Superávit comercial recua e investimentos diretos no país apresentam crescimento significativo
As transações correntes do balanço de pagamentos registraram um déficit de US$8,8 bilhões em fevereiro de 2025, mais que o dobro do valor registrado no mesmo período do ano anterior (US$3,9 bilhões), segundo dados divulgados pelo Banco Central do Brasil nesta quarta-feira (26).
O principal fator para o aumento do déficit foi a queda do superávit comercial, que recuou US$5,4 bilhões na comparação interanual. O déficit acumulado em transações correntes nos últimos doze meses alcançou US$70,2 bilhões, o equivalente a 3,28% do Produto Interno Bruto (PIB), indicando um aumento em relação aos US$65,3 bilhões (3,03% do PIB) registrados no mês anterior.
Comércio exterior e serviços
A balança comercial de bens apresentou um déficit de US$979
milhões em fevereiro de 2025, um contraste expressivo em relação ao
superávit de US$4,4 bilhões observado em fevereiro de 2024. As
exportações de bens somaram US$23,2 bilhões, com queda de 1,8% em
relação ao ano anterior, enquanto as importações totalizaram US$24,1 bilhões,
um aumento de 25,7%, influenciado principalmente pela importação de uma
plataforma de petróleo avaliada em US$2,7 bilhões.
No setor de serviços, o déficit atingiu US$3,9 bilhões,
com destaque para o aumento nas despesas líquidas em transportes (35,6%),
telecomunicações e computação (42,2%) e aluguel de equipamentos (20,4%).
Por outro lado, houve uma redução expressiva de 89,1% nas despesas com
serviços culturais e recreativos.
Renda primária e investimentos estrangeiros
O déficit em renda primária totalizou US$4,1 bilhões,
representando uma redução de 11,4% em relação a fevereiro de 2024. As
despesas líquidas com lucros e dividendos somaram US$2,2 bilhões,
enquanto as despesas com juros cresceram 35,3%, atingindo US$1,9
bilhão.
Em contraste com o aumento do déficit em transações
correntes, os Investimentos Diretos no País (IDP) apresentaram um
crescimento significativo, com ingressos líquidos de US$9,3 bilhões em
fevereiro de 2025, frente aos US$5,3 bilhões registrados no mesmo mês do
ano anterior.
Os investimentos em carteira também mostraram recuperação,
alcançando US$3,1 bilhões em fevereiro, revertendo as saídas líquidas de
US$4,8 bilhões verificadas em janeiro de 2025.
Reservas internacionais e revisão de estatísticas
As reservas internacionais totalizaram US$332,5 bilhões
em fevereiro de 2025, um aumento de US$4,2 bilhões em relação ao mês
anterior. A elevação foi impulsionada por variações nos preços, desembolsos de
organismos internacionais e receitas de juros.
O Banco Central também anunciou a revisão extraordinária do Censo
de Capitais Estrangeiros no País e da Posição de Investimento
Internacional (PII), que resultou na redução de US$32,6 bilhões no
estoque de IDP referente a dezembro de 2023, ajustando o valor para US$1,0
trilhão.
Perspectivas para março
As parciais do câmbio contratado para março de 2025, até o
dia 24, indicam continuidade nas oscilações do setor externo, refletindo a
volatilidade do comércio internacional e a dinâmica dos investimentos
estrangeiros no Brasil.
Fonte: Banco Central
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