Radio Evangélica

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Resenha Crítica: Revolução Francesa e Iluminismo, de Jorge Grespan

Na obra Revolução Francesa e Iluminismo, o historiador e filósofo Jorge Grespan oferece ao leitor uma análise densa e intelectualmente estimulante sobre a relação entre duas das maiores forças transformadoras da modernidade: o movimento filosófico do Iluminismo e o processo histórico e social da Revolução Francesa. Lançado pela editora Unesp, o livro integra a coleção “História Geral”, que busca sintetizar, com rigor acadêmico e clareza expositiva, grandes temas da história mundial.

Iluminismo: matriz intelectual da Revolução

Grespan inicia sua análise contextualizando o Iluminismo como um fenômeno intelectual europeu dos séculos XVII e XVIII, nascido em meio à crítica à tradição, à autoridade religiosa e à monarquia absolutista. O autor destaca como pensadores como Locke, Montesquieu, Rousseau, Voltaire e Diderot, entre outros, foram fundamentais na formulação de ideias que viriam a influenciar diretamente os revolucionários franceses. Princípios como razão, liberdade, igualdade, tolerância e soberania popular, antes restritos ao campo teórico, tornaram-se slogans políticos e bases programáticas da Revolução.

A Revolução Francesa como expressão política das luzes

No cerne do livro, Grespan articula uma leitura em que a Revolução Francesa aparece não apenas como um levante popular ou uma reconfiguração de poderes, mas como uma tentativa concreta de implementar os ideais iluministas no plano institucional. O autor mostra como o Iluminismo, ainda que plural e contraditório, forneceu o repertório simbólico e ideológico para justificar a abolição da monarquia, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a redefinição da cidadania e a reorganização da sociedade civil com base em princípios racionais e igualitários.

Contradições, radicalização e legado

Um dos pontos altos do livro é sua abordagem crítica das tensões internas da Revolução. Grespan não se furta a analisar o paradoxo entre os ideais de liberdade e os métodos autoritários adotados durante o período do Terror jacobino. O autor também evidencia os limites do projeto iluminista, especialmente em relação à questão da escravidão, do papel das mulheres e da permanência de desigualdades econômicas. Ao invés de romantizar o processo revolucionário, Grespan propõe uma leitura dialética, que compreende a Revolução como uma ruptura histórica, mas também como um processo cheio de ambivalências.

Linguagem, público-alvo e relevância

A linguagem do livro é clara, didática e bem estruturada, o que torna a obra acessível tanto para estudantes do ensino médio e superior quanto para o público geral interessado em história, filosofia e ciências sociais. Ao mesmo tempo, a argumentação é embasada e rigorosa, com referências a uma ampla tradição historiográfica que vai de Alexis de Tocqueville a François Furet, passando por marxistas como Albert Soboul.

Uma leitura necessária para compreender a modernidade

Revolução Francesa e Iluminismo é, acima de tudo, um convite à reflexão sobre os fundamentos do mundo moderno: a política como construção racional, os direitos como conquista histórica e a liberdade como ideal sempre inacabado. Em tempos de crise das democracias e revisionismos históricos, a obra de Grespan se apresenta como um antídoto contra o obscurantismo e uma defesa contundente da razão crítica.

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