Radio Evangélica

quinta-feira, 13 de março de 2025

Banco Central: Crédito ampliado ao setor não financeiro registra queda em janeiro

Saldo total atinge R$18,5 trilhões, impactado pela valorização do real e retração nas captações externas

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O saldo do crédito ampliado ao setor não financeiro alcançou R$18,5 trilhões em janeiro, correspondendo a 155,6% do PIB. O resultado reflete uma queda de 0,8% no mês, impulsionada principalmente pela retração de 4,8% nas captações externas, em razão da apreciação cambial de 5,9% no período. No acumulado de doze meses, houve um crescimento de 14,4%, com destaque para a alta de 16,5% nos títulos de dívida e de 11,4% nos empréstimos locais.

O crédito ampliado destinado a empresas somou R$6,6 trilhões (55,2% do PIB), registrando uma queda mensal de 1,9%. O recuo foi puxado pela retração de 4,4% nos empréstimos externos e de 2,0% nos créditos do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Na comparação anual, porém, o crescimento de 17,8% foi impulsionado pelo aumento de 30,1% nos títulos de dívida e de 16,8% nos empréstimos externos.

O crédito ampliado às famílias chegou a R$4,3 trilhões (36,3% do PIB), apresentando uma expansão de 1,1% no mês e de 12,6% em doze meses, com forte impacto do crescimento dos empréstimos do SFN.

Operações de crédito do SFN mantêm estabilidade

O saldo das operações de crédito do SFN permaneceu estável em janeiro, totalizando R$6,5 trilhões. Houve um aumento de 1,2% na carteira de crédito para pessoas físicas, que somou R$4,0 trilhões, enquanto o saldo das pessoas jurídicas sofreu uma queda de 1,8%, atingindo R$2,5 trilhões. No acumulado de doze meses, o crescimento foi de 11,7%, acelerando em relação aos 11,5% observados no mês anterior.

O crédito com recursos livres alcançou R$3,7 trilhões, com uma retração de 0,5% no mês e um crescimento anual de 11,5%. O crédito livre para empresas totalizou R$1,5 trilhão, registrando uma queda de 3,2% no mês e uma alta de 9,7% em doze meses, impactado pela redução na carteira de desconto de duplicatas e outros recebíveis (-15,6%) e pela queda nos estoques de capital de giro total (-1,0%).

Para as famílias, o crédito livre aumentou 1,4% no mês e 12,7% no ano, somando R$2,2 trilhões, impulsionado pelo crescimento no crédito pessoal não consignado (2,6%), financiamento de veículos (2,0%) e cartão de crédito rotativo (6,7%).

Juros e inadimplência apresentam variações

A taxa média de juros das concessões de crédito atingiu 29,8% ao ano em janeiro, aumentando 1,2 ponto percentual no mês e 1,7 p.p. em doze meses. No crédito livre, a taxa de juros alcançou 42,3% ao ano, com avanços de 1,6 p.p. no mês e 2,0 p.p. no ano. Destaque para as elevações nas taxas de cartão de crédito rotativo (+103,1 p.p.) e capital de giro com prazo de até 365 dias (+9,3 p.p.).

O índice de inadimplência do SFN atingiu 3,2%, com alta mensal de 0,3 p.p. e queda de 0,1 p.p. no ano. No crédito livre, a inadimplência foi de 4,4%, crescendo 0,3 p.p. no mês. A taxa para pessoas jurídicas subiu para 2,8%, enquanto para famílias manteve-se estável em 5,5%.

Alterações regulatórias impactam o setor

A Lei nº 14.690, sancionada em outubro de 2023, estabeleceu um limite para os juros e encargos financeiros cobrados em operações de cartão de crédito rotativo e parcelado. O Banco Central começou a divulgar estatísticas sobre o impacto da legislação, permitindo maior transparência na cobrança de taxas.

Além disso, a revisão das estatísticas de crédito, em conformidade com a Resolução CMN nº 4.966/2021, alterou a metodologia de classificação do risco de crédito e a provisão para perdas esperadas. A partir de janeiro de 2025, as instituições financeiras passarão a categorizar os créditos em três estágios distintos, substituindo a classificação anterior baseada em níveis de risco.

As mudanças regulatórias e a dinâmica do mercado de crédito seguem influenciando os rumos do setor, com impactos tanto para empresas quanto para famílias brasileiras.

 

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