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domingo, 30 de março de 2025

O Segundo período intermediário e a ascensão do novo império egípcio

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Dando continuidade à nossa série sobre o Egito Antigo, exploramos agora o Segundo Período Intermediário (c. 1650 - 1550 a.C.), uma fase marcada pela fragmentação política e pela presença estrangeira, e o início do poderoso Novo Império (c. 1550 - 1070 a.C.), quando o Egito alcançou o auge de sua expansão territorial e cultural.

O Segundo período intermediário: A dominação dos hicsos

O declínio do Médio Império abriu espaço para a ascensão dos hicsos, um povo de origem asiática que se estabeleceu no Delta do Nilo. Aproveitando a fragilidade do governo central, os hicsos consolidaram seu poder e estabeleceram a XV Dinastia, governando a região a partir de Avaris. Durante esse período, o Egito foi dividido em três áreas de influência: o norte sob controle hicso, a região central administrada por governantes locais, e o sul, onde Tebas mantinha uma relativa autonomia.

Os hicsos introduziram avanços tecnológicos significativos no Egito, como o uso de cavalos, carros de guerra, arcos compostos e novas técnicas de metalurgia. Embora fossem estrangeiros, adotaram elementos da cultura egípcia, incluindo a adoração de divindades locais e a utilização de práticas administrativas egípcias.

A resistência tebana: O caminho para a reunificação

Apesar do domínio dos hicsos, a cidade de Tebas, no Alto Egito, resistiu e iniciou um movimento de libertação. Os faraós tebanos da XVII Dinastia, especialmente Seqenenre Tao, Kamose e, finalmente, Amósis I, lideraram campanhas militares contra os hicsos. Após uma série de batalhas, Amósis I conseguiu expulsar os invasores e reunificar o Egito por volta de 1550 a.C., marcando o início do Novo Império.

O Novo império: A era dos grandes faraós

Com a reunificação, o Novo Império trouxe uma fase de centralização política, expansão militar e prosperidade cultural. Os faraós dessa época consolidaram as fronteiras do Egito e estabeleceram um império que se estendia do sul da Núbia até o Levante.

Entre os governantes mais notáveis do Novo Império, destacam-se:

  • Hatshepsut (c. 1479 - 1458 a.C.): Uma das poucas mulheres a ocupar o trono egípcio, Hatshepsut promoveu expedições comerciais bem-sucedidas, como a viagem à Terra de Punt, e realizou grandiosas construções, incluindo seu templo mortuário em Deir el-Bahari.
  • Tutmés III (c. 1479 - 1425 a.C.): Conhecido como o "Napoleão do Egito", expandiu significativamente o território egípcio, conduzindo campanhas militares vitoriosas até a Síria e o Levante.
  • Amenófis IV/Aquenáton (c. 1353 - 1336 a.C.): Realizou uma revolução religiosa ao instituir o culto monoteísta ao deus Aton, rompendo com as tradições religiosas anteriores. Sua reforma, contudo, foi revertida após sua morte.
  • Tutancâmon (c. 1332 - 1323 a.C.): Embora seu reinado tenha sido breve, seu túmulo, descoberto em 1922 por Howard Carter, revelou tesouros inestimáveis que lançaram luz sobre o período.
  • Ramsés II (c. 1279 - 1213 a.C.): Conhecido por suas impressionantes realizações militares e arquitetônicas, como o templo de Abu Simbel, Ramsés II firmou o primeiro tratado de paz registrado da história com os hititas após a Batalha de Kadesh.

Avanços culturais e religiosos no Novo Império

O Novo Império foi um período de florescimento cultural e religioso. Os templos de Karnak e Luxor foram ampliados, consolidando-se como centros espirituais e administrativos. O culto a Amon-Rá tornou-se predominante, e as práticas funerárias se sofisticaram, com o Vale dos Reis se tornando a necrópole dos faraós.

A arte do Novo Império refletia a grandiosidade do poder faraônico, com esculturas monumentais, pinturas detalhadas e uma ênfase em retratar os faraós como divindades vivas. A literatura também prosperou, com textos religiosos como o "Livro dos Mortos", que orientava a jornada para a vida após a morte.

O declínio do novo império e o caminho para o terceiro período intermediário

Apesar de sua grandiosidade, o Novo Império começou a declinar a partir do final da XIX Dinastia. Fatores como disputas internas, a pressão de povos estrangeiros e o enfraquecimento da autoridade central contribuíram para essa decadência. No século XI a.C., o Egito entrou em um novo período de fragmentação conhecido como o Terceiro Período Intermediário.

Conclusão

O Segundo Período Intermediário destacou a vulnerabilidade do Egito diante de ameaças externas, mas também revelou a capacidade de resistência e renovação dos egípcios. Com o Novo Império, o Egito atingiu seu apogeu em poder e cultura, consolidando um legado que ecoa até os dias atuais.

No próximo artigo, abordaremos o Terceiro Período Intermediário e o lento declínio que prepararia o Egito para novas influências estrangeiras.

Referências Bibliográficas

  • Bard, Kathryn A. An Introduction to the Archaeology of Ancient Egypt. Blackwell Publishing, 2007.
  • Wilkinson, Toby. The Rise and Fall of Ancient Egypt. Random House, 2010.
  • Shaw, Ian (Ed.). The Oxford History of Ancient Egypt. Oxford University Press, 2000.
  • Redford, Donald B. Egypt, Canaan, and Israel in Ancient Times. Princeton University Press, 1992.

 

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