"Portanto, também pode salvar totalmente os que por ele se achegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles."
(Hebreus 7:25, ARA)
Contexto do versículo:
Hebreus 7 está centrado na superioridade do sacerdócio de
Cristo em comparação com o sacerdócio levítico. O autor apresenta Jesus como
Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque — uma figura misteriosa do
Antigo Testamento, que simboliza um sacerdócio eterno e não baseado na linhagem
de Arão. O versículo 25 é uma conclusão teológica poderosa do argumento que o
autor vinha desenvolvendo: Cristo é superior, eterno e suficiente para
salvar completamente.
"Pode salvar totalmente" – A plenitude da
salvação:
O verbo "pode salvar" (do grego dýnamai
sózein) aponta para a capacidade absoluta de Cristo de operar a salvação.
Ele não apenas oferece meios de salvação, mas efetivamente salva com poder. O
advérbio "totalmente" (ou "perfeitamente",
dependendo da tradução; no grego, eis to panteles) pode ser entendido em
duas dimensões:
- No
tempo: Jesus salva de forma eterna, não temporária. Sua obra
não precisa ser repetida como os sacrifícios antigos.
- Na
extensão: Ele salva completamente, de todos os pecados, da
culpa, do juízo e da separação de Deus.
Essa salvação não é limitada, condicional ou frágil. É perfeita,
segura e irrevogável, porque está alicerçada não em nossos méritos, mas na
vida e na obra de Cristo.
"Os que por ele se achegam a Deus" – A mediação
exclusiva de Cristo:
A salvação é oferecida àqueles que “por ele” — ou seja, por
meio de Cristo — se aproximam de Deus. Esse ponto é central na teologia do
Novo Testamento: não há outro mediador entre Deus e os homens, senão Jesus
Cristo (1Tm 2:5).
Chegar-se a Deus exige fé, arrependimento e a confiança na
mediação de Cristo. Não se trata de méritos humanos, religião ou boas obras,
mas de um relacionamento baseado na graça, pela fé no Salvador.
O verbo grego usado para "chegar-se" (proserchomai)
implica acesso contínuo, ou seja, uma vida de comunhão constante com
Deus, sustentada por essa intermediação viva e eficaz.
"Vivendo sempre para interceder por eles" – O sacerdócio contínuo de Cristo:
Aqui reside a profundidade do consolo cristão. Jesus vive
eternamente e, por isso, seu sacerdócio nunca cessa. Isso contrasta com os
sacerdotes humanos, que morriam e precisavam ser substituídos. Cristo é o
sacerdote imortal, que permanece para sempre (Hb 7:23-24).
A intercessão de Cristo não significa que Ele esteja
“pedindo” constantemente ao Pai para perdoar. Em vez disso, sua própria
presença diante do trono, como o Cordeiro que foi morto e ressuscitou, é a
base eterna da nossa aceitação diante de Deus. Ele é o advogado perfeito
(1Jo 2:1), o que carrega em si as marcas do sacrifício que garante o nosso
perdão.
Aplicações práticas:
- Segurança
na salvação: Não precisamos temer perder nossa salvação se realmente
estivermos “chegando a Deus por meio de Cristo”. Ele é fiel para completar
a obra que começou em nós (Fp 1:6).
- Consolo
nas fraquezas: Quando caímos ou nos sentimos fracos, podemos lembrar
que temos um intercessor eterno, que conhece nossas dores e
intercede por nós com compaixão (Hb 4:15-16).
- Chamado
à perseverança: Já que Cristo vive sempre, nossa vida cristã também
deve ser contínua, marcada por fé constante, comunhão diária e
renovação interior.
- Gratidão
e adoração: Saber que o Senhor do universo se dedica à nossa causa nos
move à adoração profunda. Ele não apenas morreu por nós — Ele vive por
nós.
Conclusão:
Hebreus 7:25 é uma das declarações mais poderosas do Novo
Testamento sobre a suficiência e a eficácia da obra de Cristo. Ele salva
totalmente, porque vive eternamente. Sua intercessão não tem fim, e por isso, nossa
esperança é viva e segura.
Que esta verdade transforme nossa fé, nos dê descanso em
meio às lutas e nos aproxime mais confiadamente do trono da graça.
“Aquele que morreu por você, também vive para você — e
diante de Deus, Ele nunca se esquece do seu nome.”
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