Relatório destaca desafios econômicos e impacto sobre a política fiscal
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Marcos Oliveira/Agência Senado |
Inflação e juros: um ciclo difícil de quebrar
A IFI ressalta que a recente apreciação do real pode
contribuir para reduzir pressões inflacionárias, desde que outros fatores que
influenciam os preços se mantenham estáveis. No entanto, o relatório também
alerta que um novo episódio de desvalorização cambial, impulsionado por
incertezas no cenário global e doméstico, poderia levar o Banco Central a
adotar uma postura ainda mais rígida na política monetária.
O efeito desse aperto seria um aumento no custo da
desinflação, ou seja, um impacto ainda maior na atividade econômica e na
capacidade de crescimento do país. A combinação de inflação resistente e juros
elevados tem sido um entrave para a recuperação do consumo e dos investimentos
produtivos, afetando diretamente o mercado de trabalho e a renda das famílias.
Meta fiscal: déficit dentro do esperado, mas com ajustes
necessários
Outro ponto crucial do relatório da IFI é a projeção do
déficit primário para 2025, estimado em R$ 71 bilhões, equivalente a 0,56% do
PIB. Apesar do resultado negativo, o valor ainda está dentro do limite
estabelecido pela meta fiscal do governo. Isso significa que, tecnicamente, não
haveria necessidade de um contingenciamento mais rígido no orçamento.
No entanto, o cumprimento da meta dependerá de medidas como
o bloqueio de R$ 18,6 bilhões e a retenção de R$ 15,7 bilhões em despesas não
executadas. Além disso, a IFI destaca que programas como o Pé-de-Meia e
o Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais ou Financeiro-Fiscais (FCBF)
serão executados fora do orçamento principal, o que ajuda a aliviar a pressão
sobre as contas públicas.
Desafios para a política econômica em 2025
O cenário delineado pelo relatório reforça os desafios para
a condução da política econômica no próximo ano. A necessidade de manter um
equilíbrio entre o controle da inflação e a manutenção da atividade econômica
será um dos maiores dilemas para o Banco Central e para o governo federal.
Caso a inflação não ceda conforme esperado, a autoridade
monetária pode ser forçada a manter juros elevados por mais tempo, dificultando
o crescimento econômico. Por outro lado, a política fiscal precisará de ajustes
constantes para evitar o risco de descontrole nas contas públicas,
especialmente diante de um ambiente global incerto.
Conclusão
O relatório da IFI evidencia que 2025 será um ano de
desafios persistentes para a economia brasileira. A interação entre câmbio,
inflação e política monetária continuará sendo um fator determinante para a
trajetória econômica do país. Se, por um lado, há sinais de que o governo pode
evitar um ajuste fiscal severo, por outro, o alto custo do crédito e a
fragilidade do consumo ainda preocupam e exigem atenção constante dos
formuladores de políticas públicas.
O caminho para um crescimento sustentável dependerá não
apenas do controle da inflação, mas também da capacidade do governo de
implementar reformas estruturais que estimulem a produtividade e a confiança no
ambiente econômico.
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