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Domingos António Sequeria,1825 |
Origens e Formação
Nascido em 1780, na cidade de Salvador, Bahia,
Domingos Borges de Barros pertencia a uma família influente. Ainda jovem, foi
enviado a Coimbra, onde estudou Direito na tradicional universidade
portuguesa. Sua formação jurídica sólida, aliada à sua habilidade política, o
colocou entre os quadros de elite intelectual do Brasil do século XIX.
Atuação nas Cortes de Lisboa
Em 1821, Domingos Borges de Barros foi escolhido como um dos
deputados brasileiros às Cortes de Lisboa, o parlamento português
convocado para redigir uma constituição liberal após a Revolução do Porto.
Contudo, ao perceber que as intenções das Cortes eram recentralizadoras e
prejudiciais às províncias brasileiras, ele passou a defender a autonomia do
Brasil, tornando-se uma voz crítica à política lusitana.
Sua atuação foi marcada por firmeza, articulando argumentos
em defesa da liberdade comercial e do respeito à soberania das províncias,
antevendo o que viria a se concretizar com a Independência do Brasil, em
1822.
Diplomacia e o Primeiro Reinado
Após o rompimento com Portugal, Domingos Borges de Barros
retornou ao Brasil e se aproximou de D. Pedro I, sendo nomeado embaixador
em Londres. Sua missão era negociar o reconhecimento da Independência do
Brasil junto ao governo britânico e buscar apoio internacional. Apesar de
dificuldades e pressões econômicas, sua atuação contribuiu para que o
reconhecimento viesse em 1825, mediante o pagamento de indenizações a Portugal,
em um acordo mediado pela Grã-Bretanha.
Contribuições Políticas e Título de Nobreza
Durante o Primeiro Reinado, o diplomata também foi um dos redatores
da Constituição de 1824, participando dos debates jurídicos que deram
origem à Carta Magna do Império.
Por seus serviços prestados, foi agraciado com o título de Marquês
de Itanhaém em 1841 por D. Pedro II, já no Segundo Reinado. Foi também
senador do Império por décadas, tendo papel relevante na consolidação das
instituições imperiais.
Legado
Domingos Borges de Barros faleceu em 1855, deixando
um legado diplomático e jurídico que permanece pouco explorado nos livros
escolares. Figura de articulação entre o Brasil e o cenário internacional, ele
soube transitar entre os ideais liberais e os interesses do novo Estado
imperial, contribuindo decisivamente para a estabilização do regime monárquico
no Brasil.
Sua trajetória mostra como o processo de Independência
não foi apenas militar ou popular, mas também profundamente diplomático e
jurídico. O Marquês de Itanhaém representa essa vertente racional,
institucional e estratégica do nascimento do Brasil como nação soberana.
Referências Bibliográficas
- LYRA,
Heitor. História de Dom Pedro II – O Segundo Reinado. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1940.
- FAUSTO,
Boris. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2006.
- HOLANDA,
Sérgio Buarque de. O Brasil Monárquico: O Império e a República.
São Paulo: DIFEL, 1974.
- SCHWARCZ,
Lilia Moritz; STARLING, Heloisa M. Brasil: Uma Biografia. São
Paulo: Companhia das Letras, 2015.
- Câmara
dos Deputados. Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro.
Disponível em: https://www2.camara.leg.br
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