Radio Evangélica

quarta-feira, 25 de junho de 2025

A Bandeira de Sergipe: Um Símbolo de História, Trabalho e Esperança

A bandeira de um estado é muito mais que um pedaço de tecido com cores e formas; é um espelho de sua história, de seus valores e de suas aspirações. A Bandeira de Sergipe, com seu design distintivo e cores vibrantes, não é diferente. Ela carrega em cada traço e matiz um profundo simbolismo que remonta à formação econômica, política e social do estado, revelando um passado de luta, trabalho e uma visão de futuro promissor. É um emblema visual de pertencimento, que une passado, presente e a projeção de um Sergipe progressista no cenário nacional.

História e Criação: Um Novo Tempo para Sergipe

A história da Bandeira de Sergipe está intimamente ligada a um período de grande desenvolvimento econômico e otimismo regional. Ela foi idealizada por João Ribeiro de Morais e Silva, comerciante, jornalista e deputado estadual, e oficializada pela Lei nº 795, de 19 de outubro de 1920, durante o governo de José Rodrigues da Costa Dória, o “Pereira Lobo”.

Antes de sua adoção, Sergipe utilizava apenas a bandeira nacional com o brasão estadual ao centro, como era costume em vários estados brasileiros após a Proclamação da República. A criação de um símbolo próprio, em um momento de afirmação regional, refletia a necessidade de reforçar a identidade cultural e administrativa do estado, que buscava se consolidar economicamente, principalmente com o avanço da produção algodoeira e da navegação fluvial.

A década de 1920 foi marcada por políticas de modernização urbana, valorização da educação e expansão das atividades agrícolas e comerciais, especialmente em Aracaju, que desde 1855 já era capital planejada para ser um centro administrativo funcional. Nesse contexto, a bandeira surge como símbolo de um Sergipe novo, que desejava se afirmar no cenário federativo brasileiro com voz própria.

Simbolismo das Cores e Estrelas: Um Retrato do Estado

O desenho da bandeira sergipana é composto por três faixas horizontais de cores distintas — verde, amarelo e azul — e um cantão azul com quatro estrelas brancas. Cada elemento possui um significado profundo e interligado à geografia, à economia e à identidade cultural do estado.

Faixas Horizontais:

  • Verde: A cor verde, na parte superior, representa a exuberância das matas e florestas sergipanas, como os remanescentes da Mata Atlântica e do bioma Caatinga, além de simbolizar a esperança de um povo resiliente, que sempre buscou progresso mesmo em meio às adversidades climáticas e econômicas.
  • Amarelo: A faixa do meio representa as riquezas minerais e agrícolas de Sergipe. Além do petróleo e gás natural, o amarelo lembra a cultura algodoeira, o cultivo de cana-de-açúcar, laranja e outras atividades agrícolas que moldaram o desenvolvimento econômico do estado.
  • Azul: A faixa azul, na base, remete aos rios e ao mar, destacando o Rio São Francisco, o Rio Sergipe, e o litoral atlântico, com suas praias e portos que desde o período colonial desempenharam papel fundamental na integração econômica e cultural com outras regiões.

Cantão Azul e Estrelas Brancas:

  • Cantão Azul: Posicionado no canto superior esquerdo, representa o céu da República, estabelecendo um elo com a bandeira nacional e com o princípio federativo. É o símbolo da unidade do estado com o Brasil, ao mesmo tempo em que realça sua individualidade dentro do pacto federativo.
  • Estrelas Brancas: As quatro estrelas brancas dispostas em linha representam os quatro principais rios de Sergipe à época da criação da bandeira. Além de seu papel econômico e ambiental, esses rios simbolizam fluxo, integração e fertilidade, elementos essenciais à vida e à história do povo sergipano.
    1. Rio Sergipe: Fundamental para o abastecimento da capital, Aracaju, e historicamente usado para navegação e comércio.
    2. Rio São Francisco: Um dos maiores rios da América do Sul, atravessa parte de Sergipe e é fonte de vida, irrigação e geração de energia.
    3. Rio Vaza-Barris: Importante para o litoral sul do estado, sua bacia envolve áreas agrícolas e pesqueiras.
    4. Rio Cotinguiba: Essencial no ciclo econômico da cana-de-açúcar, tem importância histórica desde o período colonial.

Além disso, a disposição e simetria das estrelas e cores conferem harmonia estética e equilíbrio visual, refletindo o desejo de ordem, progresso e coesão social.

Função Cívica e Significado Atual

Nos dias atuais, a Bandeira de Sergipe é utilizada em cerimônias oficiais, escolas públicas, eventos esportivos e manifestações culturais. Ela representa a identidade sergipana com orgulho, sendo ensinada nas escolas como símbolo de pertencimento e valorização regional.

Em tempos de redescoberta das identidades locais, a bandeira também passou a ser ressignificada em movimentos culturais, na arte urbana e até em roupas e produtos que reafirmam o orgulho de ser sergipano. Seu simbolismo tornou-se uma ferramenta pedagógica, histórica e afetiva.

Conclusão: Um Legado de Identidade e Progresso

A Bandeira de Sergipe é, portanto, um compêndio visual da identidade sergipana. Suas cores e estrelas narram a história de um povo trabalhador, de uma terra rica em recursos naturais e de um estado que busca o desenvolvimento contínuo. Ela simboliza a união entre a natureza exuberante, as riquezas econômicas e a importância dos rios que moldam a paisagem e a vida dos sergipanos.

Ao hastear a bandeira, celebra-se não apenas um símbolo visual, mas a memória de um povo, a força de sua cultura e a esperança de um futuro onde Sergipe siga crescendo com justiça social, sustentabilidade e orgulho de sua trajetória histórica.

Referências Bibliográficas

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Sergipe: História e Cultura. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/ (Acesso em 22 de junho de 2025).
  • GOVERNO DO ESTADO DE SERGIPE. Símbolos Estaduais. Disponível em: https://www.se.gov.br/ (Acesso em 22 de junho de 2025).
  • MARTINS, Cláudio José Vieira. Bandeiras de Sergipe: Histórico e Simbolismo. Aracaju: [s.n.], [s.d.].
  • SILVA, Hélio. As Bandeiras da Nação. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, [s.d.].
  • ALMEIDA, Clóvis de Barros. Símbolos Regionais do Brasil: Representações, Identidade e Memória. São Paulo: Atlas Cultural, 2018.

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