Natividade e Agostinho Santos, os pais dos gêmeos, tinham
expectativas diferentes sobre o sexo de seus filhos: enquanto Natividade queria
um menino, Agostinho desejava uma menina. Acabaram tendo dois garotos, Pedro e
Paulo, nomes que também remetem à Bíblia, onde há registros de desavenças entre
os Apóstolos Pedro e Paulo.
Ambientado em um período cinco anos após a Proclamação da
República, o romance simboliza a divisão do povo brasileiro entre republicanos
e monarquistas. Pedro, um médico conservador, representa a tradição
monarquista, enquanto Paulo, um advogado, é defensor do republicanismo. As
desavenças entre os irmãos são constantes e se tornam ainda mais acirradas
quando ambos se apaixonam por uma moça chamada Flora. Flora demonstra simpatia
pelos dois, mas nunca toma uma decisão concreta sobre qual deles escolher.
A mãe dos irmãos, aflita com a situação, deseja que haja
união entre eles, acreditando que, por serem gêmeos, deveriam ser mais unidos,
e não viver em constantes desavenças. Em momentos de tragédia, como as mortes
de Flora e de Natividade, os irmãos registram duas tréguas. No leito de morte,
Natividade implora para que os irmãos cessem as desavenças, e Pedro e Paulo se
comprometem a obedecer à mãe. Contudo, a ideia não é de uma trégua permanente,
mas de suportarem as diferenças um do outro. Essa paz é temporária, e os
conflitos inevitavelmente retornam.
A narrativa de Machado de Assis utiliza essa dualidade entre
Pedro e Paulo para explorar temas mais amplos, como política, identidade
nacional e as complexidades das relações humanas. A simbologia bíblica de Esaú
e Jacó adiciona profundidade à narrativa, mostrando que, assim como na Bíblia,
os conflitos entre os irmãos são inevitáveis, mesmo quando tentam fazer as
pazes. O romance é um retrato da sociedade brasileira da época, com suas
divisões ideológicas e anseios por unidade, que continua a ressoar na compreensão
contemporânea do país.
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