O governo brasileiro trabalha para garantir a importação da
Índia de 2 milhões de doses da vacina contra Covid-19 desenvolvida pela
farmacêutica britânica AstraZeneca que estão sendo produzidas pelo Serum
Institute of India, apesar do anúncio do instituto de que só pretende exportar
doses daqui a dois meses.
O Ministério das Relações Exteriores está à frente das
negociações relacionadas à importação das doses prontas das vacinas da Índia,
informou em nota a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), parceira brasileira da
AstraZeneca para produção local do imunizante e responsável pela importação.
Procurado, o Itamaraty ainda não se manifestou. No entanto,
uma fonte do governo com conhecimento do assunto disse que o Brasil está
otimista que o assunto será resolvido satisfatorimente em conversas entre
autoridades sanitárias de ambos os países.
Mais cedo, duas fontes com conhecimento do assunto haviam
antecipado à Reuters o trabalho diplomático do governo no sentido de assegurar
a importação das vacinas.
Em 31 de dezembro, a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) autorizou a Fiocruz a importar 2 milhões de doses da vacina
contra Covid-19 desenvolvida pela AstraZeneca, em fabricação pelo instituto
indiano. O pedido de importação teve como objetivo acelerar o início da
imunização no país uma vez que a vacina receber a aprovação da Anvisa, segundo
a fundação.
Contudo, no domingo, o Serum Institute of India informou
que pretende se concentrar primeiro em atender a demanda imediata da Índia nos
próximos dois meses antes de exportar para outros países interessados.
Em entrevista após a aprovação da vacina para uso
emergencial no segundo país mais populoso do mundo, o presidente-executivo do
Serum, Adar Poonawalla, disse que as exportações podem ser possíveis depois de
fornecer ao governo indiano 100 milhões de doses iniciais.
Segundo uma das fontes ouvidas pela Reuters, o veto a
exportações indiano aparentemente não afeta o pedido brasileiro. Essa fonte
disse que a proibição seria para novas iniciativas de importação de
imunizantes, como a feita por clínicas privadas.
A decisão da Índia de proibir exportações poderia atrasar
ainda mais o início da vacinação contra Covid-19 no Brasil, que na hipótese
mais otimista, está prevista para começar a partir de 20 de janeiro.
O Ministério da Saúde não se manifestou de imediato sobre o
assunto.
A vacina da AstraZeneca é a principal aposta do governo
brasileiro para imunizar a população contra a Covid-19, com expectativa de
produção de 210 milhões de doses pela Fiocruz ao longo do ano, entre doses
produzidas com insumos importados e doses totalmente fabricadas no país.
Até o momento, no entanto, a vacina ainda não recebeu
aprovação regulatória da Anvisa. A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, disse
que a fundação vai solicitar autorização para uso emergencial da vacina junto à
Anvisa até quarta-feira.
O cronograma de produção da Fiocruz prevê a entrega do
primeiro milhão de doses na semana de 8 a 12 de fevereiro.
Nesta segunda-feira, a Anvisa informou ter recebido dados
da Fiocruz sobre a vacina a ser importada do Serum Institute of India, e disse
que precisa avaliar a comparabilidade entre a vacina produzida no Reino Unido,
que está sendo testada no Brasil, e a vacina fabricada na Índia.
O Reino Unido se tornou nesta segunda-feira o primeiro país
do mundo a vacinar sua população com o imunizante, que foi desenvolvido pela
AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford.
Fonte: Reuters REUTERS/Francis Mascarenhas
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