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Contexto histórico e cultural
O dórico nasce em ambientes dorianos (Peloponeso, Grécia
continental) e se expande para as colônias da Magna Grécia (Sicília e sul da
Itália), onde ganha versões particularmente massivas (LAWRENCE, 1996).
Em contraste com a ordem jônica, mais delgada e ornamentada, o dórico foi
historicamente associado a ideais de sobriedade, disciplina cívica e
masculinidade arquitetônica, refletindo valores das pólis que o adotaram
(VITRUVIUS, s.d.).
Características formais
Coluna sem base: diferentemente do jônico e do coríntio, a
coluna dórica pousa diretamente sobre o estilóbata. O fuste é canelado
(geralmente 20 caneluras) e apresenta leve entasis (suave abaulamento)
para correção ótica e expressividade estrutural.
Capitel: composto por um equino convexo e um ábaco quadrado, de desenho
sintético e proporções contidas.
Entablamento: a arquitrave é lisa; o friso alterna tríglifos e métopas com
relevos figurativos; acima, a cornija projeta-se com mútulas e gútulas,
reforçando o ritmo tectônico (DINSMOOR, 1973).
Frontão: tímpano triangular frequentemente decorado com escultura, coroado por
cimácios e elementos de beiral.
Proporção e ritmo: as primeiras colunas dóricas tendem a ser mais robustas; ao
longo do século V a.C., o módulo afina, sem perder legibilidade estrutural.
Técnica construtiva e refinamentos óticos
Materiais: calcário e mármore em blocos aparelhados; colunas
montadas por tambores unidos por chavetas metálicas.
Ajustes óticos: obras-primas como o Parthenon introduzem curvaturas sutis no
estilóbata e inclinações de colunas para corrigir ilusões visuais à distância
(COULTON, 1977).
Problema do canto: o alinhamento entre tríglifos e eixos de colunas levou à
“contração de canto”, uma solução engenhosa típica do dórico.
Tipologias e espaço
Planta: pronaos, naos (cella) e opistódomos organizam
o programa religioso, com circulação entre colunas perimetrais.
Disposição: templos hexástilos (6 colunas) são comuns; casos octástilos (8
colunas) indicam prestígio (DINSMOOR, 1973).
Escultura arquitetônica: as métopas e frontões integram narrativa e culto,
fazendo do templo um organismo visual e simbólico.
Variações regionais e evolução
Magna Grécia: colunas mais espessas e entablamentos altos
(Paestum, Selinunte, Agrigento).
Ática e Peloponeso: progressiva esbeltez e precisão ótica.
Época romana: o dórico romano ganha base e proporções padronizadas (SUMMERSON,
1980).
Obras exemplares
- Templo
de Hera I, Paestum (séc. VI a.C.)
- Templo
de Apolo, Corinto (séc. VI a.C.)
- Templo
de Afaia, Égina (transição arcaico–clássico)
- Templo
de Zeus, Olímpia (séc. V a.C.)
- Parthenon,
Atenas (séc. V a.C.)
- Hephaísteion
(Teseion), Atenas (séc. V a.C.)
Legado
A ordem dórica cristalizou uma gramática em que estrutura,
proporção e significado convergem.
Seu vocabulário — colunas caneladas sem base, capitel de equino e ábaco, friso
de tríglifos e métopas — tornou-se referência duradoura para o classicismo e
segue inspirando arquitetos contemporâneos.
Referências Bibliográfica
BEARD, Mary. The Parthenon. London: Profile Books,
2002.
COULTON, J. J. Ancient Greek Architects at Work: Problems
of Structure and Design. Ithaca: Cornell University Press, 1977.
DINSMOOR, William Bell. The Architecture of Ancient
Greece: An Account of Its Historic Development. New York: W. W. Norton,
1973.
LAWRENCE, A. W. Greek Architecture. Rev. R. A.
Tomlinson. London: Penguin Books, 1996.
NEILS, Jenifer (ed.). The Parthenon: From Antiquity to the Present.
Cambridge: Cambridge University Press, 2005.
SUMMERSON, John. The Classical Language of Architecture.
London: Thames & Hudson, 1980.
VITRUVIUS. De Architectura. Traduções e edições diversas.

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