Radio Evangélica

sábado, 31 de maio de 2025

O Vaticano é uma Monarquia? Entenda a Estrutura Política e Administrativa da Cidade-Estado

Ao contrário do que muitos imaginam, o Vaticano — oficialmente Estado da Cidade do Vaticano — não é apenas o centro da Igreja Católica, mas também uma monarquia absoluta e teocrática, com um modelo de governo singular no mundo contemporâneo. Apesar de seu tamanho reduzido, com cerca de 44 hectares, o Vaticano possui uma estrutura político-administrativa própria. Mas será que há algo equivalente a deputados, prefeitos ou vereadores? Vamos entender melhor.

Um Estado-igreja: Papa como Chefe de Estado e de Governo

O Papa acumula as funções de chefe de Estado, chefe de governo, legislador supremo, chefe judiciário e líder espiritual da Igreja Católica. Isso caracteriza o Vaticano como uma monarquia absoluta eletiva teocrática, pois o Papa é eleito pelo Colégio dos Cardeais, mas exerce poder soberano sobre todos os aspectos da vida civil e religiosa no território.

Existe parlamento ou deputados no Vaticano?

Não. O Vaticano não possui um parlamento, nem figuras equivalentes a deputados ou senadores. O poder legislativo é exercido por uma comissão nomeada pelo Papa, chamada Comissão Pontifícia para o Estado da Cidade do Vaticano, composta por cardeais. Ou seja, trata-se de um corpo legislativo não eleito pelo povo, mas designado diretamente pelo Sumo Pontífice.

Essa comissão propõe leis e regulamentos, mas todas as decisões dependem da aprovação papal. Não há eleições populares no Vaticano.

E quanto a prefeito, vereador ou governador?

O que poderia ser considerado um "prefeito" do Vaticano é o Presidente do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, um cargo que desempenha funções executivas e administrativas sobre o território. Esse presidente atua como uma espécie de “ministro do Interior” e supervisiona áreas como:

  • Polícia e segurança
  • Transporte
  • Correios
  • Serviços urbanos
  • Museus Vaticanos

No entanto, ele não é eleito pela população, mas sim nomeado diretamente pelo Papa.

Não há divisões municipais, bairros ou distritos no Vaticano — portanto, não existem vereadores, nem estruturas políticas locais semelhantes às de uma cidade comum.

Outras instituições importantes

Além da Comissão Pontifícia e do Governatorato, há outras entidades administrativas:

  • Secretaria de Estado: órgão central da diplomacia e da coordenação interna do governo vaticano.
  • Congregações, Dicastérios e Conselhos: estruturas da Cúria Romana que tratam de aspectos doutrinários, pastorais e administrativos da Igreja.
  • Guarda Suíça Pontifícia: atua como força de segurança e proteção pessoal do Papa.

Cidadania e População

Outro aspecto único é que não há cidadania vaticana por nascimento. A cidadania é concedida temporariamente a pessoas que ocupam cargos ou funções ligadas ao Estado ou à Igreja — como cardeais, membros da Guarda Suíça, diplomatas e funcionários da Cúria. Ao deixarem seus cargos, perdem automaticamente a cidadania.

A população residente gira em torno de 800 a 1.000 pessoas, sendo a menor população de um Estado soberano.

Conclusão

O Vaticano é uma monarquia teocrática sem representação democrática nos moldes das repúblicas modernas. Não há prefeitos, vereadores ou deputados. O Papa concentra os poderes executivo, legislativo e judiciário, auxiliado por comissões e estruturas administrativas por ele nomeadas. Ainda assim, o Estado funciona de maneira organizada, com serviços internos eficientes e uma diplomacia internacional ativa, demonstrando que sua singularidade institucional está profundamente enraizada na tradição e na missão espiritual da Igreja Católica.

 

Referências Bibliográficas

  1. ANUÁRIO PONTIFÍCIO (Annuario Pontificio). Cidade do Vaticano: Tipografia Vaticana. Publicação oficial da Santa Sé com informações sobre a estrutura do governo vaticano.
    Disponível em: https://www.vatican.va
  2. GALLAGHER, Charles R. Vatican Secret Diplomacy: Joseph P. Hurley and Pope Pius XII. New Haven: Yale University Press, 2008.
  3. KERTZER, David I. The Pope and Mussolini: The Secret History of Pius XI and the Rise of Fascism in Europe. New York: Random House, 2014.
  4. LEVILLAIN, Philippe (org.). Dicionário Histórico do Papado. Petrópolis: Vozes, 2003.
  5. MCDONNELL, Gerard. The Vatican as a Political Institution. In: Journal of Church and State, vol. 15, no. 1, 1973, pp. 19–35.
  6. RE, Angelo. O Governo da Cidade do Vaticano: aspectos jurídicos e administrativos. In: Revista Eclesiástica Brasileira, vol. 56, n. 223, 1996.
  7. STORRS, Christopher. The Papal Monarchy: The Role of the Pope in the Politics of the Church. London: Routledge, 2011.
  8. VATICAN CITY STATE. Governatorato dello Stato della Città del Vaticano. Site oficial com informações sobre a administração e serviços do Estado vaticano.
    Disponível em: http://www.vaticanstate.va

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