Radio Evangélica

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Coco, Frevo e Maracatu: A Música que Faz o Nordeste Pulsar

Desenvolvido por IA
A cultura popular brasileira é um verdadeiro mosaico de sons, cores e movimentos. No Nordeste, especialmente em Pernambuco, essa diversidade ganha vida de forma intensa e apaixonante. Entre os muitos ritmos que embalam o coração do povo, três se destacam por sua força, história e beleza: o Coco, o Frevo e o Maracatu.

Mais do que gêneros musicais, eles são expressões de alma, onde música, dança e poesia se misturam com fé, resistência e alegria. Cada batida de tambor, cada passo e cada canto contam um pedaço da nossa história — uma história que vive, dança e canta.

Coco: A Poesia Cantada do Cotidiano

O Coco é uma das manifestações mais autênticas do Nordeste. Nascido nas rodas de pescadores e trabalhadores rurais, ele floresceu nas noites de descanso, quando o povo se reunia para cantar, dançar e celebrar a vida após o trabalho pesado.

O ritmo é contagiante — os tamancos batem no chão como tambores, acompanhados por palmas e instrumentos como o ganzá, o surdo e o pandeiro. No centro da roda, o tirador de coco improvisa versos sobre o dia a dia, o amor, a luta e o riso. A cada estrofe, o coro responde, criando um diálogo musical que une todos os presentes.

Mais do que dança, o Coco é comunidade em movimento — uma poesia viva que transforma a realidade em canto e o cotidiano em arte.

Frevo: O Carnaval que Ferve nas Veias

Quem já viveu o Carnaval de Pernambuco sabe: o Frevo é pura energia. O próprio nome vem de “ferver”, e nada descreve melhor o que acontece quando suas orquestras tomam as ruas de Olinda e Recife.

Com suas melodias aceleradas e metais vibrantes — trompetes, trombones, tubas — o Frevo é explosão de alegria. E quando os passistas entram em cena, com suas sombrinhas coloridas e passos acrobáticos, o chão parece ganhar vida.

Cada movimento — a “tesoura”, o “parafuso”, a “dobradiça” — é um gesto de liberdade, um desafio à gravidade e um tributo à criatividade do povo. O Frevo se divide em três estilos:

  • Frevo de Rua: instrumental e elétrico, feito para dançar.
  • Frevo-Canção: com letra, melodia e emoção.
  • Frevo de Bloco: poético e suave, acompanhado por orquestras de pau e corda.

Mais do que um ritmo, o Frevo é a alma do carnaval pernambucano — um patrimônio da humanidade que faz o Brasil dançar.

Maracatu: A Realeza dos Tambores

Entre todos os sons do Nordeste, poucos são tão imponentes quanto o do Maracatu. É uma celebração grandiosa, que mistura fé, história e ancestralidade africana.

Maracatu Nação (ou de Baque Virado)

De origem afro-brasileira, representa os antigos Reis do Congo, coroações simbólicas de soberanos negros durante o período colonial. Cada “nação” desfila com uma corte majestosa — reis, rainhas, damas e príncipes — acompanhados por um poderoso conjunto de tambores.

O som do baque virado é hipnótico: alfaias, agbês, gonguês e caixas criam uma batida profunda e envolvente. O Maracatu Nação é também uma manifestação espiritual, ligada ao Candomblé, onde cada toque e cada canto reverenciam os orixás.

Maracatu Rural (ou de Baque Solto)

Típico da Zona da Mata, o Maracatu Rural é uma explosão de cores e energia. O caboclo de lança, com sua gola de fitas e sua lança ornamentada, é a figura central dessa festa. O ritmo, mais rápido e vibrante, acompanha versos improvisados que exaltam o trabalho e a bravura do povo do campo.

O Maracatu é, acima de tudo, memória e resistência — um canto que atravessa séculos e reafirma a nobreza da herança afro-brasileira.

A Trindade do Ritmo e da Identidade

Coco, Frevo e Maracatu formam uma tríade que pulsa nas festas, nas ruas e no coração do Nordeste. Eles não apenas animam multidões — educam, unem e mantêm viva a alma de um povo.

Cada compasso é um ato de resistência. Cada canção, uma lição de pertencimento. A música folclórica, afinal, é o livro mais fiel da nossa história — escrita com tambores, vozes e corpos em movimento.

Referências Bibliográficas

ANDRADE, Mário de. Danças Dramáticas do Brasil. Editora Itatiaia, 2002.

CÂMARA CASCUDO, Luís da. Dicionário do Folclore Brasileiro. Editora Global, 2012.

REAL, Katarina. O Folclore no Carnaval do Recife. 2ª ed. Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 1990.

SOUTO MAIOR, Mário; LÓSSIO, Rúbia. Dicionário de Folclore para Estudantes. Editora Massangana, 2004.

GUERRA-PEIXE, César. Maracatus do Recife. São Paulo: Irmãos Vitale, 1980.

LIMA, Claudia. A trajetória da dança do frevo: sua origem “espontânea” e sua “invenção” como símbolo do “local”. Anais do V Encontro de História da ANPUH-PE, 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário