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Leia também O Início Surpreendente (1830–1890): Os Primeiros Inventores da
Mobilidade Elétrica.
A Invenção que Mudou Tudo: O Adeus à Manivela
Um dos maiores obstáculos dos primeiros carros a gasolina
era seu método de partida. O motorista precisava girar uma manivela manual na
frente do veículo, um processo trabalhoso, sujo e perigoso. O "coice"
do motor — um contragolpe inesperado da manivela — era uma causa comum de
fraturas e outras lesões graves. Essa dificuldade era a principal desvantagem
da combustão em comparação com os elétricos, que ligavam com um simples apertar
de botão.
Tudo mudou em 1912, quando a Cadillac introduziu o motor de
arranque elétrico. A inovação foi desenvolvida por Charles Kettering, motivado
por uma tragédia pessoal: a morte de um amigo próximo devido a complicações de
um ferimento causado por uma manivela. O invento de Kettering eliminou o perigo
e o esforço físico, tornando a partida de um carro a gasolina tão simples
quanto a de um elétrico. De repente, a maior vantagem de conveniência dos
veículos a bateria foi neutralizada.
Veja também Do
Magnetofone ao Ampex 200A: A máquina que mudou a forma como ouvimos o mundo.
A Revolução de Henry Ford: O Carro para as Massas
Enquanto os carros elétricos eram produzidos de forma quase
artesanal e vistos como itens de luxo para a alta sociedade, Henry Ford estava
prestes a mudar a indústria para sempre.
Com a introdução do Ford Modelo T
em 1908 e, fundamentalmente, a implementação da linha de montagem móvel em
1913, Ford revolucionou a produção. Ele conseguiu reduzir o tempo de fabricação
de um chassi de 12,5 horas para apenas 93 minutos. Consequentemente, o preço do
Modelo T despencou, tornando-o acessível para a classe média e transformando o
carro em um meio de transporte de massa. Os fabricantes de carros elétricos,
presos a métodos caros e lentos, simplesmente não conseguiam competir com essa
escala.
Leia também Solar vs. Eólica vs. Hidrelétrica: Qual é a Melhor Fonte de
Energia para o Brasil?.
Petróleo Barato e Estradas para o Futuro
A virada econômica foi impulsionada pela descoberta de
vastas reservas de energia. O marco inicial foi o gigantesco poço de
Spindletop, no Texas, em 1901, que inundou o mercado com petróleo barato e
tornou a gasolina um combustível abundante e acessível.
Paralelamente, o governo americano começou a investir
pesadamente na infraestrutura viária. O ápice desse movimento foi o Federal-Aid
Highway Act de 1956, assinado pelo presidente Eisenhower, que criou o Sistema
de Rodovias Interestaduais. Essas novas estradas incentivaram viagens de longa
distância, para as quais os carros a gasolina — com autonomia superior e
reabastecimento rápido — eram perfeitos. Os carros elétricos, com alcance
limitado, ficaram restritos às cidades, perdendo a batalha pela liberdade que a
"estrada aberta" representava.
Saiba mais em Carregadores Solares: Como a Energia Solar Está Revolucionando os
Veículos Elétricos.
Conclusão
A conveniência do motor de partida elétrico, a
acessibilidade radical do Ford Modelo T e a dupla imbatível de combustível
barato com uma infraestrutura em expansão criaram uma "tempestade
perfeita". Essa confluência de eventos selou o destino dos carros
elétricos por mais de meio século.
A história nos mostra que a tecnologia dominante não é
necessariamente a "melhor" em termos absolutos, mas aquela que se
encaixa em um ecossistema de preço, conveniência e infraestrutura. Hoje,
enquanto vemos os carros elétricos ressurgirem, essa lição do passado é mais
relevante do que nunca, lembrando-nos de que a história da indústria automotiva
é um ciclo contínuo de inovação e disrupção.
Continue lendo sobre energia e mobilidade elétrica:
• Carregadores Solares e Mobilidade Elétrica
• O Início da Mobilidade Elétrica (1830–1890)
Referências Bibliográficas
BRINKLEY, Douglas. Wheels for the World: Henry Ford, His
Company, and a Century of Progress. New York: Penguin Books, 2004.
KIRSCH, David A. The Electric Vehicle and the Burden of History. New
Jersey: Rutgers University Press, 2000.
YERGIN, Daniel. The Prize: The Epic Quest for Oil, Money, and Power. New York: Simon & Schuster, 1991.

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