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O Segundo período intermediário: A dominação dos hicsos
O declínio do Médio Império abriu espaço para a ascensão dos
hicsos, um povo de origem asiática que se estabeleceu no Delta do Nilo.
Aproveitando a fragilidade do governo central, os hicsos consolidaram seu poder
e estabeleceram a XV Dinastia, governando a região a partir de Avaris. Durante
esse período, o Egito foi dividido em três áreas de influência: o norte sob
controle hicso, a região central administrada por governantes locais, e o sul,
onde Tebas mantinha uma relativa autonomia.
Os hicsos introduziram avanços tecnológicos significativos
no Egito, como o uso de cavalos, carros de guerra, arcos compostos e novas
técnicas de metalurgia. Embora fossem estrangeiros, adotaram elementos da
cultura egípcia, incluindo a adoração de divindades locais e a utilização de
práticas administrativas egípcias.
A resistência tebana: O caminho para a reunificação
Apesar do domínio dos hicsos, a cidade de Tebas, no Alto
Egito, resistiu e iniciou um movimento de libertação. Os faraós tebanos da XVII
Dinastia, especialmente Seqenenre Tao, Kamose e, finalmente, Amósis I,
lideraram campanhas militares contra os hicsos. Após uma série de batalhas,
Amósis I conseguiu expulsar os invasores e reunificar o Egito por volta de 1550
a.C., marcando o início do Novo Império.
O Novo império: A era dos grandes faraós
Com a reunificação, o Novo Império trouxe uma fase de
centralização política, expansão militar e prosperidade cultural. Os faraós
dessa época consolidaram as fronteiras do Egito e estabeleceram um império que
se estendia do sul da Núbia até o Levante.
Entre os governantes mais notáveis do Novo Império,
destacam-se:
- Hatshepsut
(c. 1479 - 1458 a.C.): Uma das poucas mulheres a ocupar o trono
egípcio, Hatshepsut promoveu expedições comerciais bem-sucedidas, como a
viagem à Terra de Punt, e realizou grandiosas construções, incluindo seu
templo mortuário em Deir el-Bahari.
- Tutmés
III (c. 1479 - 1425 a.C.): Conhecido como o "Napoleão do
Egito", expandiu significativamente o território egípcio, conduzindo
campanhas militares vitoriosas até a Síria e o Levante.
- Amenófis
IV/Aquenáton (c. 1353 - 1336 a.C.): Realizou uma revolução religiosa
ao instituir o culto monoteísta ao deus Aton, rompendo com as tradições
religiosas anteriores. Sua reforma, contudo, foi revertida após sua morte.
- Tutancâmon
(c. 1332 - 1323 a.C.): Embora seu reinado tenha sido breve, seu
túmulo, descoberto em 1922 por Howard Carter, revelou tesouros
inestimáveis que lançaram luz sobre o período.
- Ramsés
II (c. 1279 - 1213 a.C.): Conhecido por suas impressionantes
realizações militares e arquitetônicas, como o templo de Abu Simbel,
Ramsés II firmou o primeiro tratado de paz registrado da história com os
hititas após a Batalha de Kadesh.
Avanços culturais e religiosos no Novo Império
O Novo Império foi um período de florescimento cultural e
religioso. Os templos de Karnak e Luxor foram ampliados, consolidando-se como
centros espirituais e administrativos. O culto a Amon-Rá tornou-se
predominante, e as práticas funerárias se sofisticaram, com o Vale dos Reis se
tornando a necrópole dos faraós.
A arte do Novo Império refletia a grandiosidade do poder
faraônico, com esculturas monumentais, pinturas detalhadas e uma ênfase em
retratar os faraós como divindades vivas. A literatura também prosperou, com
textos religiosos como o "Livro dos Mortos", que orientava a jornada
para a vida após a morte.
O declínio do novo império e o caminho para o terceiro período
intermediário
Apesar de sua grandiosidade, o Novo Império começou a
declinar a partir do final da XIX Dinastia. Fatores como disputas internas, a
pressão de povos estrangeiros e o enfraquecimento da autoridade central
contribuíram para essa decadência. No século XI a.C., o Egito entrou em um novo
período de fragmentação conhecido como o Terceiro Período Intermediário.
Conclusão
O Segundo Período Intermediário destacou a vulnerabilidade
do Egito diante de ameaças externas, mas também revelou a capacidade de
resistência e renovação dos egípcios. Com o Novo Império, o Egito atingiu seu
apogeu em poder e cultura, consolidando um legado que ecoa até os dias atuais.
No próximo artigo, abordaremos o Terceiro Período
Intermediário e o lento declínio que prepararia o Egito para novas influências
estrangeiras.
Referências Bibliográficas
- Bard,
Kathryn A. An Introduction to the Archaeology of Ancient Egypt. Blackwell
Publishing, 2007.
- Wilkinson,
Toby. The Rise and Fall of Ancient Egypt. Random House, 2010.
- Shaw,
Ian (Ed.). The Oxford History of Ancient Egypt. Oxford University Press,
2000.
- Redford,
Donald B. Egypt, Canaan, and Israel in Ancient Times. Princeton University
Press, 1992.
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