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terça-feira, 6 de maio de 2025

José da Silva Lisboa, Visconde de Cairu: Economia, Política e Pensamento Ilustrado no Brasil Imperial

José Rosael/Hélio Nobre/Museu Paulista da USP
Este artigo analisa a atuação intelectual, econômica e política de José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu (1756–1835), destacando sua importância no processo de modernização institucional e econômica do Brasil no período da Independência. Influenciado pelo Iluminismo europeu e pelas ideias de Adam Smith, Cairu foi um defensor da liberdade de comércio e da centralização política sob a monarquia constitucional. Através de sua obra e atuação parlamentar, contribuiu decisivamente para a construção do Estado brasileiro moderno.

Introdução

José da Silva Lisboa nasceu em Salvador, Bahia, em 1756, e formou-se em Direito Canônico e Filosofia em Coimbra. Foi jurista, economista, jornalista e político, destacando-se como introdutor das ideias iluministas e liberais no Brasil. Recebeu o título de Visconde de Cairu em 1826. Sua obra combina a defesa do livre comércio com a preservação da ordem monárquica, representando um dos pilares do pensamento conservador liberal no Brasil do século XIX.

Pensamento Econômico

A principal contribuição de Cairu no campo econômico foi a introdução e difusão das ideias de Adam Smith, particularmente aquelas contidas em A Riqueza das Nações. Sua obra Princípios de Economia Política (1804) é o primeiro tratado sistemático de economia política publicado em língua portuguesa.

Cairu defendeu a abertura dos portos brasileiros às nações amigas (1808), ato essencial para romper com o pacto colonial e integrar o Brasil à economia mundial. Sua abordagem conciliava o liberalismo econômico com a manutenção da ordem, refletindo uma visão pragmática de transição institucional.

“Sem liberdade de comércio, não há prosperidade das nações.” — José da Silva Lisboa

Atuação Política e Legislativa

Como deputado da Assembleia Constituinte de 1823 e conselheiro de D. Pedro I, Cairu teve papel de destaque na construção do Estado imperial brasileiro. Ele se opôs às tendências republicanas e defendia uma monarquia constitucional centralizada, baseada na autoridade do imperador.

Cairu também foi membro do Conselho de Estado e senador do Império. Participou ativamente na formulação de leis e políticas que garantissem estabilidade política e integração territorial.

Influências Filosóficas e Ilustradas

O Visconde de Cairu foi fortemente influenciado pelos autores do Iluminismo britânico, especialmente Edmund Burke, David Hume e Jeremy Bentham, além de Adam Smith. Seu pensamento é marcado por uma tentativa de equilibrar razão e tradição, promovendo reformas dentro de um quadro institucional estável.

Ele não advogava uma ruptura radical com o Antigo Regime, mas sim uma adaptação gradual da sociedade brasileira aos princípios do progresso, da liberdade econômica e da ordem política.

Conclusão

A trajetória intelectual e política de José da Silva Lisboa evidencia sua relevância como mediador entre a tradição colonial e a modernidade liberal. Sua obra e ação pública ajudaram a construir as bases econômicas e jurídicas do Brasil independente. Ao conciliar liberalismo com monarquia, Cairu representa um modelo de conservadorismo reformista que marcou profundamente o século XIX brasileiro.

Referências Bibliográficas

  • Faria Júnior, Carlos de. O pensamento econômico de José da Silva Lisboa, Visconde de Cairu. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo (USP), 2008. Disponível aqui
  • Stinguel, Marcela Portela. Influências clássicas no pensamento do Visconde de Cairu. XII Congresso Brasileiro de História Econômica, ABPHE, 2017. Acesso ao artigo
  • Paim, Antônio. Cairu e o liberalismo econômico. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1968. Texto completo
  • Oliveira, Lúcio Flávio. A atuação de José da Silva Lisboa como deputado na Assembleia Constituinte de 1823. Revista Almanack, 2017. Artigo na Scielo

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