Radio Evangélica

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Brincadeiras e Cantigas de Roda: Heranças que Encantam a Infância Brasileira

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Poucas lembranças são tão doces quanto as das rodas de crianças cantando sob o sol, rindo e brincando de mãos dadas. As brincadeiras e cantigas de roda são um dos maiores tesouros da cultura brasileira — não apenas pela diversão que proporcionam, mas por preservarem a sabedoria e a afetividade que atravessam gerações.

Essas expressões populares são mais do que simples passatempos: são histórias cantadas que revelam o jeito de ser do povo, a criatividade coletiva e o poder da tradição oral em manter viva a memória da infância.

O Valor Educativo e Cultural

As cantigas de roda e brincadeiras tradicionais cumprem um papel essencial na formação emocional e cognitiva das crianças. Ao brincar e cantar juntas, elas aprendem a conviver, a compartilhar e a se expressar com liberdade.

Veja alguns dos principais benefícios:

  • Socialização e Cooperação: a roda ensina igualdade, escuta e empatia.
  • Desenvolvimento da Linguagem: as rimas e repetições fortalecem o vocabulário e o ritmo da fala.
  • Coordenação e Criatividade: os gestos, palmas e giros estimulam o corpo e a imaginação.
  • Memória e Expressão: lembrar letras e inventar novas rimas reforça o aprendizado e a autoconfiança.

Cantigas que Atravessam Gerações

Quem nunca cantou “Ciranda, Cirandinha”, “Atirei o Pau no Gato” ou “O Sapo Não Lava o Pé”? Essas canções resistem ao tempo porque trazem valores universais como amizade, alegria e respeito.

Cada cantiga guarda um fragmento da nossa história — dos quintais do interior às praças das grandes cidades — e reforça o papel do folclore como espelho da alma brasileira.

Brincadeiras que Inspiram Movimento

O corpo também aprende! Brincadeiras como pique-pega, esconde-esconde e lenço atrás continuam sendo favoritas porque unem diversão, convivência e aprendizado.
Essas atividades despertam nas crianças o prazer do movimento e o senso de coletividade — algo cada vez mais necessário em tempos de telas e isolamento.

Preservar para Pertencer

Resgatar essas tradições é resgatar a própria infância do Brasil. Cada roda cantada, cada brincadeira repetida é um gesto de amor à nossa cultura.
Em um mundo cada vez mais digital, incentivar o brincar coletivo é fortalecer os laços humanos e manter viva uma herança de afeto e simplicidade.

Referências Bibliográficas

45 CANTIGAS folclóricas para brincar de roda com as crianças. Lunetas, [S. l.], 2023. Disponível em: https://lunetas.com.br/45-cantigas-folcloricas-para-brincar-de-roda-com-as-criancas/. Acesso em: 29 out. 2025.

APRENDER brincando: o uso de cirandas e cantigas de roda para educar crianças e resgatar a cultura popular. Global Fund for Children, [S. l.], 2020. Disponível em: https://globalfundforchildren.org/story/aprender-brincando-o-uso-de-cirandas-e-cantigas-de-roda-para-educar-criancas-e-resgatar-a-cultura-popular/. Acesso em: 29 out. 2025.

AS CANTIGAS de roda e o desenvolvimento infantil. Blog Girassol Brasil, [S. l.], 2021. Disponível em: https://blog.girassolbrasil.com.br/cantigas-de-roda-e-o-desenvolvimento-infantil/. Acesso em: 29 out. 2025.

BRINCADEIRAS de roda: tradição, diversão e aprendizado para as crianças. Portal Conteúdo Aberto, [S. l.], 2023. Disponível em: https://portalconteudoaberto.com.br/educador/brincadeiras-de-roda/. Acesso em: 29 out. 2025.

BRINCADEIRAS e Cantigas de Roda. The Brasilians, [S. l.], [s.d.]. Disponível em: https://www.thebrasilians.com/portugues-do-brasil-brincadeiras-e-cantigas-de-roda/?lang=pb. Acesso em: 29 out. 2025.

PLANO de aula: Brincando com cantigas de rodas conhecidas. Nova Escola, [S. l.], [s.d.]. Disponível em: https://novaescola.org.br/planos-de-aula/educacao-infantil/creche/criancas-bem-pequenas/brincando-com-cantigas-de-rodas-conhecidas/4153. Acesso em: 29 out. 2025.

SILVA, C. R.; SOUZA, M. A. Cantigas de roda e brincadeiras cantadas: o lúdico e sua contribuição para a educação infantil. ResearchGate, [S. l.], 2019. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/331237874_Cantigas_de_roda_e_brincadeiras_cantadas_o_ludico_e_sua_contribuicao_para_educacao_infantil. Acesso em: 29 out. 2025.

A Arquitetura Grega: Estilo Dórico

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A ordem dórica é a mais antiga e, em muitos sentidos, a mais austera das ordens clássicas gregas. Desenvolvida no continente grego e no Peloponeso a partir do período arcaico, consolidou-se como a linguagem arquitetônica de templos monumentais que exprimiam solidez, medida e clareza estrutural. Ao longo dos séculos VI–V a.C., o dórico evoluiu de proporções mais pesadas para soluções mais esbeltas e refinadas, alcançando um ápice técnico e estético em obras como o Parthenon (BEARD, 2002; NEILS, 2005).

Contexto histórico e cultural

O dórico nasce em ambientes dorianos (Peloponeso, Grécia continental) e se expande para as colônias da Magna Grécia (Sicília e sul da Itália), onde ganha versões particularmente massivas (LAWRENCE, 1996).
Em contraste com a ordem jônica, mais delgada e ornamentada, o dórico foi historicamente associado a ideais de sobriedade, disciplina cívica e masculinidade arquitetônica, refletindo valores das pólis que o adotaram (VITRUVIUS, s.d.).

Características formais

Coluna sem base: diferentemente do jônico e do coríntio, a coluna dórica pousa diretamente sobre o estilóbata. O fuste é canelado (geralmente 20 caneluras) e apresenta leve entasis (suave abaulamento) para correção ótica e expressividade estrutural.
Capitel: composto por um equino convexo e um ábaco quadrado, de desenho sintético e proporções contidas.
Entablamento: a arquitrave é lisa; o friso alterna tríglifos e métopas com relevos figurativos; acima, a cornija projeta-se com mútulas e gútulas, reforçando o ritmo tectônico (DINSMOOR, 1973).
Frontão: tímpano triangular frequentemente decorado com escultura, coroado por cimácios e elementos de beiral.
Proporção e ritmo: as primeiras colunas dóricas tendem a ser mais robustas; ao longo do século V a.C., o módulo afina, sem perder legibilidade estrutural.

Técnica construtiva e refinamentos óticos

Materiais: calcário e mármore em blocos aparelhados; colunas montadas por tambores unidos por chavetas metálicas.
Ajustes óticos: obras-primas como o Parthenon introduzem curvaturas sutis no estilóbata e inclinações de colunas para corrigir ilusões visuais à distância (COULTON, 1977).
Problema do canto: o alinhamento entre tríglifos e eixos de colunas levou à “contração de canto”, uma solução engenhosa típica do dórico.

Tipologias e espaço

Planta: pronaos, naos (cella) e opistódomos organizam o programa religioso, com circulação entre colunas perimetrais.
Disposição: templos hexástilos (6 colunas) são comuns; casos octástilos (8 colunas) indicam prestígio (DINSMOOR, 1973).
Escultura arquitetônica: as métopas e frontões integram narrativa e culto, fazendo do templo um organismo visual e simbólico.

 

Variações regionais e evolução

Magna Grécia: colunas mais espessas e entablamentos altos (Paestum, Selinunte, Agrigento).
Ática e Peloponeso: progressiva esbeltez e precisão ótica.
Época romana: o dórico romano ganha base e proporções padronizadas (SUMMERSON, 1980).

Obras exemplares

  • Templo de Hera I, Paestum (séc. VI a.C.)
  • Templo de Apolo, Corinto (séc. VI a.C.)
  • Templo de Afaia, Égina (transição arcaico–clássico)
  • Templo de Zeus, Olímpia (séc. V a.C.)
  • Parthenon, Atenas (séc. V a.C.)
  • Hephaísteion (Teseion), Atenas (séc. V a.C.)

Legado

A ordem dórica cristalizou uma gramática em que estrutura, proporção e significado convergem.
Seu vocabulário — colunas caneladas sem base, capitel de equino e ábaco, friso de tríglifos e métopas — tornou-se referência duradoura para o classicismo e segue inspirando arquitetos contemporâneos.

Referências Bibliográfica

BEARD, Mary. The Parthenon. London: Profile Books, 2002.

COULTON, J. J. Ancient Greek Architects at Work: Problems of Structure and Design. Ithaca: Cornell University Press, 1977.

DINSMOOR, William Bell. The Architecture of Ancient Greece: An Account of Its Historic Development. New York: W. W. Norton, 1973.

LAWRENCE, A. W. Greek Architecture. Rev. R. A. Tomlinson. London: Penguin Books, 1996.
NEILS, Jenifer (ed.). The Parthenon: From Antiquity to the Present. Cambridge: Cambridge University Press, 2005.

SUMMERSON, John. The Classical Language of Architecture. London: Thames & Hudson, 1980.
VITRUVIUS. De Architectura. Traduções e edições diversas.

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Governo Central registra déficit primário de R$ 14,5 bilhões em setembro

O Governo Central encerrou setembro de 2025 com déficit primário de R$ 14,5 bilhões, segundo dados divulgados pelo Tesouro Nacional nesta quinta-feira (30). O resultado representa um aumento real de 166,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior, já considerando a inflação medida pelo IPCA.

O valor ficou muito acima das projeções do mercado, que esperavam um déficit de cerca de R$ 6 bilhões, conforme o Prisma Fiscal, levantamento do Ministério da Fazenda.

Evolução das Receitas e Despesas

As receitas líquidas do Governo Central cresceram 5,8% em valores nominais no mês, mas, ao descontar a inflação, a alta real foi de apenas 0,6% (R$ 1,1 bilhão).
O destaque positivo veio da arrecadação previdenciária, que registrou elevação de 11,9% em termos reais (R$ 6,2 bilhões), impulsionada pela melhora do mercado de trabalho e pelo aumento do recolhimento do Simples Nacional previdenciário.

Por outro lado, as despesas totais avançaram 11,2% em termos nominais e 5,7% em termos reais (R$ 10,2 bilhões). O salto foi puxado principalmente pelas despesas discricionárias — aquelas de execução não obrigatória — que subiram 100,9% (R$ 10,6 bilhões).
Os maiores gastos concentraram-se em saúde (R$ 4,1 bilhões) e em investimentos públicos (R$ 2,9 bilhões), refletindo maior execução orçamentária no segundo semestre.

O Tesouro Nacional destacou ainda que o comparativo entre setembro de 2024 e setembro de 2025 foi influenciado pela antecipação de R$ 4,5 bilhões em precatórios federais no ano anterior, destinados ao Rio Grande do Sul por motivo de calamidade pública — o que reduziu artificialmente as despesas de 2024.

Acumulado do Ano e Metas Fiscais

De janeiro a setembro de 2025, o déficit primário acumulado soma R$ 100,4 bilhões, valor 9,1% menor que o do mesmo período de 2024, já descontada a inflação (R$ 103,6 bilhões).
Esse resultado decorre do superávit de R$ 185,9 bilhões do Tesouro Nacional e do Banco Central, compensado pelo déficit de R$ 286,3 bilhões da Previdência Social.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e o novo arcabouço fiscal fixam como meta um déficit primário zero em 2025, com margem de tolerância de 0,25% do PIB — o que permite um déficit máximo de até R$ 31 bilhões.

Projeções e Perspectivas

O resultado de setembro acendeu o sinal de alerta quanto ao cumprimento das metas fiscais. O avanço expressivo das despesas discricionárias e a persistência do déficit previdenciário continuam sendo os principais desafios para o equilíbrio das contas públicas.
Embora a arrecadação previdenciária tenha reagido positivamente com o aquecimento do mercado de trabalho, o ritmo de crescimento das despesas ainda supera o das receitas, o que pressiona o resultado fiscal do Governo Central.

Especialistas apontam que, para alcançar a meta fiscal, será necessária uma forte contenção de gastos e avanço nas reformas tributárias e administrativas — temas que permanecem no centro das discussões econômicas de 2025.

Referência Bibliográfica

AGÊNCIA BRASIL. Governo Central tem déficit primário de R$ 14,5 bilhões em setembro. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2025-10/governo-central-tem-deficit-primario-de-r-145-bilhoes-em-setembro. Acesso em: 30 out. 2025.

O Legado de Pedra e Água: O Urbanismo Maia e sua Engenharia Sustentável

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Quando pensamos na civilização maia, é comum visualizarmos suas imponentes pirâmides elevando-se entre a selva tropical e seu sofisticado calendário astronômico. No entanto, por trás dessas façanhas visuais e científicas havia uma base igualmente admirável: um sistema complexo de urbanismo e engenharia que permitiu o florescimento de centenas de cidades-estado em meio a um ambiente desafiador.

Longe de construções aleatórias, os assentamentos maias representavam expressões de adaptação ecológica, planejamento social e inovação técnica — verdadeiras obras de harmonia entre homem e natureza.

Adaptação à Paisagem: Cidades Orgânicas e Regionais

O urbanismo maia se destacava pela integração com o terreno e pela diversidade regional. Diferente do traçado rígido e geométrico de civilizações como Roma ou Teotihuacan, as cidades maias surgiam em conformidade com a topografia e os recursos locais.

  • No norte da península de Yucatán, onde o solo é árido e o calcário aflora, cidades como Chichén Itzá e Uxmal desenvolveram engenhosos sistemas de captação e armazenamento de água em chultunes e cenotes.
  • Nas terras baixas do sul, em centros como Tikal e Palenque, o relevo acidentado e a abundância de chuvas inspiraram a criação de reservatórios e canais subterrâneos para o controle sazonal do fluxo hídrico.

O núcleo cerimonial — localizado em áreas elevadas — reunia praças, templos e palácios interligados por sacbeob (plural de sacbé, “caminho branco”), calçadas pavimentadas que conectavam bairros e até cidades inteiras. Um dos exemplos mais notáveis é a via de cerca de 100 quilômetros entre Cobá e Yaxuná, uma das maiores obras de engenharia viária do mundo antigo.
Essas rotas funcionavam como eixos sociais, religiosos e econômicos, reforçando a coesão política e cultural entre as cidades maias.

Leitura complementar: O Papel dos Cenotes nas Cidades Maias: Fontes de Água e Locais Sagrados — uma análise detalhada sobre a importância ritual e hídrica desses poços naturais na cosmologia maia.

Engenharia Hídrica e Inovação Tecnológica

A sobrevivência maia dependia de uma gestão precisa da água — um recurso escasso em algumas regiões e abundante em outras. Sua engenharia hidráulica combinava conhecimento empírico e sofisticação prática.

  • Cisternas e reservatórios subterrâneos: Em Tikal, grandes praças revestidas de cal funcionavam como superfícies coletoras que canalizavam a água da chuva para imensos chultunes, capazes de armazenar milhões de litros.
  • Canais e aquedutos subterrâneos: Em Palenque, riachos naturais foram canalizados sob as praças principais para evitar inundações e garantir distribuição equilibrada entre os setores urbanos e agrícolas.
  • Sistemas pressurizados: O famoso “canal de pressão” de Palenque, estudado por engenheiros modernos, revela um conhecimento avançado de hidráulica, possivelmente utilizado para criar fontes ornamentais ou fornecer água corrente a edifícios.

Leitura complementar: Quipus e Chasquis: A Genial Rede de Comunicação do Império Inca — conheça outro exemplo de engenharia e organização logística na América pré-colombiana.

Construção Monumental e Alinhamento Astronômico

Mesmo sem ferramentas metálicas ou animais de tração, os maias ergueram templos e pirâmides com precisão geométrica e orientação astronômica. O Templo de Kukulcán, em Chichén Itzá, é um exemplo notável: sua escadaria foi projetada para interagir com a luz solar durante os equinócios, criando o efeito visual da serpente sagrada descendo os degraus — um espetáculo que unia ciência, fé e arte.

Leitura complementar: Rá, o Deus Sol do Egito Antigo: Mito e Simbolismo — explore como outras civilizações também cultuaram o sol como símbolo de poder e ordem cósmica.

Legado e Inspiração para o Urbanismo Contemporâneo

Mais do que ruínas arqueológicas, as cidades maias representam um modelo ancestral de sustentabilidade. Sua integração entre ambiente natural, infraestrutura e simbolismo social antecipa princípios modernos do urbanismo ecológico:
a captação de águas pluviais, o uso de materiais locais, a adaptação ao relevo e a arquitetura bioclimática.

Os maias provaram que o desenvolvimento urbano pode coexistir com o equilíbrio ecológico. Hoje, diante das crises ambientais globais, esse legado ressurge como uma poderosa lição de que o verdadeiro progresso nasce da harmonia entre natureza, técnica e sociedade.

Referências Bibliográficas

FASH, William L. The Art of Urbanism: The Social Construction of Maya Cities. In: RENFREW, Colin; ZUBROW, Ezra B. W. (Orgs.). The Ancient Mind: Elements of Cognitive Archaeology. Cambridge: Cambridge University Press, 1994. p. 197–214.

FRENCH, Kirk D.; DUFFY, Christopher J.; BHATT, Gautam. The Hydro-Archeology of the Ancient Maya. Journal of Hydrologic Engineering, v. 18, n. 4, p. 434–445, abr. 2013.

LUCERO, Lisa J. Water and Ritual: The Rise and Fall of Classic Maya Rulers. Austin: University of Texas Press, 2006.

SCARBOROUGH, Vernon L. The Flow of Power: Ancient Water Systems and Landscapes. Santa Fe: School of American Research Press, 1993.

SHARER, Robert J.; TRAXLER, Loa P. The Ancient Maya. 6. ed. Stanford: Stanford University Press, 2006.

Reflexão Bíblica - Salmo 94:14

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"Pois o Senhor não rejeitará o seu povo; jamais abandonará a sua herança." (Salmo 94:14, NVI)

Contexto do Salmo

O Salmo 94 é um lamento nacional ou comunitário, onde o salmista clama a Deus por justiça diante da opressão e da iniquidade. O salmo começa com um pedido urgente para que Deus, o "Deus da vingança", se manifeste contra os ímpios que afligem o seu povo. Ele descreve a arrogância dos opressores que zombam da fé, agindo como se Deus não visse ou não se importasse com suas ações cruéis contra os aflitos, as viúvas e os órfãos.

A estrutura do Salmo 94 pode ser dividida em algumas partes:

  1. Apelo à Justiça Divina (v. 1-7): Um clamor por intervenção divina contra a maldade.
  2. Repreensão aos Ímpios e Afirmação da Onisciência de Deus (v. 8-11): O salmista lembra aos opressores que Deus é o Criador e conhece todos os pensamentos e atos.
  3. Bênção dos Disciplinados e Confiança na Justiça (v. 12-15): Uma transição para a confiança na bondade e fidelidade de Deus, mesmo em meio à disciplina.
  4. Súplica por Socorro e Testemunho da Proteção Divina (v. 16-19): O salmista expressa sua dependência de Deus como seu auxílio e consolo.
  5. Certeza da Punição dos Ímpios (v. 20-23): A reafirmação da justiça divina que alcançará os perversos.

Dentro desse contexto de opressão e súplica por justiça, o versículo 14 surge como um pilar de esperança e uma declaração inabalável da fidelidade de Deus para com o seu povo. É uma resposta à dúvida implícita ou explícita sobre se Deus realmente se importa ou agirá.

Análise do Versículo

O Salmo 94:14 declara uma das verdades mais reconfortantes da fé bíblica: "Pois o Senhor não rejeitará o seu povo; jamais abandonará a sua herança."

  1. O significado de "Deus não abandonará seu povo":
    • A palavra hebraica para "rejeitar" (נָטַשׁ - natash) implica largar, abandonar, deixar de lado, ou renunciar. O versículo afirma que Deus jamais fará isso com o seu povo. Isso contrasta diretamente com a experiência humana de abandono e desilusão.
    • "Seu povo" refere-se àqueles que foram escolhidos e estabeleceram uma aliança com Ele. No contexto do Antigo Testamento, era Israel, mas no Novo Testamento, essa promessa se estende a todos os crentes em Cristo, que são o "povo de Deus" por meio da fé.
    • Este trecho assegura que, não importa quão profunda seja a crise, ou quão intensa a perseguição, a relação de Deus com os seus eleitos não será rompida por Ele.
  2. A promessa de fidelidade divina:
    • A segunda parte da frase, "jamais abandonará a sua herança," reforça a primeira. A palavra hebraica para "abandonará" (עָזַב - 'azav) significa deixar, desamparar, soltar. É uma negação enfática de qualquer possibilidade de Deus negligenciar ou esquecer aqueles que são d'Ele.
    • "Sua herança" é outro termo para o povo de Deus, enfatizando que eles pertencem a Ele de forma especial e preciosa, como uma propriedade ou um legado valoroso. Deus não abandona aquilo que Ele valoriza e escolheu para si.
    • Essa promessa sublinha a imutável fidelidade de Deus. Ele não muda de ideia; Suas promessas são "sim" e "amém". Sua lealdade é um atributo intrínseco do Seu caráter.
  3. A segurança espiritual oferecida:
    • A certeza de que Deus não rejeita nem abandona seu povo proporciona uma profunda segurança espiritual. Em um mundo de incertezas, perdas e traições, saber que o Criador do universo sustenta Seus filhos é um fundamento inabalável.
    • Essa segurança não significa ausência de dificuldades ou sofrimentos, como o próprio Salmo 94 demonstra. Pelo contrário, é a garantia de que, mesmo nas dificuldades, Deus está presente, sustentando, consolando e, por fim, vindicando.
    • É a base para a confiança e a esperança em meio às provas, permitindo que os crentes enfrentem o futuro com serenidade, sabendo que sua identidade e seu destino estão seguros nas mãos de Deus.

Reflexão Teológica

  1. A natureza da fidelidade de Deus: A fidelidade (ou lealdade) de Deus é um de Seus atributos mais gloriosos. Ela não é condicionada pelas nossas falhas, fraquezas ou inconstâncias. Deus é fiel porque Ele é Deus. Ele é verdadeiro para com Sua própria natureza e para com Suas promessas. Ele permanece fiel mesmo quando nós somos infiéis (2 Timóteo 2:13). Sua fidelidade é a rocha sobre a qual toda a esperança cristã é construída. Ela se manifesta em Sua paciência, Sua provisão e, fundamentalmente, em Sua aliança e salvação através de Jesus Cristo.
  2. A confiança que podemos ter em Deus: O Salmo 94:14 nos convida a depositar toda a nossa confiança em Deus. Não somos abandonados à nossa própria sorte em um mundo caótico. Temos um Pai celestial que não nos deixa. Essa confiança nos liberta do medo paralisante, da ansiedade e do desespero. Permite-nos descansar na soberania de Deus, sabendo que Seus planos são bons e que Ele opera todas as coisas para o bem daqueles que O amam e são chamados segundo o Seu propósito (Romanos 8:28).
  3. Como essa promessa se aplica aos crentes modernos: Para os crentes modernos, essa promessa ecoa as palavras de Jesus: "Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos" (Mateus 28:20) e "Não te deixarei, nem te desampararei" (Hebreus 13:5, citando Deuteronômio 31:6).
    • Em tempos de crise pessoal (doença, perda, desemprego), esta verdade é um bálsamo.
    • Diante de desafios globais ou da instabilidade política, ela nos lembra que Deus continua reinando soberano.
    • Quando nos sentimos inadequados, fracos ou pecadores, a promessa de que Deus não nos rejeita nos encoraja a buscar Sua graça e perdão.
    • Ela sustenta a nossa esperança na vida eterna e na certeza da ressurreição, pois se Ele não nos abandona nesta vida, muito menos o fará na transição para a eternidade.

Aplicação Prática

  1. Busque Refúgio em Deus na Dificuldade: Quando a vida apresentar desafios esmagadores, lembre-se ativamente de que Deus não o rejeitará. Em vez de se entregar ao desespero, volte-se para Ele em oração, depositando suas ansiedades e medos aos Seus pés.
  2. Aprofunde seu Conhecimento da Palavra: Estude as Escrituras para encontrar mais evidências da fidelidade de Deus. Quanto mais você conhece Seu caráter e Suas promessas, mais forte será sua fé e confiança.
  3. Compartilhe sua Esperança: Viva de uma maneira que reflita a segurança que você tem em Deus. Seja uma fonte de encorajamento para outros que estão passando por provações, lembrando-os da fidelidade inabalável do Senhor.
  4. Permita que a Paz de Deus Governe seu Coração: Consciente de que Deus está com você e não o abandonará, cultive um coração grato e uma mente pacífica, mesmo em meio à adversidade. A presença dEle é a sua paz.
  5. Persevere na Fé e no Serviço: A promessa de que Deus não nos abandonará nos dá a força para perseverar na nossa fé e no serviço a Ele, sabendo que nosso trabalho no Senhor não é vão e que Ele nos capacitará e sustentará até o fim.

Conclusão

O Salmo 94:14 é uma âncora para a alma. Em um mundo onde a rejeição e o abandono são experiências dolorosas e frequentes, a voz de Deus ecoa com uma promessa inquebrantável: "Pois o Senhor não rejeitará o seu povo; jamais abandonará a sua herança." Esta verdade nos lembra da fidelidade eterna de um Deus que não apenas nos criou, mas nos ama com um amor que nunca falha. Que esta promessa fortaleça nossa fé, acalme nossos medos e nos inspire a viver com uma confiança inabalável em Aquele que é, e sempre será, o nosso refúgio e fortaleza.

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Câmara Aprova Atualização de Bens no Imposto de Renda e Regularização Patrimonial

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (29) o Projeto de Lei nº 458/2021, que autoriza a atualização do valor de veículos e imóveis declarados no Imposto de Renda, além de criar um programa de regularização de bens lícitos não declarados. O texto, originário do Senado, retorna àquela Casa para nova análise após modificações feitas pelos deputados.

A proposta busca corrigir distorções fiscais históricas, ampliar a arrecadação e oferecer uma alternativa de conformidade tributária voluntária para pessoas físicas e jurídicas.

Atualização de Bens no Imposto de Renda

O projeto permite que contribuintes atualizem o valor de seus bens — como imóveis e veículos — para o valor de mercado com base nas declarações de 2024.

Para pessoas físicas, o imposto será de 4% sobre a diferença apurada, substituindo a alíquota tradicional de 15% a 22,5% sobre o ganho de capital.
Já as pessoas jurídicas pagarão 4,8% de IRPJ e 3,2% de CSLL sobre o valor ajustado.

O relator, deputado Juscelino Filho (União-MA), afirmou que a medida “corrige a distorção provocada pela desconsideração da inflação, que leva à tributação de um ganho fictício e não de um lucro real”.

Segundo o parlamentar, o mecanismo estimula a adesão voluntária e contribui para uma arrecadação imediata sem aumento direto de alíquotas.

Regras para Venda e Regularização Patrimonial

Os contribuintes que aderirem à atualização deverão manter os bens por um período mínimo:

  • Imóveis: cinco anos;
  • Veículos: dois anos.

A venda antecipada exigirá o recolhimento do IR sobre o ganho de capital, descontando o imposto já pago na atualização.

O projeto também autoriza a regularização de bens de origem lícita não declarados ou declarados incorretamente. Nesse caso, haverá cobrança de:

  • 15% de Imposto de Renda;
  • 15% de multa, totalizando 30% do valor regularizado, com parcelamento em até 24 vezes corrigidas pela Selic.

Essa regularização dispensa multas de mora e exclui a possibilidade de ação penal tributária por omissão declaratória.

Incorporação de Trechos da MP 1303/25

O texto aprovado incorporou dispositivos da Medida Provisória nº 1303/2025, que tratava da compensação tributária por empresas.
O objetivo é restringir o uso abusivo de créditos fiscais e evitar fraudes, especialmente envolvendo PIS/Cofins.

Segundo a Agência Câmara, o impacto estimado das medidas é de R$ 10 bilhões em prejuízos fiscais evitados por ano, ao limitar compensações indevidas e reforçar o controle sobre créditos tributários.

Debate no Plenário e Impacto Fiscal

A votação dividiu opiniões.
Deputados da oposição classificaram a medida como uma “carona legislativa” usada pelo governo para reativar trechos da MP rejeitada, o que, segundo críticos, aumentaria indiretamente a carga fiscal e afetaria verbas de áreas sensíveis, como a educação.

Já os defensores argumentaram que o projeto reforça o compromisso com o equilíbrio fiscal e aumenta a previsibilidade das receitas públicas.
A expectativa do governo é que o programa gere até R$ 25 bilhões em arrecadação adicional, com estímulo à formalização patrimonial e atualização de ativos.

O texto segue agora para nova votação no Senado Federal, onde deve ser analisado antes de sua sanção presidencial.

Análise e Contexto

A atualização de bens representa um avanço em termos de justiça tributária e simplificação fiscal, permitindo ao contribuinte corrigir distorções históricas sem penalidades excessivas.
Por outro lado, o mecanismo de regularização deve ser acompanhado de transparência e controle, para evitar que se torne uma nova anistia a patrimônios não declarados.

Especialistas apontam que, se bem regulamentado, o PL 458/21 poderá ampliar a base de arrecadação e reduzir litígios tributários, especialmente em tempos de ajustes fiscais e desafios orçamentários para 2026.

Referências Bibliográficas

CÂMARA DOS DEPUTADOS (Brasil). Projeto de Lei nº 458/2021. Disponível em: https://www2.camara.gov.br/legin/fed/lei/2024/lei-14973-16-setembro-2024-796242-norma-pl.html. Acesso em: 29 out. 2025.

AGÊNCIA CÂMARA DE NOTÍCIAS. Câmara aprova projeto que permite atualização do valor de bens no Imposto de Renda. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/1209479-MP-SOBRE-TRIBUTACAO-DE-INVESTIMENTOS-E-RETIRADA-DE-PAUTA-E-PERDE-A-VALIDADE. Acesso em: 29 out. 2025.

Mercado Imobiliário Brasileiro em 2025: Inovação, Sustentabilidade e Novas Oportunidades

O setor imobiliário brasileiro vive em 2025 um momento de transformação intensa, marcado pela integração de novas tecnologias, pelo destaque à sustentabilidade, por mudanças regulatórias e pelas novas dinâmicas de consumo. Essas movimentações têm moldado oportunidades e desafios tanto para investidores e compradores quanto para incorporadoras e construtoras.[1][2][3][4][5]

Tendências e Novidades

Nos últimos anos, o mercado passou por uma forte aceleração da digitalização. O uso de inteligência artificial em processos de compra e venda, a automação de contratos e a integração de sistemas e portais de fornecedores tornaram-se práticas comuns, reduzindo custos e aumentando a eficiência do setor.
Ferramentas de Business Intelligence (BI) e analytics tornaram-se essenciais para decisões estratégicas, enquanto a experiência do consumidor se sofisticou com tours virtuais, atendimento automatizado e negociações totalmente online.[2][5]

Outro destaque é a sustentabilidade. Empreendimentos verdes deixaram de ser um diferencial e passaram a ser uma exigência do consumidor moderno, impulsionando a procura por imóveis energeticamente eficientes, com certificações ambientais e soluções que minimizam o impacto ecológico.
O interesse por smart homes, automação residencial e sistemas de segurança inteligentes cresceu rapidamente, tornando-se peça central nos novos projetos residenciais e comerciais.[3][6][5][1]

A reforma tributária de 2024 também trouxe mudanças significativas, exigindo ajustes fiscais por parte de incorporadoras, locadores e investidores. Em paralelo, a combinação de juros mais baixos e oferta limitada de imóveis novos resultou em valorização imobiliária acima da inflação, especialmente nas grandes metrópoles — um cenário favorável para investidores que buscam segurança e rentabilidade de longo prazo.[6][4][1]

Outro fator relevante é o impacto do trabalho remoto e dos modelos híbridos. Esses novos padrões de vida e trabalho impulsionaram a valorização de imóveis multifuncionais, projetados para atender tanto à moradia quanto ao home office.
Bairros de uso misto — que integram moradia, lazer e trabalho — estão em alta, refletindo o desejo por uma vida mais prática e equilibrada. As construtoras que investem em inovação, tecnologia e sustentabilidade vêm se destacando na preferência dos consumidores mais exigentes e conscientes.[5][3][6]

Conclusão

Essas tendências apontam para um mercado imobiliário cada vez mais tecnológico, sustentável e competitivo. A inovação digital e a consciência ambiental não são mais diferenciais, mas condições essenciais para prosperar em um setor em plena reconfiguração.
O futuro do mercado imobiliário brasileiro dependerá da capacidade das empresas e profissionais em adaptar-se rapidamente a esse novo ecossistema, que une eficiência, responsabilidade e experiência do cliente em um mesmo horizonte de crescimento.[4][1][2][3][5]

Referências

  1. LAGE; PORTILHO JARDIM. Tendências e temas “quentes” do mercado imobiliário para 2025. Disponível em: https://lageportilhojardim.com.br/blog/tendencias-mercado-imobiliario-2025/. Acesso em: 27 out. 2025.
  2. NR ADVOCACIA. 7 Tendências em Alta no Mercado Imobiliário em 2025. Disponível em: https://nradvocacia.com.br/tendencias-em-alta-mercado-imobiliario-em-2025/. Acesso em: 27 out. 2025.
  3. WIT. Tendências do Mercado Imobiliário para 2025. Disponível em: https://www.wit.com.br/tendencias-do-mercado-imobiliario-para-2025/. Acesso em: 27 out. 2025.
  4. GAIA GROUP. Mercado Imobiliário 2025: As 5 Tendências que Estão Redefinindo o Setor. Disponível em: https://gaiagroup.com.br/mercado-imobiliario-brasileiro-2025-tendencias-consorcio/. Acesso em: 27 out. 2025.
  5. ITEMIZE. Tendências do mercado imobiliário em 2025. Disponível em: https://www.itemize.com.br/blog/conteudo-1/tendencias-do-mercado-imobiliario-em-2025-46. Acesso em: 27 out. 2025.
  6. LAVVI. 5 Tendências para o Mercado Imobiliário em 2025. Disponível em: https://www.lavvi.com.br/blog/5-tendencias-para-o-mercado-imobiliario-em-2025. Acesso em: 27 out. 2025.

A Medicina Andina: Saberes Ancestrais e Harmonia com a Natureza

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A medicina andina fundamenta-se no vínculo ancestral entre saúde, natureza e saberes tradicionais, constituindo um sistema holístico que integra práticas fitoterápicas, ritos espirituais, intervenções cirúrgicas rudimentares e estratégias alimentares adaptadas às condições extremas das regiões montanhosas dos Andes. Mais do que um conjunto de técnicas, ela representa uma filosofia de vida baseada no equilíbrio entre corpo, espírito e ambiente.

Plantas Medicinais Andinas

A fitoterapia ocupa papel central na medicina andina, sendo as plantas nativas utilizadas tanto como alternativa quanto como complemento aos tratamentos convencionais. Entre as espécies mais emblemáticas destacam-se:

  • Coca (Erythroxylum coca), utilizada como estimulante, analgésico e aliada no combate aos efeitos da altitude;
  • Maca (Lepidium meyenii), reconhecida por aumentar a vitalidade e o equilíbrio hormonal;
  • Camu camu (Myrciaria dubia), fonte de vitamina C;
  • Kiwicha (amaranto) e quinoa, de alto valor proteico;
  • Boldo e calêndula, aplicados no tratamento de distúrbios digestivos e inflamatórios.

Pesquisas fitoquímicas revelam que alcaloides, flavonoides, óleos essenciais e saponinas estão presentes nessas plantas, justificando sua eficácia no tratamento de enfermidades respiratórias, gastrointestinais e inflamatórias. A combinação entre tradição empírica e conhecimento científico contemporâneo mostra o valor da medicina natural andina.

Técnica de Trepanação: A Cirurgia Ancestral

Entre as práticas médicas mais impressionantes das civilizações andinas está a trepanação, cirurgia que consistia na perfuração do crânio para aliviar pressões intracranianas e dores severas.
Vestígios arqueológicos revelam que muitos pacientes sobreviveram ao procedimento, o que demonstra domínio anatômico e uso de anestésicos vegetais como a coca. Essa técnica comprova o avanço do conhecimento médico na antiguidade americana, séculos antes da medicina moderna.

Dieta Tradicional Andina

A dieta andina é adaptada às altitudes e ao clima rigoroso da região. Alimentos como chuño (batata desidratada), quinoa, milho-roxo, oca, batata-doce e folhas silvestres (como atacco, lliccha e culis) garantem equilíbrio nutricional e resistência física.
O consumo cotidiano da folha de coca, em infusões ou mascada, auxilia o metabolismo energético e a oxigenação do sangue, sendo essencial para quem vive acima de 3.000 metros de altitude.

Práticas de Conservação dos Alimentos

As civilizações andinas desenvolveram métodos engenhosos de preservação alimentar, como:

  • Liofilização natural (chuño), que usa o frio noturno e o sol diurno para desidratar tubérculos;
  • Fermentação e desidratação de grãos;
  • Armazenamento em vasilhas de barro e pedra, que controlam temperatura e umidade.

Essas práticas garantiram segurança alimentar e sustentabilidade, permitindo o aproveitamento dos recursos locais de forma eficiente. Hoje, são vistas como modelos de conservação ecológica e cultural.

Conclusão

A medicina andina revela a sabedoria de um povo que aprendeu a viver em harmonia com os Andes. Seu legado combina botânica, nutrição e espiritualidade em um sistema integrado de saúde. Resgatar esses saberes é reconhecer que o conhecimento tradicional continua oferecendo respostas atuais para os desafios da vida moderna e da sustentabilidade planetária.

Referências Bibliográficas

ARGENTA, S. C. et al. Plantas medicinais: cultura popular versus ciência. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba – UFPB, 2019.

BORGES, J. T. Características físico-químicas, nutricionais e formas de apresentação da quinoa. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2018.

EMBRAPA. Agricultura de montanha. Brasília: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 2020. Disponível em: https://www.embrapa.br. Acesso em: 27 out. 2025.

EMBRAPA. Alimentos, conhecimentos e histórias do Brasil. Brasília: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 2021. Disponível em: https://www.embrapa.br. Acesso em: 27 out. 2025.

LEITE, M. J. H. et al. Levantamento das plantas medicinais utilizadas pela população de São José dos Cordeiros – PB. Patos: Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, 2019.

MENDEZ, A. V. B. A dieta diária das civilizações Incas. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, 2017.

PEDROSO, R. S. et al. Plantas medicinais: uma abordagem sobre o uso seguro e eficácia. Physis – Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 31, n. 2, p. 1-15, 2021.

SALKANTAYTRILHA.COM. Superalimentos peruanos: energia natural para trekking e hiking. Cusco, 2022. Disponível em: https://www.salkantaytrilha.com. Acesso em: 27 out. 2025.

UGAS, R. 40 verduras andinas. Lima: Universidad Nacional Agraria La Molina – UNALM, 2016.

VEIGA JUNIOR, V. F. Plantas medicinais: cura segura? Química Nova, São Paulo, v. 28, n. 3, p. 519-528, 2005.

O Significado Profundo de Roraima: A Mãe dos Ventos

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O nome Roraima, que batiza o estado mais setentrional do Brasil, é de origem indígena, especificamente da língua pemon, falada por povos que habitam a região da tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana. A etimologia do nome está diretamente ligada à imponente formação rochosa que domina a paisagem local: o Monte Roraima.

A palavra “Roraima” é composta por dois termos do dialeto pemon: roroi (verde-azulado) e ma (grande ou mãe). Assim, uma das traduções mais aceitas e poéticas para Roraima é “Monte Verde-Azulado” ou “Grande Monte Verde-Azulado”, uma clara alusão à aparência majestosa da montanha, que frequentemente se encontra coberta por nuvens e apresenta tonalidades que variam entre o verde da vegetação e o azul do céu e da distância.

Outra interpretação, igualmente difundida, atribui ao nome o significado de “Mãe dos Ventos”. Essa versão simbólica deriva da observação de que os ventos úmidos que sopram do Oceano Atlântico, ao encontrarem a colossal barreira do Monte Roraima, são forçados a subir, condensando-se e formando as nuvens e chuvas que alimentam as nascentes de importantes rios da região, como o Amazonas, o Orinoco e o Essequibo. A montanha, portanto, atuaria como uma “mãe” que gera e distribui os ventos e as águas, desempenhando papel essencial no equilíbrio ecológico da região.

Independentemente da tradução exata, o nome Roraima carrega a força da natureza, a grandiosidade da paisagem e a profunda conexão com as culturas indígenas que há séculos habitam e reverenciam essa terra.

Referências

BARBOSA, A. Lemos. Dicionário Tupi (antigo): a língua do Brasil dos primeiros séculos. Rio de Janeiro: MEC/INL, 1951.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Geografia do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2023.

INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL (ISA). Povos Indígenas no Brasil: 2011-2021. São Paulo: ISA, 2021.

terça-feira, 28 de outubro de 2025

Tonga: A Última Monarquia Viva da Polinésia

Imagine um pequeno arquipélago no coração do Pacífico Sul, com praias de areia branca, vulcões adormecidos e um povo que ainda reverencia seu rei. Este é Tonga, o último reino soberano da Polinésia — um lugar onde a realeza, a fé e a tradição convivem com o mundo moderno em harmonia surpreendente.

Um Reino com Alma Democrática

Diferente de outras monarquias antigas, Tonga encontrou uma forma própria de equilibrar tradição e democracia. Desde 1875, o país possui uma Constituição escrita — uma das mais antigas do Pacífico.
Hoje, o rei Tupou VI é o chefe de Estado, mas governa respeitando o Parlamento e a vontade do povo. Ele ainda pode vetar leis e comanda as forças armadas, mas a liderança política do dia a dia cabe ao Primeiro-Ministro, eleito entre os representantes do Parlamento. Essa abertura começou em 2010, com uma reforma democrática que deu mais poder à população.

Um Parlamento de Nobres e Cidadãos

O Parlamento de Tonga, chamado Fale Alea, é um verdadeiro retrato da convivência entre o passado e o presente. São 26 assentos: 17 pertencem a representantes eleitos pelo povo e 9 a nobres hereditários.
Esse arranjo curioso faz de Tonga um dos poucos países onde a nobreza ainda participa formalmente da política, sem que isso signifique afastar o povo das decisões. É uma democracia com sabor de realeza.

Fé e Identidade Nacional

A religião ocupa um papel central na vida tonganesa. O cristianismo é a base da identidade nacional — e a Igreja Metodista Livre de Tonga é a igreja oficial do Estado. A própria família real é profundamente ligada à fé, e o domingo, por exemplo, é um dia sagrado: tudo fecha, do comércio aos transportes, para que o país descanse e celebre a espiritualidade.
Essa devoção está presente em todos os aspectos da vida, das leis às canções populares, unindo a comunidade em valores de respeito, humildade e amor ao próximo.

Cultura, Hospitalidade e Natureza Viva

Os tonganeses têm um termo para o respeito: faka’apa’apa — e ele está no centro da vida em sociedade.
Nas festas, a dança lakalaka encanta pela harmonia dos movimentos e pela força das vozes, enquanto a confecção do tapa (tecido feito com casca de árvore) revela uma arte ancestral passada de geração em geração.
A capital, Nuku’alofa, pulsa entre o tradicional e o moderno, com mercados de rua, igrejas, e o palácio real à beira-mar. Apesar dos desafios naturais — Tonga está sobre o Anel de Fogo do Pacífico, sujeito a vulcões e ciclones —, o país mantém sua serenidade e orgulho cultural.

Economia e o Mundo Fora da Ilha

A base da economia está na agricultura (com produtos como abóbora, baunilha e inhame), na pesca, e nas remessas de tonganeses que vivem em países como Nova Zelândia, Austrália e Estados Unidos.
O turismo também ganha força, impulsionado pela curiosidade de quem busca conhecer um reino que parece ter parado no tempo — e ao mesmo tempo segue avançando, com educação crescente e políticas sustentáveis.

Conclusão: Onde o Tempo Dança Devagar

Tonga é um lembrete de que tradição e modernidade não precisam se anular. Lá, o rei e o povo dividem o mesmo espaço nas ruas, nas igrejas e nas danças. É um país pequeno em território, mas gigante em identidade cultural, preservando sua herança real em pleno século XXI.


Referências Bibliográficas

KINGDOM OF TONGA. The Constitution of Tonga. Nuku’alofa: Government of Tonga, 2024.

LAL, Brij V.; FORTUNE, Kate (org.). The Pacific Islands: An Encyclopedia. Honolulu: University of Hawai’i Press, 2000.

NEW ZEALAND MINISTRY OF FOREIGN AFFAIRS AND TRADE. Tonga country brief. Wellington: MFAT, 2023.

SPYRIDON, Nina. Tongan Political Reform: History and Change in the South Pacific Monarchy. Canberra: ANU Press, 2017.

UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAMME (UNDP). Tonga Human Development Report 2023. Suva: UNDP Pacific Office, 2023.

Novidades e Tendências do Mercado de Veículos em 2025

Um Ano de Transformações na Indústria Automotiva Brasileira

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O mercado automotivo brasileiro em 2025 atravessa um dos períodos mais dinâmicos de sua história recente. A combinação entre avanços tecnológicos, novas exigências ambientais e mudanças no perfil do consumidor está moldando um setor cada vez mais conectado, elétrico e sustentável. As montadoras, pressionadas por metas de descarbonização e pela busca por eficiência energética, apostam em inovação para conquistar um público mais consciente e digitalizado.

Veículos Elétricos: Da Promessa à Consolidação

Os veículos elétricos (VEs) finalmente consolidam sua presença no Brasil. Com autonomia cada vez maior, baterias mais eficientes e uma rede de recarga em expansão, a eletrificação deixa de ser uma tendência para se tornar realidade. Governos estaduais e municipais investem em incentivos fiscais e infraestrutura, enquanto marcas tradicionais e startups disputam espaço em um mercado que cresce a dois dígitos ao ano.

Além do impacto ambiental positivo, o carro elétrico se torna símbolo de mobilidade sustentável, combinando desempenho, silêncio e redução drástica de emissões.

Carros Conectados e Inteligentes: A Era dos “Smartcars”

A conectividade redefine a experiência de dirigir. Os carros conectados de 2025 integram assistentes virtuais, inteligência artificial e sistemas de segurança preditivos que comunicam o veículo com o ambiente ao redor. Essa nova geração de automóveis é capaz de receber atualizações remotas, diagnosticar falhas em tempo real e até sugerir rotas mais seguras e econômicas.

O conceito de “smartcar” coloca o motorista no centro de uma experiência digital completa — onde o automóvel não é apenas meio de transporte, mas uma extensão do ecossistema tecnológico pessoal.

Automação e Segurança: O Avanço dos Sistemas Semiautônomos

Outra tendência marcante é a automação veicular. Modelos lançados em 2025 trazem recursos de direção assistida, estacionamento automático e sensores de prevenção de colisões com precisão impressionante. Esses sistemas não apenas aumentam o conforto, mas também reduzem acidentes e otimizam o trânsito nas grandes cidades.

Embora a condução 100% autônoma ainda enfrente barreiras legais e éticas, o avanço da automação semiautônoma já antecipa uma nova era na relação entre homem e máquina.

Sustentabilidade e Produção Verde

Sustentabilidade tornou-se uma exigência, não apenas uma opção. As montadoras estão adotando matérias-primas recicláveis, processos de fabricação com menor impacto ambiental e cadeias de suprimentos mais limpas. O foco em eficiência energética abrange desde a concepção dos motores até o reaproveitamento de componentes, reforçando o compromisso do setor com um futuro de baixa emissão de carbono.

Desafios e Perspectivas Econômicas

Mesmo diante do otimismo tecnológico, o setor enfrenta desafios. A escassez de microcomponentes, os altos custos de produção e as taxas de juros elevadas ainda limitam o poder de compra dos consumidores e impactam a expansão de novos projetos. Ainda assim, cerca de 90 lançamentos estão previstos para 2025, sinalizando a confiança das montadoras na retomada e diversificação do mercado.

O ano promete consolidar o Brasil como um dos polos emergentes de inovação automotiva na América Latina, com ênfase em sustentabilidade, conectividade e automação.

Conclusão

O cenário automotivo de 2025 é um retrato da transição global em curso: eletrificação crescente, integração digital e compromisso ambiental. A soma desses fatores redefine o conceito de mobilidade, aproximando o país de um modelo mais inteligente, acessível e ecológico.

A indústria automobilística brasileira, embora ainda enfrente desafios estruturais, caminha com firmeza para se alinhar às práticas internacionais de inovação e sustentabilidade — preparando o terreno para a década da mobilidade elétrica.

Palavras-chave: veículo elétrico; carro conectado; automação veicular; sustentabilidade automotiva; novos lançamentos; inovação automotiva; mobilidade sustentável; eficiência energética.

Referências Bibliográficas (ABNT)

INFOMOTOR. Mercado Automotivo em 2025: perspectivas para esse ano. Infomotor, 29 jan. 2025. Disponível em: https://infocar.com.br/blog/perspectivas-do-mercado-automatico-em-2025/. Acesso em: 26 out. 2025.

TG POLI. Tendências do mercado automotivo 2025: conheça as principais inovações. TG Poli, 31 dez. 2024. Disponível em: https://www.tgpoli.com.br/noticias/tendencias-do-mercado-automotivo-2025-conheca-as-principais-inovacoes/. Acesso em: 26 out. 2025.

IDROOVECAR. Notícias automotivas: as últimas tendências do setor em 2025. Idroovecar, 20 ago. 2025. Disponível em: https://idroovecar.com.br/noticias-automotivas-as-ultimas-tendencias-do-setor-em-2025-8/. Acesso em: 26 out. 2025.

IDROOVECAR. Mercado automotivo: tendências e oportunidades em 2025. Idroovecar, 22 out. 2025. Disponível em: https://idroovecar.com.br/mercado-automotivo-tendencias-e-oportunidades-em-2025-24/. Acesso em: 26 out. 2025.

USE BARATÃO. Setor automotivo: 90 lançamentos previstos ainda em 2025. Use Baratão, 9 set. 2025. Disponível em: https://usebaratao.com.br/setor-automotivo-90-lancamentos-previstos-ainda-em-2025/. Acesso em: 26 out. 2025.

A Criação do Mundo na Mitologia Asteca: A Lenda dos Cinco Sóis

A mitologia asteca, ou mexica, apresenta uma das visões cosmogônicas mais complexas da Mesoamérica. Diferentemente da noção linear de criação, os mexicas concebiam o universo como um ciclo contínuo de nascimento, destruição e renovação — uma eterna luta entre forças complementares. Essa narrativa mítica, registrada em códices e tradições orais, ficou conhecida como Lenda dos Cinco Sóis, um relato em que os deuses criam e reconstroem mundos sucessivos para sustentar o equilíbrio do cosmos.

O Princípio: Ometeotl e a Gênese Divina

No início de tudo, existia apenas o vazio e o deus primordial dual Ometeotl, ser andrógino composto por Ometecuhtli (aspecto masculino) e Omecihuatl (aspecto feminino). Morando no mais alto dos treze céus, Omeyocan, Ometeotl gerou quatro filhos — os Tezcatlipocas, cada um ligado a uma cor e direção cardinal:

  • Xipe Totec (Tezcatlipoca Vermelho) – Leste.
  • Huitzilopochtli (Tezcatlipoca Azul) – Sul.
  • Quetzalcóatl (Tezcatlipoca Branco) – Oeste.
  • Tezcatlipoca (Tezcatlipoca Negro) – Norte, o mais poderoso.

A rivalidade entre Quetzalcóatl e Tezcatlipoca desencadeou as eras cósmicas conhecidas como “Sóis”, cada uma governada por um deus e encerrada em catástrofes que refletiam a luta pela supremacia divina.

As Cinco Eras Cósmicas

Primeiro Sol – Nahui-Ocelotl (Sol de Jaguar):
Governado por Tezcatlipoca. Habitavam-no gigantes, devorados quando Quetzalcóatl derrubou o Sol e provocou a fúria do deus-jaguar.

Segundo Sol – Nahui-Ehécatl (Sol do Vento):
Regido por Quetzalcóatl. Ventos colossais destruíram a humanidade, e os sobreviventes transformaram-se em macacos.

Terceiro Sol – Nahui-Quiahuitl (Sol da Chuva de Fogo):
Sob o comando de Tlaloc. Chamas divinas devastaram a terra e converteram os homens em pássaros.

Quarto Sol – Nahui-Atl (Sol da Água):
Governado por Chalchiuhtlicue. Uma inundação universal extinguiu a humanidade, metamorfoseando-a em peixes.

Quinto Sol – Nahui-Ollin (Sol do Movimento):
Os deuses reuniram-se em Teotihuacan para recriar o mundo. O altivo Tecuciztecatl hesitou diante da fogueira sacrificial, enquanto o humilde Nanahuatzin lançou-se sem temor, tornando-se o Sol. Por vergonha, o primeiro seguiu-o, transformando-se na Lua.
Para que o novo Sol se movesse, os demais deuses sacrificaram-se, oferecendo seu sangue vital. Quetzalcóatl, ao descer ao submundo Mictlan, resgatou ossos antigos e, com seu próprio sangue, gerou a humanidade atual.

O Valor do Sacrifício e a Ordem Cósmica

A cosmogonia dos Cinco Sóis reflete a crença de que a sobrevivência do universo depende do sacrifício divino e humano, um princípio que sustentava os rituais astecas. O mundo é, assim, um delicado equilíbrio de reciprocidade: os deuses doaram seu sangue para mover o Sol, e os homens devem, em troca, alimentar o cosmos com oferendas.

Além do aspecto religioso, essa narrativa traduz uma visão filosófica de interdependência e polaridade, em que criação e destruição são forças complementares — ecos do dualismo inscrito na essência de Ometeotl. O universo, para os mexicas, existe apenas enquanto há movimento (Ollin), o ritmo sagrado que mantém a vida.

Leituras Complementares

Para ampliar sua compreensão sobre a cultura e espiritualidade mesoamericana, leia também:

Referências Bibliográficas

LEÓN-PORTILLA, Miguel. A filosofia nahuatl: estudo da sua fonte. Tradução de L. G. de Carvalho. Lisboa: Edições 70, 1981.

SOUSTELLE, Jacques. A civilização asteca. Tradução de Maria Júlia Goldwasser. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1987.

TAUBE, Karl. Mitos astecas e maias. Tradução de Cássio de Arantes Leite. São Paulo: Net-Trade, 1997.

João Fernandes de Oliveira, Conde de Cavaleiros: O Poder da Nobreza no Brasil Joanino

A chegada da corte portuguesa ao Brasil, em 1808, transformou o país em um centro de poder do Império Português. O Rio de Janeiro, antes uma cidade colonial, tornou-se o coração político, administrativo e cultural de um império em transição. Nesse novo cenário, a nobreza portuguesa desempenhou papel essencial na estruturação do Estado e na manutenção da autoridade real. Entre seus representantes, destacou-se João Fernandes de Oliveira, o Conde de Cavaleiros, símbolo da adaptação e influência da elite aristocrática no Brasil joanino.

A Nobreza e a Consolidação do Poder Monárquico

A transferência da corte não foi apenas uma fuga estratégica de Napoleão, mas um projeto de reorganização imperial. A presença de figuras como o Conde de Cavaleiros garantiu a estabilidade política e a continuidade das tradições do Antigo Regime em solo americano.

Oriundo de uma família tradicional, João Fernandes de Oliveira possuía vínculos sólidos com a administração régia. Sua nomeação para o Conselho de Estado de Dom João VI reafirmou sua posição de prestígio e confiança junto ao monarca. Esse conselho era o órgão máximo de consulta do rei, encarregado de deliberar sobre temas cruciais — desde a política interna até as relações exteriores.

O Conselho de Estado e a Influência de João Fernandes

Integrar o Conselho de Estado não era apenas uma honra; era um sinal inequívoco de poder. O Conde de Cavaleiros destacou-se por sua atuação estratégica e leal à Coroa. Participou de decisões fundamentais que moldaram o governo joanino e influenciaram o processo de consolidação do Estado no Brasil.

Sua proximidade com Dom João VI permitiu-lhe intervir em questões administrativas e diplomáticas, tornando-se uma voz ativa nos bastidores do poder. A presença de homens como ele no governo garantiu que os valores monárquicos fossem preservados, mesmo em um território distante da metrópole.

A Adaptação da Nobreza ao Novo Mundo

No Brasil, a nobreza precisou reinventar-se. O Conde de Cavaleiros e outros aristocratas compreenderam rapidamente que o poder político dependia também de vínculos econômicos e sociais locais. Investiram em propriedades rurais, engajaram-se no comércio e estabeleceram redes de clientelismo.

Essas alianças criaram uma ponte entre os interesses da Coroa e as elites coloniais. Assim, a aristocracia portuguesa não apenas sobreviveu ao deslocamento, mas consolidou seu papel como base da nova ordem social. A integração ao contexto tropical representou uma combinação de tradição e pragmatismo político.

Do Antigo Regime à Construção do Brasil Imperial

A trajetória de João Fernandes de Oliveira reflete a transição de um mundo em decadência para outro em formação. Sua atuação no Rio de Janeiro ajudou a estruturar o aparelho administrativo que sustentou a monarquia joanina e pavimentou o caminho da futura independência.

A elite luso-brasileira, liderada por figuras como o Conde, manteve sua influência mesmo após 1822. Ela foi decisiva na formação da elite dirigente do Brasil imperial, que herdou tanto o poder econômico quanto os valores hierárquicos do Antigo Regime.

Legado e Significado Histórico

Mais do que um nobre adaptado, João Fernandes de Oliveira foi um mediador entre dois mundos: o europeu e o americano. Sua biografia sintetiza o esforço da nobreza em se manter relevante em tempos de mudança. Ele representa o elo entre o passado monárquico português e o nascimento da modernidade política brasileira.

Ao compreender sua trajetória, entendemos como a nobreza soube transformar a adversidade da fuga da corte em oportunidade de consolidação de poder. O Conde de Cavaleiros permanece como símbolo de uma aristocracia que soube se reinventar sem perder o controle do destino político do império.

Referências Bibliográficas

GOMES, Laurentino. 1808: Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil. São Paulo: Planeta, 2007.

MALERBA, Jurandir. A corte no exílio: civilização e poder no Brasil às vésperas da independência (1808–1821). São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O sol do Brasil: Nicolas-Antoine Taunay e as desventuras dos artistas franceses na corte de D. João. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Bancos Endurecem Combate a Contas Laranja, Frias e Apostas Irregulares

A nova autorregulação da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) entrou em vigor neste mês e determina medidas mais rigorosas para identificação, bloqueio e encerramento de contas bancárias usadas em fraudes, golpes e operações ilícitas. A iniciativa complementa as diretrizes do Banco Central do Brasil e reforça a integração entre o sistema financeiro e as autoridades públicas no combate ao crime digital.

A medida exige o encerramento imediato de contas de passagem — conhecidas como contas laranja, criadas com consentimento do titular para uso indevido —, bem como de contas frias, abertas sem o conhecimento do proprietário. Também estão incluídas as contas de empresas de apostas online não autorizadas pela Secretaria de Prêmios e Apostas, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda.

Um Marco na Integridade do Sistema Bancário

O presidente da Febraban, Isaac Sidney, destacou que a autorregulação é um marco na depuração de relacionamentos tóxicos e enfatizou que os bancos “não podem, de forma alguma, permitir a abertura e manutenção de contas laranja, de contas frias e de contas de Bets ilegais”.

Entre as novas exigências estão:

  • Recusa imediata de transações suspeitas ou ilícitas;
  • Comunicação ao titular e ao Banco Central sobre bloqueios e encerramentos;
  • Declarações de conformidade assinadas por áreas independentes (como auditoria e compliance);
  • Políticas internas obrigatórias de prevenção a fraudes e lavagem de dinheiro.

O descumprimento das normas pode resultar em advertências, ajustes obrigatórios de conduta ou até exclusão do sistema de autorregulação. A medida conta com a adesão dos principais bancos brasileiros — Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, BTG Pactual, além de cooperativas como Sicredi e Daycoval.

Crescimento das Fraudes Digitais

Segundo Amaury Oliva, diretor de Autorregulação da Febraban, o aumento expressivo dos golpes digitais e tentativas de fraude bancária exige ações coordenadas e permanentes para evitar que o sistema financeiro seja utilizado por organizações criminosas.

Levantamento da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) mostra que, apenas no primeiro semestre de 2025, foram registradas quase 7 milhões de tentativas de fraude no Brasil — sendo o setor bancário o principal alvo.

Já dados da Serasa Experian, divulgados pela CNN Brasil, apontam que as tentativas de fraude em bancos bateram recorde no primeiro trimestre de 2025, somando quase 2 milhões de ocorrências.

Educação Financeira e Prevenção

Além das ações punitivas, os bancos, em parceria com a Febraban, devem reforçar campanhas de educação financeira, orientando os consumidores sobre os riscos de emprestar contas bancárias, fornecer dados pessoais ou participar de plataformas de apostas ilegais.

Essas campanhas integram uma política de prevenção mais ampla, que busca proteger o cliente e fortalecer a integridade do sistema financeiro brasileiro, especialmente diante do avanço das tecnologias digitais e do aumento das transações eletrônicas.

Referências

ABES. Quase 7 milhões de tentativas de fraude foram registradas no 1º semestre de 2025: setor bancário é principal alvo. Disponível em: https://abes.org.br/quase-7-milhoes-de-tentativas-de-fraude-foram-registradas-no-1o-semestre-de-2025-setor-bancario-e-principal-alvo/. Acesso em: 27 out. 2025.

CNN BRASIL. Tentativas de fraude em bancos batem recorde no 1º tri, diz Serasa. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/financas/tentativas-de-fraude-em-bancos-somam-quase-2-milhoes-no-1o-tri-recorde-da-serie-diz-serasa/. Acesso em: 27 out. 2025.

FEBRABAN. Autorregulação adota regras mais rígidas para cancelar “contas laranja” e contas de Bets irregulares. Disponível em: https://portal.febraban.org.br/noticia/4367/pt-br/. Acesso em: 27 out. 2025.

Governo Brasileiro Precisa Arrecadar R$ 27,1 Bilhões no Último Trimestre de 2025 para Cumprir Meta Fiscal, Alerta IFI

O governo federal enfrenta o desafio de arrecadar mais R$ 27,1 bilhões até o final de 2025 para alcançar a meta fiscal estabelecida para o ano, conforme aponta a Instituição Fiscal Independente (IFI) em seu relatório de acompanhamento fiscal de outubro. O documento destaca a urgência de medidas de reforço na arrecadação, os efeitos de alterações legislativas e o papel das empresas estatais federais no equilíbrio das contas públicas.

Situação Fiscal e Necessidade de Arrecadação

De acordo com dados do Tesouro Nacional e do SIGA Brasil, o déficit acumulado até setembro ultrapassa os R$ 27 bilhões. Isso impõe ao governo o desafio de ampliar a receita nos meses finais de 2025 para evitar o descumprimento da meta fiscal.

Um dos fatores que agravaram o cenário foi a perda de validade da Medida Provisória (MP) 1303, que não chegou a ser votada no Congresso Nacional, resultando em uma queda de cerca de R$ 10 bilhões nas receitas previstas.

Outro ponto de atenção é o déficit primário das empresas estatais federais não dependentes, que vem se ampliando. Caso a tendência se mantenha, o Tesouro Nacional poderá ser obrigado a realizar aportes financeiros, aumentando a pressão sobre o cumprimento da meta.

Reforma do Imposto de Renda e Impactos Fiscais

O relatório também analisa a reforma do Imposto de Renda, cuja tramitação na Câmara dos Deputados introduziu modificações no projeto original do Executivo. As mudanças reduziram a arrecadação estimada inicialmente, mas, segundo a IFI, o impacto pode ser fiscalmente neutro, uma vez que o texto aprovado prevê desoneração para as faixas de renda mais baixas e compensações tributárias sobre lucros e altos rendimentos.

As medidas compensatórias podem gerar até R$ 35 bilhões em receitas, o que permitiria ao governo anular as perdas e alcançar um impacto fiscal líquido positivo de até R$ 5 bilhões. Contudo, a IFI ressalta que o cálculo dessas compensações é complexo e depende de premissas econômicas e comportamentais que só poderão ser confirmadas ao longo do tempo.

Conclusão

O cenário fiscal brasileiro em 2025 segue desafiador, exigindo do governo equilíbrio entre responsabilidade orçamentária e políticas de estímulo econômico. A manutenção da meta fiscal dependerá não apenas da arrecadação adicional no curto prazo, mas também da eficácia das reformas estruturais em andamento e da capacidade de gestão das estatais e órgãos públicos.

Referências

BRASIL. Tesouro Nacional. Relatórios de acompanhamento fiscal. Brasília, DF, 2025.

INSTITUIÇÃO FISCAL INDEPENDENTE (IFI). Relatório de Acompanhamento Fiscal – Outubro de 2025. Senado Federal, Brasília, 2025.

TV SENADO. Governo deve ampliar arrecadação no último trimestre para cumprir meta fiscal, diz IFI. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6y0WlRdBT-A. Acesso em: 27 out. 2025.

TV SENADO. Canal oficial. Disponível em: https://www.youtube.com/@tvsenado. Acesso em: 27 out. 2025.