Radio Evangélica

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Escrita e Códices Maias: A Linguagem dos Deuses

Desenvolvido por IA
A civilização maia, uma das mais sofisticadas da Mesoamérica pré-colombiana, desenvolveu um sistema de escrita complexo e altamente simbólico, que ainda hoje fascina arqueólogos, linguistas e historiadores. Este artigo investiga as origens, funções e características da escrita maia, bem como os códices sobreviventes que revelam aspectos essenciais da cosmovisão, religião e ciência desse povo. A escrita maia era considerada sagrada, uma linguagem dos deuses, utilizada principalmente por escribas e sacerdotes em contextos cerimoniais e administrativos.

Introdução

A escrita sempre desempenhou um papel central na preservação da memória histórica e da identidade cultural dos povos antigos. No caso dos maias, a escrita hieroglífica transcende a comunicação e se torna um elo entre o mundo humano e o divino. Este artigo tem como objetivo apresentar um panorama da escrita maia e seus códices, destacando sua importância religiosa e cultural.

A Origem da Escrita Maia

A escrita maia surgiu por volta do século III a.C., embora suas raízes possam remontar à escrita epi-olmeca e outros sistemas gráficos mesoamericanos. Composta por mais de 800 glifos distintos, a escrita era logossilábica, combinando sinais que representam sons (sílabas) e ideias (logogramas) (Houston, Stuart & Robertson, 2004).

A Função dos Códices

Os códices maias eram livros confeccionados com papel feito da casca da árvore amate, dobrados em forma de sanfona e pintados com tintas vegetais e minerais. Neles, os escribas registravam calendários, previsões astrológicas, rituais religiosos e mitos de criação. Infelizmente, a maioria desses manuscritos foi destruída durante a conquista espanhola. Apenas quatro códices são reconhecidos como autênticos atualmente: o Códice de Dresden, o Códice de Madri, o Códice de Paris e o controverso Códice Grolier (Love, 2016).

A Linguagem dos Deuses

A escrita maia era vista como um dom sagrado. Os escribas, frequentemente de origem nobre, eram treinados desde jovens nos templos e palácios. Muitos glifos estão associados a deuses específicos, como Itzamná, divindade da sabedoria e criador do sistema de escrita. Assim, escrever era também um ato ritualístico, uma forma de reencenar a criação do cosmos (Coe & Van Stone, 2005).

Decifração e Legado

A decifração da escrita maia foi um processo longo, que se intensificou a partir do século XX. O avanço se deve em grande parte ao trabalho de estudiosos como Yuri Knórosov, que propôs a natureza fonética dos glifos. Hoje, cerca de 90% dos glifos conhecidos já foram decifrados, permitindo uma nova compreensão da história, da mitologia e da ciência maia (Martin & Grube, 2008).

Conclusão

A escrita maia, com sua complexidade simbólica e profunda dimensão espiritual, representa um dos maiores legados da Mesoamérica antiga. Seus códices, embora escassos, são testemunhos vivos de uma civilização que via a linguagem como um meio de conexão com o divino. Ao estudá-los, não apenas desvendamos o passado, mas também reconhecemos a genialidade de um povo que escreveu sua história com arte, ciência e fé.

Referências Bibliográficas

  • Coe, M. D., & Van Stone, M. (2005). Reading the Maya Glyphs. Thames & Hudson.
  • Houston, S., Stuart, D., & Robertson, J. (2004). The Language of Classic Maya Inscriptions. Current Anthropology, 45(3), 321–356.
  • Love, M. W. (2016). The Grolier Codex: A Maya Book from the Early Postclassic Period. Ancient Mesoamerica, 27(2), 229–245.
  • Martin, S., & Grube, N. (2008). Chronicle of the Maya Kings and Queens. Thames & Hudson.
  • Knórosov, Y. V. (1952). The Writing of the Maya Indians. Proceedings of the Institute of Ethnography, USSR.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário