Radio Evangélica

quinta-feira, 20 de março de 2025

Inovação industrial no Brasil recua em 2023

A taxa de inovação industrial caiu para 64,6%, impactada pelo novo cenário econômico, mas investimentos em P&D superam R$ 38 bilhões

Tecpar/Agência Paraná de Notícias
A taxa de inovação das empresas industriais brasileiras com 100 ou mais pessoas ocupadas atingiu 64,6% em 2023, segundo dados divulgados hoje (20) pelo IBGE na Pesquisa de Inovação (PINTEC) Semestral 2023: Indicadores Básicos. O percentual é 3,5 pontos percentuais menor do que o registrado em 2022 (68,1%) e 5,9 pontos percentuais inferior ao de 2021 (70,5%).

A pesquisa, realizada em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), analisou aspectos da inovação nas empresas, como dificuldades enfrentadas, arranjos cooperativos, dispêndios em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e apoio público.

Segundo Flavio Peixoto, gerente da pesquisa, a taxa de 2021 foi elevada devido ao período pós-pandemia, quando houve uma recuperação econômica. "Os anos seguintes foram de ajustes dentro de um novo cenário macroeconômico, o que explica a queda na taxa de inovação", destaca. Outro fator apontado é a redução da taxa de investimento da economia, que passou de 17,9% em 2021 para 16,4% em 2023.

Setores mais inovadores

Os segmentos que mais se destacaram em inovação de produtos e processos de negócios foram:

  • Fabricação de produtos químicos (88,7%)
  • Fabricação de máquinas e equipamentos (88,0%)
  • Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (85,3%)
  • Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (82,4%)

Em contrapartida, os setores menos inovadores foram Fabricação de produtos do fumo (38,7%) e Fabricação de produtos de madeira (31,2%).

Predominância da inovação em processos

A maioria das inovações em 2023 foi relacionada a processos de negócios (51,0%), enquanto 48,0% das empresas inovaram em produtos. No entanto, a proporção de empresas que investiram em processos de negócios caiu em relação a 2022 (53,9%) e 2021 (57,9%). A única exceção foi na categoria "Produção de bens ou fornecimento de serviços", que subiu de 27,7% em 2022 para 29,4% em 2023.

As inovações em produto também sofreram oscilações: de 50,5% em 2021, caíram para 47,3% em 2022 e subiram levemente para 48,0% em 2023. O grau de novidade mostrou que 68,0% dos produtos inovadores eram novos apenas para a empresa, 27,6% eram novos para o mercado nacional e apenas 4,4% eram novidades no mercado mundial.

Investimentos em P&D superam R$ 38 bilhões

Em 2023, as empresas industriais de médio e grande porte investiram R$ 38,3 bilhões em atividades internas de P&D. A Indústria de Transformação foi responsável por 86,4% desse valor (R$ 33,0 bilhões), enquanto as Indústrias Extrativas representaram 13,6% (R$ 5,2 bilhões).

As grandes empresas (500 ou mais pessoas ocupadas) foram as que mais investiram (84,6%), embora tenham reduzido sua participação em relação a 2022 (86,3%). Em contrapartida, empresas de menor porte (100 a 249 pessoas ocupadas) aumentaram sua participação nos gastos, passando de 5,9% em 2022 para 7,9% em 2023.

Os setores que mais investiram em P&D foram:

  • Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (17,4%)
  • Indústrias extrativas (13,6%)
  • Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (10,7%)
  • Fabricação de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (10,5%)
  • Fabricação de produtos químicos (8,8%)

Apoio público diminui

A utilização de incentivos governamentais para inovação caiu em 2023: 36,3% das empresas inovadoras recorreram a algum tipo de apoio público, contra 39,0% em 2022. O mecanismo mais usado foi o Incentivo fiscal à pesquisa e desenvolvimento e inovação tecnológica, previsto na Lei do Bem (Lei nº 11.196/2005), adotado por 26,4% das empresas.

O incentivo público foi mais utilizado por empresas de grande porte (48,6% das que têm 500 ou mais pessoas ocupadas). Entre as de 250 a 499 ocupados, o percentual foi de 27,6%, e entre as menores (100 a 249 ocupados), apenas 16,6% usaram o benefício.

Desafios e perspectivas

Cerca de 47,6% das empresas inovadoras relataram enfrentar obstáculos para inovar, sendo os principais desafios a instabilidade econômica (44,2%), a concorrência (41,4%) e a falta de recursos internos (42,1%).

Apesar disso, 49,1% das empresas indicaram que pretendem aumentar seus investimentos em P&D em 2025, enquanto 48,8% planejam manter os dispêndios atuais e apenas 2,1% preveem redução.

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