Pesquisa indica revisão para baixo nas expectativas de crescimento, refletindo maior cautela econômica
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A redução das expectativas se deve a um contexto econômico
mais desafiador, com previsão de juros mais altos e inflação pressionada. A
carteira de crédito com recursos livres teve sua projeção reduzida de 8,3% para
8,1%, refletindo maior cautela dos bancos na concessão de empréstimos. Já a
carteira de crédito direcionado teve queda de 0,7 ponto percentual na projeção
de expansão, passando de 9,7% para 9,0%. O crédito direcionado às famílias caiu
de 9,8% para 8,9%, enquanto o crédito para empresas teve revisão mínima, de
9,1% para 9,0%.
No geral, a projeção de crédito para empresas recuou de 7,8%
para 7,1%, enquanto para as famílias, a expectativa de crescimento passou de
9,1% para 8,6%. A pesquisa da Febraban é realizada a cada 45 dias após a
divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), coletando
projeções sobre diversas variáveis econômicas.
"Cenário fiscal e política monetária influenciarão
crescimento do crédito", diz Febraban
Segundo Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação
Prudencial e Riscos da Febraban, a revisão já era esperada devido à piora do
cenário econômico. "Os números evoluem conforme a dinâmica da economia. O
desempenho efetivo do crédito dependerá do cenário fiscal e de outras variáveis
relevantes que podem alterar a perspectiva atual", explicou.
Para 2026, a pesquisa indica que o movimento de
desaceleração do crédito deve continuar, com expansão projetada de 7,7%. O
crédito com recursos livres deve crescer 7,1%, enquanto as linhas direcionadas
devem apresentar alta de 8,6%. A inadimplência com recursos livres deve se
manter estável em 4,6%.
Inadimplência e juros elevados impactam mercado
A projeção para a taxa de inadimplência da carteira livre
caiu de 4,7% para 4,6%, ainda que permaneça acima do índice registrado no final
de 2024 (4,1%). A tendência de estabilidade pode ser atribuída à maior
seletividade na concessão de crédito.
Em relação à taxa Selic, 76,2% dos entrevistados esperam que
os juros permaneçam elevados, acima de 14,25% ao ano em 2025, sem previsão de
cortes. Na pesquisa anterior, apenas 47,4% tinham essa expectativa. A mediana
das projeções aponta para uma Selic de 15,25% ao ano em junho, mantida neste
patamar pelo menos até setembro.
Dólar e inflação também preocupam
A expectativa para a taxa de câmbio é de ligeira depreciação
ao longo de 2025, com o dólar atingindo R$ 5,95 até setembro. Anteriormente,
esperava-se que o câmbio ficasse próximo de R$ 6,00.
Com relação à inflação, 47,6% dos entrevistados acreditam
que o índice ficará próximo de 5,5%, enquanto um terço espera que ultrapasse
6%.
PIB e projeções econômicas
A pesquisa aponta que 52,4% dos entrevistados projetam
crescimento do PIB de 2,0% em 2025, um leve aumento em relação à pesquisa
anterior (50%). Contudo, o viés é de baixa, com crescimento da parcela de
analistas que preveem desaceleração maior, passando de 27,8% para 33,3%.
Expectativas para a política monetária nos EUA
No cenário internacional, 71,4% dos entrevistados acreditam
que o Federal Reserve (Fed) fará cortes modestos nas taxas de juros em 2025, de
0,25 ponto percentual em uma ou duas oportunidades. Já 28,6% esperam que os
juros permaneçam no patamar atual, sem descartar possíveis elevações ao longo
do ano.
A Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Febraban
segue sendo uma das principais referências sobre as perspectivas econômicas do
setor bancário, refletindo as expectativas para o crédito e outros indicadores
fundamentais da economia brasileira.
A íntegra da pesquisa pode ser acessada neste link
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