![]() |
Acervo do Museu Paulista |
Formação Iluminista: Coimbra e as Sementes do Liberalismo
Nascido na Bahia em 1762, Cipriano Barata formou-se em
medicina na Universidade de Coimbra, em Portugal. Lá, foi profundamente
influenciado pelas ideias iluministas que agitavam a Europa no final do século
XVIII. Essas ideias, baseadas na liberdade, na razão e no combate ao
absolutismo, moldaram sua visão política e o acompanharam por toda a vida.
Atuação nas Conjurações e Revoluções
Ainda jovem, Barata envolveu-se com grupos políticos que
sonhavam com um Brasil mais livre e autônomo. Ele participou da Conjuração
Baiana de 1798, movimento popular que já defendia a abolição da escravidão
e a instalação de uma república. Anos depois, também apoiaria a Revolução
Pernambucana de 1817, outra tentativa regional de romper com o domínio
lusitano e criar um regime republicano.
Esses envolvimentos lhe custaram várias prisões e longos
períodos de perseguição.
O Contexto de D. João VI: Oportunidade e Contradição
A vinda da corte portuguesa ao Brasil, em 1808, abriu novas
possibilidades políticas. D. João VI trouxe consigo a abertura dos portos, a
criação de instituições culturais e científicas e um certo relaxamento na
repressão às ideias liberais. Foi nesse ambiente contraditório que Cipriano
Barata encontrou alguma brecha para atuar politicamente, embora jamais tenha
sido um aliado direto do rei. Pelo contrário: manteve-se crítico ao absolutismo
e sempre buscou maior autonomia para o Brasil.
Em 1821, foi eleito deputado às Cortes de Lisboa, defendendo
veementemente os interesses brasileiros contra tentativas de recolonização.
O Jornal como Arma: A "Sentinela da Liberdade"
Após a independência, durante o Primeiro Reinado de D. Pedro
I, Cipriano Barata intensificou sua atuação na imprensa. Fundou o jornal Sentinela
da Liberdade na Guarita de Pernambuco, um dos periódicos mais combativos da
época. Mesmo preso, continuava enviando seus artigos e editoriais, criticando
tanto o autoritarismo do Imperador quanto as oligarquias locais.
Seu jornal tornou-se um símbolo da resistência republicana,
popularizando temas como:
- Liberdade
de imprensa;
- Autonomia
provincial;
- Direitos
civis;
- Abolição
gradual da escravidão.
Prisões e Resistência: Um Homem Perseguido
As ideias radicais de Barata não passaram impunes. Ao longo
de sua vida, foi preso diversas vezes, tanto durante o período colonial quanto
sob o governo imperial. Sua atuação na Confederação do Equador (1824),
movimento separatista no Nordeste, o levou novamente à cadeia.
Mesmo assim, jamais renunciou às suas convicções. Continuou
escrevendo, organizando círculos de debate e incentivando novos militantes até
seus últimos anos de vida.
O Legado de Cipriano Barata
Cipriano Barata faleceu em 1838, mas sua atuação permanece
como símbolo de uma tradição política brasileira baseada na luta por liberdades
públicas, direitos civis e autonomia política. Muito antes da proclamação da
república, ele já desafiava tanto a coroa portuguesa quanto o império
brasileiro.
Seu legado ajuda a compreender as raízes do pensamento
republicano no Brasil, bem como a importância da imprensa como ferramenta de
resistência.
Referências Bibliográficas
- BREDA,
L. L. De “estranho monarquista” a “obstinado republicano”: a construção
historiográfica de Cipriano Barata (1762–1838). Saeculum, v. 29, n.
50, 2024.
- Gilfrancisco.
Cipriano Barata, um jornalista agitando a plebe. São Paulo,
Evidencie-se, s/d.
- Oliveira
Lima, Manuel. Dom João VI no Brasil (1808–1821).
- MULTIRIO.
Cipriano Barata e as ideias liberais. Rio de Janeiro, s/d.
- WIKIPÉDIA.
Cipriano Barata. Atualizado 2024.
Nenhum comentário:
Postar um comentário