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No centro dessa cosmovisão estava um panteão diversificado
de deuses que governavam as forças da natureza e influenciavam cada aspecto da
vida cotidiana.
A Cosmovisão Maia: Um Universo Estruturado
Para os maias, o universo era estruturado em três planos
distintos, conectados por uma árvore sagrada gigante, a Ceiba (Yaxché),
cujas raízes mergulhavam no submundo e os galhos se estendiam até os céus.
- O
Mundo Superior (Oxlahuntikú): A morada celestial, dividida em 13
níveis, cada um governado por uma deidade diferente. Era o lar dos deuses
mais proeminentes e o destino de almas nobres.
- O
Mundo Médio (Kab): O plano terrestre, onde os humanos viviam. Era
concebido como uma superfície plana e quadrada, com cada canto associado a
uma cor, um deus (Bacab) e um presságio.
- O
Submundo (Xibalbá): Conhecido como "o lugar do medo", era um
reino subterrâneo dividido em 9 níveis, governado por deuses da morte e da
decomposição. Xibalbá não era um inferno no sentido cristão, mas
uma parte essencial do ciclo cósmico, associada à noite, à água e ao
renascimento.
Nota: O tempo para os maias era cíclico, não linear.
Eles utilizavam múltiplos calendários complexos (como o Tzolk'in de 260
dias e o Haab' de 365 dias) para marcar rituais e entender o fluxo de
energia cósmica.
O Panteão Maia: Principais Deidades
O panteão maia era vasto, com centenas de deuses que
frequentemente possuíam múltiplos aspectos. Abaixo estão algumas das figuras
mais centrais:
- Itzamná:
Considerado o deus criador e o senhor dos céus, do dia e da noite.
Frequentemente retratado como um ancião, governava o conhecimento, a
escrita e a sabedoria.
- Kukulkán:
A "Serpente Emplumada" (conhecida como Quetzalcóatl pelos
astecas). Associada ao vento, à água e ao planeta Vênus. Templos como o de
Chichén Itzá foram construídos em sua honra.
- Chaac:
O deus da chuva, do trovão e das tempestades. Vital para a agricultura,
Chaac é representado com um nariz longo e curvo e um machado de raio.
- Ah
Puch (Yum Cimil): O principal deus da morte e senhor de Xibalbá.
Retratado como um corpo em decomposição, presidia o submundo e era temido
por sua associação com a escuridão.
- Ixchel:
A deusa da lua, do amor, da gestação e da medicina. Esposa de Itzamná,
representava a fertilidade e a força feminina.
- Os
Gêmeos Heróis (Hunahpú e Xbalanqué): Figuras centrais do Popol Vuh.
Suas aventuras, incluindo a derrota dos senhores de Xibalbá no jogo de
bola, simbolizam a vitória da vida sobre a morte.
Rituais e a Manutenção da Ordem Cósmica
A liturgia maia era fundamental para nutrir os deuses e
garantir a continuidade do universo. Os rituais, guiados por sacerdotes-xamãs (Ah
Kin), incluíam:
- Oferendas
e Sacrifícios: Os deuses precisavam de sustento (k'ex),
fornecido através de incenso e sangue. O auto-sacrifício (sangria) da
elite era comum, pois o sangue real era a oferenda mais potente.
- Sacrifício
Humano: Embora menos massivo que entre os astecas, era praticado em
ocasiões importantes, como a dedicação de templos, utilizando
frequentemente prisioneiros de guerra.
- O
Jogo de Bola (Pitz): Mais do que um esporte, era um ritual que
recriava batalhas míticas. O jogo tinha profundas conotações cosmológicas
sobre o ciclo do sol e da lua.
Conclusão
A religião maia era uma força integradora que permeava a
política, a arte e a ciência. Seus deuses não eram figuras distantes, mas
entidades ativas cujas necessidades moldavam o mundo.
Através de uma complexa cosmovisão e de rituais precisos, os
maias buscavam entender seu lugar no cosmos e participar ativamente na
manutenção de sua frágil ordem — um legado de profundidade espiritual que
continua a fascinar o mundo moderno.
Referências Bibliográficas
COE, Michael D. The Maya. Thames & Hudson.
TEDLOCK, Dennis (trad.). Popol Vuh: The Mayan Book
of the Dawn of Life. Simon & Schuster.
SCHELE, Linda & FREIDEL, David. A Forest of
Kings: The Untold Story of the Ancient Maya. William Morrow Paperbacks.
MARTIN, Simon & GRUBE, Nikolai. Chronicle of
the Maya Kings and Queens. Thames & Hudson.
FOSTER, Lynn V. Handbook to Life in the Ancient
Maya World. Oxford University Press.

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