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A formação do sistema político romano teve início com uma
monarquia, na qual reis detinham poderes militares, religiosos e judiciais.
Segundo a tradição, Rômulo foi o primeiro de sete reis, incluindo figuras
semilendárias como Numa Pompílio e Tarquínio, o Soberbo, cujo reinado terminou
com a fundação da República em 509 a.C. (OGILVIE, 1976). A estrutura política
durante a monarquia consistia em três pilares principais: o rei, o Senado
(formado por anciãos das famílias patrícias) e a Assembleia Curiata, que reunia
os cidadãos para ratificar as decisões reais.
A Influência etrusca
A presença e a influência etrusca foram decisivas para a
formação de Roma. Os etruscos, um povo sofisticado e culturalmente avançado do
norte da Itália, influenciaram profundamente a arquitetura, a religião e as
práticas políticas romanas. Artefatos arqueológicos, como túmulos e templos
etruscos, evidenciam essa interação (HEURGON, 1973). Entre as inovações
etruscas adotadas por Roma estão o uso do arco na arquitetura, a prática dos
augúrios (interpretação de sinais divinos) e elementos do cerimonial público,
como o triunfo, uma celebração em homenagem a generais vitoriosos.
Além disso, os últimos reis de Roma, incluindo Tarquínio
Prisco e Tarquínio, o Soberbo, eram de origem etrusca. Durante seu governo,
Roma experimentou um crescimento urbano significativo, com a construção de
obras públicas como o sistema de drenagem Cloaca Máxima e o Fórum Romano, que
se tornou o coração político e comercial da cidade.
A transição para a república
A queda da monarquia e a transição para a República
ocorreram em um contexto de tensões sociais e disputas pelo poder. De acordo
com a tradição, a tirania de Tarquínio, o Soberbo, e o abuso de poder da
realeza motivaram a revolta liderada por Lúcio Júnio Bruto, que resultou na
expulsão dos reis e no estabelecimento de um sistema republicano em 509 a.C.
O novo regime republicano estruturou-se em torno de
magistraturas anuais, como os cônsules, que substituíram o poder régio, e de
instituições representativas, como o Senado e as assembleias populares. Esse
modelo de governo, marcado pela divisão de poderes e pela participação cidadã,
consolidou a expansão de Roma e sua hegemonia na península Itálica ao longo dos
séculos seguintes.
Considerações finais
A fundação de Roma é um exemplo paradigmático da fusão entre
mito e realidade histórica. A lenda de Rômulo e Remo, ao mesmo tempo em que
legitimava o poder e a identidade romana, ocultava um processo mais longo e
complexo de formação urbana e política. As descobertas arqueológicas confirmam
a existência de uma ocupação anterior à data tradicional de 753 a.C.,
destacando a influência de diferentes povos na construção da cidade.
Esse entrelaçamento de tradição e evidência histórica não
apenas enriquece nossa compreensão sobre as origens de Roma, mas também
ressalta a importância do mito como ferramenta de coesão social e de afirmação
de poder na Antiguidade.
Referências Bibliográficas
CARANDINI, Andrea. Roma: Il primo giorno. Torino: Giulio
Einaudi, 2003.
CORNELL, T. J. The Beginnings of Rome: Italy and Rome from
the Bronze Age to the Punic Wars (c. 1000–264 BC). London: Routledge, 1995.
HEURGON, Jacques. La Vie quotidienne chez les Étrusques.
Paris: Hachette, 1973.
LÍVIO, Tito. História de Roma desde a sua fundação. São
Paulo: Edipro, 2014.
OGILVIE, R. M. Early Rome and the Etruscans. London: Fontana
Press, 1976.
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