Radio Evangélica

segunda-feira, 31 de março de 2025

Resenha de Quincas Borba – Machado de Assis

Publicado em 1891, Quincas Borba é um dos romances mais marcantes de Machado de Assis, pertencente à sua fase realista. O livro dá continuidade a alguns elementos introduzidos em Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), como o conceito filosófico do "Humanitismo" e o próprio personagem Quincas Borba, que aqui desempenha um papel mais central. Entretanto, o protagonista desta obra é Rubião, um homem ingênuo que se torna herdeiro da fortuna do excêntrico filósofo Quincas Borba e, a partir disso, sua vida toma rumos inesperados.

Enredo e temas

A história segue Rubião, um professor de Barbacena que, ao herdar a fortuna de Quincas Borba, muda-se para o Rio de Janeiro e passa a viver como um homem rico. Ele se deslumbra com a alta sociedade, mas também se torna alvo de oportunistas, como Cristiano Palha e sua esposa Sofia, que exploram sua ingenuidade. Rubião apaixona-se por Sofia, mas sua paixão não é correspondida, o que o leva a uma degradação emocional e psicológica.

O romance aborda temas como a hipocrisia da sociedade, a ilusão da ascensão social e a fragilidade da mente humana. Machado de Assis faz uma crítica ácida ao comportamento oportunista de certas camadas da elite, além de questionar os valores morais da época. O conceito do Humanitismo, uma paródia do darwinismo social, também permeia a narrativa, especialmente na ideia de "ao vencedor, as batatas", que ironiza a seleção natural aplicada às relações humanas.

Estilo e narrativa

Machado de Assis emprega uma narrativa fluida e envolvente, recheada de ironia e humor refinado. A obra tem um narrador onisciente que comenta os acontecimentos com perspicácia, muitas vezes antecipando o destino das personagens. O romance também é repleto de digressões, o que permite ao autor explorar as complexidades psicológicas dos personagens de maneira profunda.

Considerações finais

Quincas Borba é uma obra magistral que expõe, com sarcasmo e melancolia, a fragilidade humana diante da ambição e do poder. A transformação de Rubião, de um homem simples a um alienado perdido em delírios, é um dos retratos mais tristes e bem construídos da literatura brasileira. Com sua escrita elegante e crítica ácida, Machado de Assis cria uma narrativa atemporal, que continua relevante e instigante até os dias de hoje.

Ao vencedor, as batatas!

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