Radio Evangélica

segunda-feira, 12 de maio de 2025

A Abolição da Escravatura no Brasil: Ecos de Liberdade e Vozes da História

Machado de Assis, Joaquim Nabuco e Princesa Isabel e os protagonistas de uma das maiores transformações sociais do país

Autor: Victor Meirelles
Em 13 de maio de 1888, o Brasil entrou para a história ao abolir oficialmente a escravidão por meio da promulgação da Lei Áurea. A assinatura da lei pela Princesa Isabel marcou o fim de mais de três séculos de escravidão no país e representou uma das últimas grandes medidas do Império brasileiro. Embora curta — com apenas dois artigos —, a Lei Áurea teve um enorme impacto político e social.

Várias personalidades se destacaram ao longo desse processo. Joaquim Nabuco foi um dos principais expoentes do movimento abolicionista. Advogado, político e diplomata, ele defendia o fim da escravidão por meio de ações legais e argumentava que a permanência dessa instituição era incompatível com os ideais de progresso e civilização. Sua obra O Abolicionismo (1883) foi uma das mais influentes do período.

Outro nome relevante é o de Machado de Assis, escritor consagrado e fundador da Academia Brasileira de Letras. Embora não fosse militante do movimento abolicionista, Machado, neto de escravizados, expressava em sua literatura uma crítica sutil às desigualdades sociais da época. Sua visão de mundo contribuiu para ampliar a reflexão sobre o Brasil imperial e suas estruturas.

A Princesa Isabel, filha de Dom Pedro II, teve papel decisivo. Assinou a Lei Áurea durante sua terceira regência, sendo reconhecida por muitos como uma figura central no processo de abolição. Já havia sancionado leis anteriores que prepararam o caminho, como a Lei do Ventre Livre (1871) e a dos Sexagenários (1885). Sua atitude firme ao sancionar a Lei Áurea lhe rendeu aclamação popular e o título de "A Redentora".

Outras figuras também participaram do movimento abolicionista, como o jornalista José do Patrocínio, o engenheiro André Rebouças e o advogado Luís Gama. Embora cada um tenha atuado com diferentes métodos e motivações, todos ajudaram a construir o ambiente político e social que culminou na abolição.

A escravidão foi abolida por meio de um processo político que envolveu o Parlamento, a Casa Imperial, a imprensa, intelectuais e grande parte da sociedade civil. A Lei Áurea não teve artigos de compensação econômica nem medidas imediatas de integração, o que gerou debates posteriores sobre seus efeitos. No entanto, sua promulgação foi uma vitória da legalidade e do esforço coletivo que marcou profundamente a história do Brasil.

Hoje, a data de 13 de maio é lembrada como um marco na trajetória nacional, simbolizando a ação de líderes, pensadores e governantes que contribuíram para o fim de um regime ultrapassado e contrário aos princípios do direito natural e da dignidade humana.

 

Referências Bibliográficas

  1. NABUCO, Joaquim. O Abolicionismo. São Paulo: Martin Claret, 2000.
  2. SCHWARCZ, Lilia Moritz. As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
  3. FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. O Brasil Republicano: o tempo do liberalismo excludente. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
  4. ASSIS, Machado de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

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