Radio Evangélica

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Inflação e juros elevados devem persistir em 2025, aponta IFI

Relatório destaca desafios econômicos e impacto sobre a política fiscal

Marcos Oliveira/Agência Senado
A mais recente análise da Instituição Fiscal Independente (IFI) traz um alerta para o cenário econômico brasileiro em 2025: a inflação e os juros devem continuar elevados, com reflexos diretos na atividade econômica e no planejamento fiscal do governo. O relatório, publicado nesta semana, avalia que, apesar da valorização do real frente ao dólar oferecer algum alívio nos preços ao consumidor, os desafios para o crescimento econômico permanecem.

Inflação e juros: um ciclo difícil de quebrar

A IFI ressalta que a recente apreciação do real pode contribuir para reduzir pressões inflacionárias, desde que outros fatores que influenciam os preços se mantenham estáveis. No entanto, o relatório também alerta que um novo episódio de desvalorização cambial, impulsionado por incertezas no cenário global e doméstico, poderia levar o Banco Central a adotar uma postura ainda mais rígida na política monetária.

O efeito desse aperto seria um aumento no custo da desinflação, ou seja, um impacto ainda maior na atividade econômica e na capacidade de crescimento do país. A combinação de inflação resistente e juros elevados tem sido um entrave para a recuperação do consumo e dos investimentos produtivos, afetando diretamente o mercado de trabalho e a renda das famílias.

Meta fiscal: déficit dentro do esperado, mas com ajustes necessários

Outro ponto crucial do relatório da IFI é a projeção do déficit primário para 2025, estimado em R$ 71 bilhões, equivalente a 0,56% do PIB. Apesar do resultado negativo, o valor ainda está dentro do limite estabelecido pela meta fiscal do governo. Isso significa que, tecnicamente, não haveria necessidade de um contingenciamento mais rígido no orçamento.

No entanto, o cumprimento da meta dependerá de medidas como o bloqueio de R$ 18,6 bilhões e a retenção de R$ 15,7 bilhões em despesas não executadas. Além disso, a IFI destaca que programas como o Pé-de-Meia e o Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais ou Financeiro-Fiscais (FCBF) serão executados fora do orçamento principal, o que ajuda a aliviar a pressão sobre as contas públicas.

Desafios para a política econômica em 2025

O cenário delineado pelo relatório reforça os desafios para a condução da política econômica no próximo ano. A necessidade de manter um equilíbrio entre o controle da inflação e a manutenção da atividade econômica será um dos maiores dilemas para o Banco Central e para o governo federal.

Caso a inflação não ceda conforme esperado, a autoridade monetária pode ser forçada a manter juros elevados por mais tempo, dificultando o crescimento econômico. Por outro lado, a política fiscal precisará de ajustes constantes para evitar o risco de descontrole nas contas públicas, especialmente diante de um ambiente global incerto.

Conclusão

O relatório da IFI evidencia que 2025 será um ano de desafios persistentes para a economia brasileira. A interação entre câmbio, inflação e política monetária continuará sendo um fator determinante para a trajetória econômica do país. Se, por um lado, há sinais de que o governo pode evitar um ajuste fiscal severo, por outro, o alto custo do crédito e a fragilidade do consumo ainda preocupam e exigem atenção constante dos formuladores de políticas públicas.

O caminho para um crescimento sustentável dependerá não apenas do controle da inflação, mas também da capacidade do governo de implementar reformas estruturais que estimulem a produtividade e a confiança no ambiente econômico.

 

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