Sua história é uma jornada épica de perda, vingança e restauração da ordem
divina (Ma’at).
A Origem Divina e a Luta pelo Trono
A mitologia de Hórus está ligada a um dos dramas mais
famosos do Egito Antigo: o assassinato de Osíris, seu pai, pelo próprio
irmão Set.
Osíris, o benevolente rei do Egito, foi traído e brutalmente assassinado,
mergulhando o reino no caos. Sua esposa devotada, Ísis, deusa da magia e
da maternidade, não aceitou esse destino. Em um ato de fé e poder, ela reuniu
os pedaços do corpo de Osíris e o reviveu temporariamente para conceber Hórus,
o herdeiro vingador.
Criado em segredo nos pântanos do delta do Nilo, Hórus
cresceu protegido da fúria de Set, aguardando o momento certo para restaurar a
justiça e a harmonia — a Ma’at — ao Egito.
A Batalha Cósmica: Hórus versus Set
Ao atingir a maturidade, Hórus desafiou Set em uma batalha
cósmica que simbolizava o embate entre ordem e caos.
Durante os confrontos, Set arrancou o olho esquerdo de Hórus, mas o deus
Thoth, senhor da sabedoria e da escrita, o restaurou.
Esse olho restaurado tornou-se o lendário Olho de Hórus (Udyat) —
símbolo de proteção, cura e poder real, amplamente usado como amuleto contra
o mal.
Após longas disputas e julgamentos no tribunal dos deuses, Hórus
foi declarado o governante legítimo do Egito, enquanto Set foi exilado aos
desertos. Assim, o jovem deus unificou o Alto e o Baixo Egito, estabelecendo o
modelo divino que inspiraria todos os faraós posteriores.
O Profundo Simbolismo de Hórus
Hórus é uma divindade multifacetada, e cada um de seus
símbolos reflete valores espirituais e sociais do Egito Antigo.
O Falcão
Como deus celestial, Hórus era representado por um falcão,
símbolo de visão aguçada, nobreza e poder. O faraó era considerado a manifestação
viva de Hórus na Terra, reforçando a legitimidade do poder real.
O Olho de Hórus (Udyat)
Mais do que um símbolo de restauração, o Olho de Hórus
representava proteção, equilíbrio, saúde e sabedoria.
Curiosamente, suas partes também foram usadas no sistema de frações egípcio
para medir alimentos e medicamentos — um exemplo de como o sagrado e o prático
se entrelaçavam na cultura egípcia.
O Faraó como Encarnação de Hórus
A crença de que o faraó era o “Hórus vivo” consolidou
a unidade entre o Estado e a religião. Após a morte, o rei se tornava Osíris,
enquanto seu sucessor assumia o papel de Hórus, garantindo a continuidade
da ordem e da justiça.
O Legado Duradouro
O mito de Hórus é uma poderosa alegoria sobre a vitória
da justiça sobre o caos.
Sua história simboliza a promessa de que, mesmo diante da destruição, a Ma’at
— a ordem universal — sempre prevalece.
Hoje, o Olho de Hórus continua sendo um dos símbolos mais reconhecidos
do mundo antigo, presente em joias, arte e espiritualidade moderna.
Referências Bibliográficas
- WILKINSON,
Richard H. The Complete Gods and Goddesses of Ancient Egypt.
Londres: Thames & Hudson, 2003.
- PINCH,
Geraldine. Egyptian Mythology: A Guide to the Gods, Goddesses, and
Traditions of Ancient Egypt. Oxford: Oxford University Press, 2002.
- HORNUNG,
Erik. Conceptions of God in Ancient Egypt: The One and the Many.
Ithaca: Cornell University Press, 1982.
- SHAW,
Ian (Ed.). The Oxford History of Ancient Egypt. Oxford: Oxford
University Press, 2000.
Links Recomendados
- Mitologia
Grega: Deuses, Heróis e Monstros
- O
Governo de Diocleciano e a Reconstrução do Império Romano
- Enciclopédia
Britânica – Eye of Horus

Nenhum comentário:
Postar um comentário