História e Criação: Um Novo Tempo para Sergipe
A história da Bandeira de Sergipe está intimamente ligada a
um período de grande desenvolvimento econômico e otimismo regional. Ela foi
idealizada por João Ribeiro de Morais e Silva, comerciante, jornalista e
deputado estadual, e oficializada pela Lei nº 795, de 19 de outubro de
1920, durante o governo de José Rodrigues da Costa Dória, o “Pereira
Lobo”.
Antes de sua adoção, Sergipe utilizava apenas a bandeira
nacional com o brasão estadual ao centro, como era costume em vários estados
brasileiros após a Proclamação da República. A criação de um símbolo próprio,
em um momento de afirmação regional, refletia a necessidade de reforçar a
identidade cultural e administrativa do estado, que buscava se consolidar
economicamente, principalmente com o avanço da produção algodoeira e da
navegação fluvial.
A década de 1920 foi marcada por políticas de modernização
urbana, valorização da educação e expansão das atividades agrícolas e
comerciais, especialmente em Aracaju, que desde 1855 já era capital planejada
para ser um centro administrativo funcional. Nesse contexto, a bandeira surge
como símbolo de um Sergipe novo, que desejava se afirmar no cenário federativo
brasileiro com voz própria.
Simbolismo das Cores e Estrelas: Um Retrato do Estado
O desenho da bandeira sergipana é composto por três faixas
horizontais de cores distintas — verde, amarelo e azul — e um cantão azul
com quatro estrelas brancas. Cada elemento possui um significado profundo e
interligado à geografia, à economia e à identidade cultural do estado.
Faixas Horizontais:
- Verde:
A cor verde, na parte superior, representa a exuberância das matas e
florestas sergipanas, como os remanescentes da Mata Atlântica e do
bioma Caatinga, além de simbolizar a esperança de um povo
resiliente, que sempre buscou progresso mesmo em meio às adversidades
climáticas e econômicas.
- Amarelo:
A faixa do meio representa as riquezas minerais e agrícolas de
Sergipe. Além do petróleo e gás natural, o amarelo lembra a cultura
algodoeira, o cultivo de cana-de-açúcar, laranja e outras atividades
agrícolas que moldaram o desenvolvimento econômico do estado.
- Azul:
A faixa azul, na base, remete aos rios e ao mar, destacando o Rio
São Francisco, o Rio Sergipe, e o litoral atlântico, com
suas praias e portos que desde o período colonial desempenharam papel
fundamental na integração econômica e cultural com outras regiões.
Cantão Azul e Estrelas Brancas:
- Cantão
Azul: Posicionado no canto superior esquerdo, representa o céu da
República, estabelecendo um elo com a bandeira nacional e com o
princípio federativo. É o símbolo da unidade do estado com o Brasil,
ao mesmo tempo em que realça sua individualidade dentro do pacto
federativo.
- Estrelas
Brancas: As quatro estrelas brancas dispostas em linha
representam os quatro principais rios de Sergipe à época da criação
da bandeira. Além de seu papel econômico e ambiental, esses rios
simbolizam fluxo, integração e fertilidade, elementos essenciais à
vida e à história do povo sergipano.
- Rio
Sergipe: Fundamental para o abastecimento da capital, Aracaju, e
historicamente usado para navegação e comércio.
- Rio
São Francisco: Um dos maiores rios da América do Sul, atravessa parte
de Sergipe e é fonte de vida, irrigação e geração de energia.
- Rio
Vaza-Barris: Importante para o litoral sul do estado, sua bacia
envolve áreas agrícolas e pesqueiras.
- Rio
Cotinguiba: Essencial no ciclo econômico da cana-de-açúcar, tem
importância histórica desde o período colonial.
Além disso, a disposição e simetria das estrelas e cores
conferem harmonia estética e equilíbrio visual, refletindo o desejo de
ordem, progresso e coesão social.
Função Cívica e Significado Atual
Nos dias atuais, a Bandeira de Sergipe é utilizada em
cerimônias oficiais, escolas públicas, eventos esportivos e manifestações
culturais. Ela representa a identidade sergipana com orgulho, sendo
ensinada nas escolas como símbolo de pertencimento e valorização regional.
Em tempos de redescoberta das identidades locais, a bandeira
também passou a ser ressignificada em movimentos culturais, na arte urbana e
até em roupas e produtos que reafirmam o orgulho de ser sergipano. Seu
simbolismo tornou-se uma ferramenta pedagógica, histórica e afetiva.
Conclusão: Um Legado de Identidade e Progresso
A Bandeira de Sergipe é, portanto, um compêndio
visual da identidade sergipana. Suas cores e estrelas narram a história de um
povo trabalhador, de uma terra rica em recursos naturais e de um estado que
busca o desenvolvimento contínuo. Ela simboliza a união entre a natureza exuberante,
as riquezas econômicas e a importância dos rios que moldam a paisagem e a vida
dos sergipanos.
Ao hastear a bandeira, celebra-se não apenas um símbolo
visual, mas a memória de um povo, a força de sua cultura e a esperança
de um futuro onde Sergipe siga crescendo com justiça social, sustentabilidade e
orgulho de sua trajetória histórica.
Referências Bibliográficas
- INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Sergipe: História e
Cultura. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/
(Acesso em 22 de junho de 2025).
- GOVERNO
DO ESTADO DE SERGIPE. Símbolos Estaduais. Disponível em: https://www.se.gov.br/ (Acesso em 22 de
junho de 2025).
- MARTINS,
Cláudio José Vieira. Bandeiras de Sergipe: Histórico e Simbolismo.
Aracaju: [s.n.], [s.d.].
- SILVA,
Hélio. As Bandeiras da Nação. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, [s.d.].
- ALMEIDA,
Clóvis de Barros. Símbolos Regionais do Brasil: Representações,
Identidade e Memória. São Paulo: Atlas Cultural, 2018.
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