Durante os séculos XVII e XVIII, com o Iluminismo e a
sistematização da arqueologia, o colecionismo de esculturas clássicas ganhou
fôlego entre as elites europeias. Museus como o British Museum e o Louvre foram
formados, em parte, graças às escavações em sítios como Pompeia, Herculano e
Roma. Esse processo não apenas preservou, mas também ressignificou a escultura
romana, integrando-a ao imaginário acadêmico e artístico do Ocidente moderno
(HONORÉ, 1998).
Escultura Romana e o Discurso do Poder na
Contemporaneidade
No mundo contemporâneo, a escultura romana permanece como
uma poderosa referência simbólica nas esferas pública e institucional.
Monumentos, estátuas e arquitetura de inspiração clássica continuam sendo
utilizados para transmitir ideias de estabilidade, autoridade e civilização.
Capitólios, palácios governamentais e espaços de poder em diversas nações fazem
uso consciente dos elementos estéticos herdados de Roma, perpetuando uma
linguagem visual que associa o clássico à ordem, à razão e ao prestígio (BOARDMAN,
1993).
Por outro lado, a crítica contemporânea também questiona
esse legado, especialmente em debates sobre colonialismo, eurocentrismo e a
apropriação de símbolos clássicos em contextos de dominação cultural. A
escultura romana, nesse sentido, torna-se também objeto de reflexão sobre como
as imagens moldam não apenas a memória do passado, mas as disputas simbólicas
do presente (OSBORNE, 2011).
Perspectivas Atuais e Estudos Recentes
Avanços na arqueologia digital, na fotogrametria e na
reconstrução 3D estão permitindo novos olhares sobre a escultura romana.
Pesquisas recentes revelam, por exemplo, que muitas das estátuas que hoje vemos
em mármore branco originalmente eram pintadas com cores vibrantes, desafiando a
ideia de uma estética puramente monocromática que dominou o imaginário
ocidental por séculos (BRADLEY, 2009). Essa redescoberta cromática reforça a
compreensão da escultura romana como uma expressão dinâmica, sensorial e profundamente
conectada à vida cotidiana de seus contextos históricos.
Dessa forma, a escultura romana transcende sua função
original e continua a dialogar com as sociedades contemporâneas, seja como
fonte de inspiração estética, seja como campo de debates sobre identidade,
memória e poder.
Referências Bibliográficas
BOARDMAN, John. The Oxford
History of Classical Art. Oxford: Oxford University Press, 1993.
- BRADLEY,
Mark. Colour and Meaning in Ancient Rome. Cambridge: Cambridge
University Press, 2009.
- HASKELL,
Francis; PENNY, Nicholas. Taste and the Antique: The Lure of Classical
Sculpture 1500-1900. New Haven: Yale University Press, 1981.
- HONORÉ,
Tony. Making Laws Bind: Essays Legal and Philosophical. Oxford:
Clarendon Press, 1998.
- OSBORNE,
Robin. The History Written on the Classical Greek Body. Cambridge:
Cambridge University Press, 2011.
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