Filho (PDT-CE) alertou para a necessidade de uma reavaliação do Reintegra após 2027, uma sugestão que foi aceita por Donizette e incorporada ao texto.

Relação com a reforma tributária

O projeto prevê que o Reintegra será extinto quando o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), previsto na reforma tributária, for implementado. Até lá, as micro e pequenas empresas continuarão tendo direito aos créditos. O PLP 167/24 faz parte do Programa Acredita Exportação, que traz regras de transição até a conclusão da reforma em 2032.

Mudanças no regime aduaneiro

A proposta também modifica o Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado (Recof), incluindo sua previsão na legislação. Esse regime permite suspensão de tributos sobre insumos importados ou adquiridos internamente para industrialização e posterior exportação. Empresas que não destinarem os produtos à exportação deverão pagar os tributos com juros e multa desde a data de aquisição.

O texto aprovado permite a suspensão desses tributos por cinco anos, a partir de 1º de janeiro de 2026, com validade até 2031. No entanto, como a reforma tributária revoga dispositivos relacionados em 2027, na prática, as mudanças valeriam por apenas um ano.

Outras alterações

O projeto também extingue a responsabilidade solidária no pagamento de tributos em regimes de suspensão. Atualmente, uma empresa pode ser responsabilizada se um fornecedor não pagar tributos ao vender produtos importados para mercado interno. Com a mudança, apenas o fornecedor será responsabilizado.

Além disso, o texto amplia o prazo para regularização de pendências para empresas do Simples Nacional, passando de 30 para 90 dias. A medida vale para débitos com o INSS e a Receita Federal, bem como para irregularidades cadastrais.

O projeto agora aguarda análise e possíveis alterações no Senado antes de se tornar lei.

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