Monarquia
Constitucional Eletiva: O Yang di-Pertuan Agong
Na Malásia, o chefe de
Estado é conhecido como Yang di-Pertuan Agong, um título que pode ser traduzido
como “Supremo Senhor” ou “Rei da Federação”. Este monarca é escolhido a cada
cinco anos entre os nove sultões hereditários dos estados malaios — uma prática
estabelecida desde a independência do país em 1957. O sistema é, portanto, uma
monarquia rotativa: os sultões elegem entre si, em Conselho, aquele que será o
rei da Malásia por um quinquênio. Os outros quatro estados da federação que não
possuem sultões (Penang, Malaca, Sabah e Sarawak) não participam dessa eleição,
pois são liderados por governadores (Yang di-Pertua Negeri), que não têm
direito de voto.
O Papel do Monarca:
Símbolo Nacional e Moderador Constitucional
O rei da Malásia
exerce funções majoritariamente cerimoniais, mas possui poderes constitucionais
limitados, semelhantes aos de outras monarquias parlamentares. Entre suas
atribuições estão: nomear o primeiro-ministro, convocar e dissolver o
parlamento, sancionar leis, ser o Comandante Supremo das Forças Armadas e o
Guardião do Islã nos estados que não têm sultões. Embora atue segundo
aconselhamento do primeiro-ministro e do gabinete, seu papel pode se tornar
mais relevante em momentos de crise política.
Parlamento
Bicameral: Poder Legislativo em Ação
O Parlamento da
Malásia é bicameral, composto pela Dewan Rakyat (Câmara dos Representantes) e
pela Dewan Negara (Senado). A Dewan Rakyat, com 222 membros eleitos por voto
direto, é responsável por aprovar leis e fiscalizar o governo. Já o Senado, com
70 membros em parte nomeados pelo rei e em parte pelos estados, atua como
câmara revisora. O sistema é parlamentarista, com o primeiro-ministro
dependendo da confiança da maioria da Dewan Rakyat.
Religião Oficial e
Liberdade Religiosa
A Constituição da
Malásia estabelece o Islã como a religião da Federação, mas garante liberdade
religiosa. O Estado tem forte presença institucional do Islã sunita e o rei
atua como Chefe da Religião Islâmica. A lei islâmica aplica-se apenas a
muçulmanos em questões civis, enquanto os não muçulmanos seguem o sistema
jurídico civil. Outras religiões, como budismo, cristianismo e hinduísmo, são
amplamente praticadas.
Pluralismo Político
e Desafios Atuais
A Malásia é uma
democracia multipartidária com eleições regulares. A política é marcada por
coalizões interétnicas. Apesar da estabilidade, há desafios como tensões
étnico-religiosas, questões de liberdade de expressão e crises institucionais
recentes que colocaram o papel do rei em destaque nas transições de governo sem
eleições diretas.
Conclusão
A monarquia na Malásia
representa uma fusão única entre tradição e modernidade, com um modelo rotativo
que valoriza os sultões e preserva a coesão nacional. Ao mesmo tempo, a
estrutura parlamentar e a convivência religiosa oferecem um campo fértil para o
pluralismo político e cultural. O sistema malaio é um fascinante exemplo de
como elementos históricos e constitucionais podem dialogar em prol da
estabilidade e representatividade.
Referências
Bibliográficas
MILNER, Anthony. The
Malays. Wiley-Blackwell, 2011.
FUNSTON, John.
Government and Politics in Southeast Asia. ISEAS-Yusof Ishak Institute, 2001.
MOHAMED, Salleh Buang.
The Malaysian Constitution: A Critical Introduction. University of Malaya
Press, 2010.
Constituição Federal
da Malásia, 1957 (última emenda).
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