A taxa de inovação industrial caiu para 64,6%, impactada pelo novo cenário econômico, mas investimentos em P&D superam R$ 38 bilhões
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Tecpar/Agência Paraná de Notícias |
A pesquisa, realizada em parceria com a Agência Brasileira
de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), analisou aspectos da inovação nas empresas, como dificuldades
enfrentadas, arranjos cooperativos, dispêndios em Pesquisa e Desenvolvimento
(P&D) e apoio público.
Segundo Flavio Peixoto, gerente da pesquisa, a taxa de 2021
foi elevada devido ao período pós-pandemia, quando houve uma recuperação
econômica. "Os anos seguintes foram de ajustes dentro de um novo cenário
macroeconômico, o que explica a queda na taxa de inovação", destaca. Outro
fator apontado é a redução da taxa de investimento da economia, que passou de
17,9% em 2021 para 16,4% em 2023.
Setores mais inovadores
Os segmentos que mais se destacaram em inovação de produtos
e processos de negócios foram:
- Fabricação
de produtos químicos (88,7%)
- Fabricação
de máquinas e equipamentos (88,0%)
- Fabricação
de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (85,3%)
- Fabricação
de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (82,4%)
Em contrapartida, os setores menos inovadores foram Fabricação
de produtos do fumo (38,7%) e Fabricação de produtos de madeira
(31,2%).
Predominância da inovação em processos
A maioria das inovações em 2023 foi relacionada a processos
de negócios (51,0%), enquanto 48,0% das empresas inovaram em produtos. No
entanto, a proporção de empresas que investiram em processos de negócios caiu
em relação a 2022 (53,9%) e 2021 (57,9%). A única exceção foi na categoria
"Produção de bens ou fornecimento de serviços", que subiu de 27,7% em
2022 para 29,4% em 2023.
As inovações em produto também sofreram oscilações: de 50,5%
em 2021, caíram para 47,3% em 2022 e subiram levemente para 48,0% em 2023. O
grau de novidade mostrou que 68,0% dos produtos inovadores eram novos apenas
para a empresa, 27,6% eram novos para o mercado nacional e apenas 4,4% eram
novidades no mercado mundial.
Investimentos em P&D superam R$ 38 bilhões
Em 2023, as empresas industriais de médio e grande porte
investiram R$ 38,3 bilhões em atividades internas de P&D. A
Indústria de Transformação foi responsável por 86,4% desse valor (R$ 33,0
bilhões), enquanto as Indústrias Extrativas representaram 13,6% (R$ 5,2
bilhões).
As grandes empresas (500 ou mais pessoas ocupadas) foram as
que mais investiram (84,6%), embora tenham reduzido sua participação em relação
a 2022 (86,3%). Em contrapartida, empresas de menor porte (100 a 249 pessoas
ocupadas) aumentaram sua participação nos gastos, passando de 5,9% em 2022 para
7,9% em 2023.
Os setores que mais investiram em P&D foram:
- Fabricação
de veículos automotores, reboques e carrocerias (17,4%)
- Indústrias
extrativas (13,6%)
- Fabricação
de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (10,7%)
- Fabricação
de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (10,5%)
- Fabricação
de produtos químicos (8,8%)
Apoio público diminui
A utilização de incentivos governamentais para inovação caiu
em 2023: 36,3% das empresas inovadoras recorreram a algum tipo de apoio
público, contra 39,0% em 2022. O mecanismo mais usado foi o Incentivo fiscal
à pesquisa e desenvolvimento e inovação tecnológica, previsto na Lei do Bem
(Lei nº 11.196/2005), adotado por 26,4% das empresas.
O incentivo público foi mais utilizado por empresas de
grande porte (48,6% das que têm 500 ou mais pessoas ocupadas). Entre as de 250
a 499 ocupados, o percentual foi de 27,6%, e entre as menores (100 a 249
ocupados), apenas 16,6% usaram o benefício.
Desafios e perspectivas
Cerca de 47,6% das empresas inovadoras relataram
enfrentar obstáculos para inovar, sendo os principais desafios a instabilidade
econômica (44,2%), a concorrência (41,4%) e a falta de recursos
internos (42,1%).
Apesar disso, 49,1% das empresas indicaram que
pretendem aumentar seus investimentos em P&D em 2025, enquanto 48,8%
planejam manter os dispêndios atuais e apenas 2,1% preveem redução.
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