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terça-feira, 20 de maio de 2025

Domingos Borges de Barros, o Marquês de Itanhaém: um Patriota Diplomata do Brasil Imperial

Domingos António Sequeria,1825
Durante os complexos anos da Independência do Brasil e do período imperial, várias figuras se destacaram por suas contribuições políticas, diplomáticas e jurídicas. Entre elas, Domingos Borges de Barros, mais conhecido como Marquês de Itanhaém, tem uma trajetória que merece atenção especial por seu papel nos bastidores da diplomacia e na construção do Estado brasileiro.

Origens e Formação

Nascido em 1780, na cidade de Salvador, Bahia, Domingos Borges de Barros pertencia a uma família influente. Ainda jovem, foi enviado a Coimbra, onde estudou Direito na tradicional universidade portuguesa. Sua formação jurídica sólida, aliada à sua habilidade política, o colocou entre os quadros de elite intelectual do Brasil do século XIX.

Atuação nas Cortes de Lisboa

Em 1821, Domingos Borges de Barros foi escolhido como um dos deputados brasileiros às Cortes de Lisboa, o parlamento português convocado para redigir uma constituição liberal após a Revolução do Porto. Contudo, ao perceber que as intenções das Cortes eram recentralizadoras e prejudiciais às províncias brasileiras, ele passou a defender a autonomia do Brasil, tornando-se uma voz crítica à política lusitana.

Sua atuação foi marcada por firmeza, articulando argumentos em defesa da liberdade comercial e do respeito à soberania das províncias, antevendo o que viria a se concretizar com a Independência do Brasil, em 1822.

Diplomacia e o Primeiro Reinado

Após o rompimento com Portugal, Domingos Borges de Barros retornou ao Brasil e se aproximou de D. Pedro I, sendo nomeado embaixador em Londres. Sua missão era negociar o reconhecimento da Independência do Brasil junto ao governo britânico e buscar apoio internacional. Apesar de dificuldades e pressões econômicas, sua atuação contribuiu para que o reconhecimento viesse em 1825, mediante o pagamento de indenizações a Portugal, em um acordo mediado pela Grã-Bretanha.

Contribuições Políticas e Título de Nobreza

Durante o Primeiro Reinado, o diplomata também foi um dos redatores da Constituição de 1824, participando dos debates jurídicos que deram origem à Carta Magna do Império.

Por seus serviços prestados, foi agraciado com o título de Marquês de Itanhaém em 1841 por D. Pedro II, já no Segundo Reinado. Foi também senador do Império por décadas, tendo papel relevante na consolidação das instituições imperiais.

Legado

Domingos Borges de Barros faleceu em 1855, deixando um legado diplomático e jurídico que permanece pouco explorado nos livros escolares. Figura de articulação entre o Brasil e o cenário internacional, ele soube transitar entre os ideais liberais e os interesses do novo Estado imperial, contribuindo decisivamente para a estabilização do regime monárquico no Brasil.

Sua trajetória mostra como o processo de Independência não foi apenas militar ou popular, mas também profundamente diplomático e jurídico. O Marquês de Itanhaém representa essa vertente racional, institucional e estratégica do nascimento do Brasil como nação soberana.

 

Referências Bibliográficas

  • LYRA, Heitor. História de Dom Pedro II – O Segundo Reinado. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1940.
  • FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2006.
  • HOLANDA, Sérgio Buarque de. O Brasil Monárquico: O Império e a República. São Paulo: DIFEL, 1974.
  • SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa M. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
  • Câmara dos Deputados. Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro. Disponível em: https://www2.camara.leg.br

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