Origem e Contexto Histórico
A atual bandeira da Paraíba foi adotada oficialmente em 25
de setembro de 1930, durante o governo de João Pessoa, então presidente (cargo
equivalente ao de governador) do estado. O contexto histórico de sua criação
está diretamente relacionado aos acontecimentos políticos que antecederam a
Revolução de 1930, movimento que culminou na ascensão de Getúlio Vargas ao
poder federal e no fim da chamada República Velha.
A palavra “NEGO”, presente no centro da bandeira, é uma
referência direta ao gesto político de João Pessoa ao recusar o apoio da
Paraíba à candidatura de Júlio Prestes à presidência da República nas eleições
de 1930. Essa recusa foi considerada um ato de resistência e coragem,
sintetizado na palavra "nego", ou seja, "eu nego".
Pouco tempo após esse episódio, João Pessoa foi assassinado
em Recife, em 26 de julho de 1930, em um crime que teve grande repercussão
nacional e que acabou sendo usado como estopim para a Revolução. Como forma de
homenagear o líder político paraibano, o estado adotou a bandeira como símbolo
da luta contra as injustiças e da fidelidade ao seu povo.
Simbolismo das Cores e da Palavra “NEGO”
- Vermelho:
Representa o sangue derramado por João Pessoa e por todos os que lutaram
pela justiça social e pela liberdade política no Brasil.
- Preto:
Simboliza o luto pela morte de João Pessoa, em memória de seu legado e de
sua coragem política.
- "NEGO":
É a essência da bandeira. A palavra remete à atitude firme de negação às
imposições autoritárias da política nacional da época e à defesa da
autonomia e dignidade do povo paraibano.
Estrutura da Bandeira
A bandeira é retangular, dividida em duas faixas verticais
desiguais: uma preta (à direita) e uma vermelha (à esquerda). Sobre a faixa
vermelha, no centro, está escrita em branco a palavra “NEGO”, em letras
maiúsculas. Seu desenho simples, mas carregado de simbolismo, é uma das
características mais marcantes entre os símbolos estaduais brasileiros.
Importância Atual
A bandeira permanece como um símbolo de resistência, orgulho
e identidade dos paraibanos. É frequentemente utilizada em manifestações
cívicas, culturais e esportivas, sempre associada à ideia de dignidade, luta e
memória histórica.
Em termos legais, a bandeira é regulada pela Lei Estadual
nº 1.130, de 25 de setembro de 1952, que oficializou sua adoção, embora ela
já fosse utilizada anteriormente.
Considerações Finais
A bandeira da Paraíba é mais do que um símbolo gráfico. Ela
carrega em si uma narrativa de luta, dignidade e resistência. Ao longo dos
anos, tornou-se um marco da identidade do povo paraibano, reforçando a memória
coletiva de um episódio histórico que marcou profundamente a política
brasileira.
Referências Bibliográficas
- AZEVEDO,
Fernando de. História da Bandeira Brasileira e das Insígnias Nacionais.
São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1937.
- CHAVES,
Cláudia. “João Pessoa e a Revolução de 1930.” In: Revista Brasileira de
História, São Paulo, v. 25, n. 49, 2005, p. 49-74.
- GONÇALVES,
Genival Seabra. Paraíba: História e Cultura. João Pessoa: A União,
1999.
- Governo
do Estado da Paraíba. “Símbolos Oficiais.” Disponível em: https://paraiba.pb.gov.br (acesso em
maio de 2025).
- SILVA,
José Otávio. João Pessoa: O Homem e o Mito. Recife: Massangana,
1980.
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