Radio Evangélica

quinta-feira, 6 de março de 2025

Governo zera tarifa de importação de 9 alimentos para reduzir preços

Entre produtos da lista estão azeite, café, milho e carnes

PixaBay
Como alternativa para segurar a inflação dos alimentos, o governo decidiu zerar o Imposto de Importação de nove tipos de comida, conforme anunciou nesta noite o vice-presidente Geraldo Alckmin.

As medidas foram divulgadas após uma série de reuniões ao longo desta quinta-feira (6).

>> Os alimentos que terão os tributos zerados são:

  • Azeite: (hoje 9%)
  • Milho: (hoje 7,2%)
  • Óleo de girassol: (hoje até 9%)
  • Sardinha: (hoje 32%)
  • Biscoitos: (hoje 16,2%)
  • Massas alimentícias (macarrão): (hoje 14,4%)
  • Café: (hoje 9%)
  • Carnes: (hoje até 10,8%)
  • Açúcar: (hoje até 14%)

A cota de importação do óleo de palma, atualmente em 65 mil toneladas, subiu para 150 mil toneladas.

Segundo Alckmin, a redução de tarifas entrará em vigor nos próximos dias após serem aprovadas pela Câmara de Comércio Exterior (Camex).

“O governo está abrindo mão de imposto em favor da redução de preço”, declarou o vice-presidente.

As medidas foram anunciadas após uma reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Alckmin com ministros e empresários, no Palácio do Planalto.

Para o vice-presidente, a medida não prejudicará os produtores nacionais, apesar da concorrência com o alimento importado.

“Nós entendemos que não [vai prejudicar o produtor brasileiro]. Você tem períodos de preços mais altos, mais baixos. Nós estamos em um período em que reduzir o imposto ajuda a reduzir preços. Você está complementando. Não vai prejudicar o produtor, mas beneficiar os consumidores”, declarou.

Outras medidas

Além da redução das tarifas, Alckmin anunciou o fortalecimento dos estoques reguladores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O vice-presidente não entrou em detalhes.

No mês passado, a companhia havia pedido R$ 737 milhões para reconstituir os estoques de alimentos desmantelados nos últimos anos.

Alckmin também anunciou a prioridade para os alimentos da cesta básica no próximo Plano Safra.

Segundo o vice-presidente, os financiamentos subsidiados deverão se concentrar na produção de itens que compõem a cesta básica, aumentando o estímulo a produtores rurais que produzam para o mercado interno.

A última medida anunciada por Alckmin foi a aceleração do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA). Esse sistema descentraliza as inspeções sanitárias, permitindo que estados e municípios façam o trabalho.

Segundo o vice-presidente, o governo pretende aumentar o número de registro no sistema de 1.550 para 3 mil.

De acordo com Alckmin, a medida permitirá que produtos como leite, mel, ovos e carnes sejam liberados mais rapidamente para venda em todo o país.

Fonte: Agência Brasil

Banco Central reforça segurança no Pix com novas regras para validação de chaves

Medidas exigem conformidade dos dados com a Receita Federal, limitam alterações em chaves e-mails e aleatórias, e ampliam monitoramento para combater fraudes.


O Banco Central (BC) anunciou, nesta quinta-feira (6/3), mudanças no Regulamento do Pix que visam fortalecer a segurança do sistema de pagamentos instantâneos e dificultar a ação de golpistas. A partir de agora, as instituições financeiras e de pagamento participantes do Pix deverão garantir que os nomes associados às chaves Pix — tanto de pessoas físicas quanto jurídicas — estejam em total conformidade com os registros da Receita Federal, referentes ao CPF e CNPJ dos usuários.

Segundo o BC, a verificação deverá ser realizada em qualquer operação envolvendo chaves Pix, como cadastro, alterações de informações, portabilidades e reivindicações de posse. Além disso, contas vinculadas a CPFs ou CNPJs com situação irregular — como "suspensa", "cancelada" ou "nula" — serão impedidas de manter chaves ativas no sistema.

As novas exigências tornam mais difícil que fraudadores usem nomes divergentes em operações pelo Pix, aumentando a proteção para os usuários. Para fiscalizar a aplicação das regras, o Banco Central também ampliará o monitoramento das instituições participantes e poderá aplicar penalidades em caso de descumprimento.

Outro reforço anunciado foi a proibição de alterações em dados vinculados a chaves aleatórias e a impossibilidade de transferência de propriedade para chaves do tipo e-mail. Agora, quem quiser atualizar informações de uma chave aleatória precisará excluí-la e registrar uma nova. Já as chaves de e-mail, por questões de segurança, não poderão mais ser transferidas de um usuário para outro — restrição que não se aplica às chaves com número de celular, que seguem com a possibilidade de mudança de titularidade, considerando a dinâmica de linhas telefônicas pré-pagas.

O BC também flexibilizou regras para devoluções feitas em dispositivos não cadastrados, liberando a possibilidade de reembolso integral em casos de boa-fé, independentemente do valor, mesmo fora de aparelhos previamente autorizados.

Apesar das alterações, o Banco Central garante que a experiência dos usuários não sofrerá impacto na prática cotidiana. "Essas são medidas operacionais, voltadas para aumentar a segurança e a integridade do sistema, sem mudar a forma como as pessoas enviam ou recebem Pix", destacou o órgão em comunicado.

Desde a criação do Pix, em 2020, a segurança tem sido um dos pilares fundamentais da ferramenta, com o BC promovendo atualizações periódicas para proteger os usuários e assegurar a confiança no meio de pagamento mais popular do país.

Clique para ver a Resolução BCB Nº 457. 

Reflexão Bíblica – Apocalipse 21:27

 "E não entrará nela coisa alguma que contamine, e que cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro."

(Apocalipse 21:27)

O texto é claro, direto e sem brechas. Há um rigor absoluto na lei de Deus quando falamos da Nova Jerusalém, o lugar preparado por Cristo para os salvos. Aqui não existe meio-termo, não existe negociação, não há espaço para jeitinho. Não entrará. Não há exceção. Não há possibilidade futura de reconsideração. Quem não está dentro, está fora. E quem está fora... está fora para sempre.

A porta da cidade está aberta hoje pela graça, mas lá na eternidade, ela se fecha pelo juízo. E uma vez fechada, não se abre mais. Hoje ainda há pregação, ainda há convite, ainda há arrependimento, mas naquele dia, o que ficou de fora não terá mais chance de entrar.

Perceba o texto: não fala de "talvez", não fala de "depende". Ele afirma que não entrará "coisa alguma que contamine, e que cometa abominação e mentira". Ou seja, todo aquele que vive preso ao pecado, sem arrependimento verdadeiro e sem a marca do Cordeiro, não terá entrada. Não é apenas difícil entrar sem santidade. É impossível.

Aquele que vive fora de Cristo, fora da Palavra, fora da verdade, já está do lado de fora. E se partir assim, assim permanecerá. Definitivamente.

Há um momento na eternidade em que o lado de fora não comunica mais com o lado de dentro. Não existe mais clamor, não existe mais perdão, não existe mais restauração. Ficou do lado de fora? Está fora para sempre. A cidade santa é pura, e só entra quem foi lavado pelo sangue do Cordeiro.

Por isso, hoje é tempo de perguntar a si mesmo:
Meu nome está no Livro da Vida?
Tenho vivido uma vida de santidade?
Estou dentro ou ainda estou do lado de fora brincando com a misericórdia?

O rigor da lei celestial não falha. Não entra pecado, não entra mentira, não entra corrupção. O convite é feito hoje, mas não será eterno. Quem não entrar agora pela porta que é Cristo, ficará fora quando ela se fechar.

Que essa Palavra nos desperte, nos sacuda e nos leve ao arrependimento genuíno, pois do lado de fora... só há eternidade sem Deus.

quarta-feira, 5 de março de 2025

Dólar tem maior queda diária em dois anos e meio e fecha a R$ 5,75

Bolsa sobe 0,2%, apesar de queda na cotação do petróleo

PixaBay
O mercado financeiro retornou do carnaval em clima de alívio. Numa sessão de curta duração, o dólar teve a maior queda em mais de dois anos e meio e dissipou a alta do fim de fevereiro. A bolsa teve pequena alta, apesar da queda na cotação do petróleo.

dólar comercial encerrou esta quarta-feira (5) vendido a R$ 5,756, com recuo de R$ 0,16 (-2,71%). A cotação operou em baixa durante toda a sessão e fechou próxima da mínima do dia em meio a sinais de desaceleração na economia norte-americana e com a reversão de medidas comerciais anunciadas pelo presidente Donald Trump.

Esse foi o maior recuo diário da moeda norte-americana desde 3 de outubro de 2022, quando o dólar tinha caído 4,03% no dia seguinte ao primeiro turno das eleições presidenciais. Em 2025, a divisa acumula queda de 6,86%.

No mercado de ações, o otimismo foi menor. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 123.047 pontos, com alta de 0,2%.

Apesar da alta nas bolsas norte-americanas, a bolsa brasileira foi influenciada pela forte queda nas ações de petroleiras em todo o mundo, por causa do recuo do petróleo no mercado internacional.

O barril do tipo Brent, usado nas negociações internacionais, caiu 2,36% nesta segunda e fechou a US$ 69,46 em meio a notícias de aumento de estoques de petróleo nos Estados Unidos e notícias de plano da Opep+ de elevar a produção em abril.

As ações da Petrobras, as mais negociadas no Ibovespa, caíram 4,61% nos papéis ordinários (sem direito a voto em assembleia de acionistas). Os papéis preferenciais (com preferência na distribuição de dividendos) recuaram 3,65%.

Em relação ao dólar, a divisa refletiu sinais de desaceleração na economia norte-americana. Além disso, a decisão de Donald Trump de adiar para abril o início da elevação de tarifas em 25% para os produtos do México e do Canadá fez a cotação cair ainda mais no fim da tarde.

* com informações da Reuters

Fonte: Agência Brasil

Previsão para inflação permanece em 5,65% para este ano

Essa é primeira estabilização após 19 semanas de alta

PixaBay
Depois de 19 semanas em alta, as projeções para a inflação em 2025 se estabilizaram. Segundo a edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central (BC), os analistas de mercado acreditam que a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechará o ano em 5,65%.

Apesar da estabilização, a inflação, caso se concretize a projeção, fechará o ano bastante acima da meta. Pelo novo sistema de metas contínuas, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelece meta de inflação de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, o que indica teto da meta de 4,5%.

Na última ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC informou que a inflação deve estourar o teto da meta no primeiro ano do regime de metas contínuas.

O boletim Focus manteve em 15% ao ano a expectativa para a Taxa Selic (juros básicos da economia) no fim do ano. A projeção está nesse nível há oito semanas. Para 2026, as instituições financeiras projetam juros básicos de 12,5% ao ano.

Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano, com o Copom admitindo que elevará os juros para 14,25% na reunião de março.

PIB

Em relação ao desempenho da economia neste ano, os analistas de mercado mantiveram em 2,01% a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas) neste ano.

O boletim Focus projeta crescimento de 1,7% no PIB para 2026 e de 2% para 2027 e 2028.

Fonte: Agência Brasil

A Bandeira do Estado do Amazonas: História, significado e identidade regional

A bandeira do estado do Amazonas é um dos símbolos oficiais que representam a identidade e a história dessa importante região brasileira. Adotada em 1897, a bandeira carrega elementos que retratam a geografia, a cultura e as lutas do povo amazonense. Este artigo busca apresentar a origem da bandeira, seu significado simbólico e a importância histórica para o estado, além de discutir sua relevância no contexto político-social do Brasil republicano. A pesquisa foi fundamentada em fontes históricas e documentos oficiais.

Introdução

Os símbolos estaduais desempenham um papel fundamental na construção da identidade coletiva de um povo. Entre eles, as bandeiras são representações visuais carregadas de significados históricos, culturais e políticos. A bandeira do Amazonas, oficializada em 14 de janeiro de 1897, reflete não apenas a geografia e a cultura do estado, mas também o espírito de resistência e superação do povo amazonense em meio aos desafios de sua história.

Contexto histórico da criação da bandeira

Com a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, houve um movimento nacional para que estados brasileiros criassem seus próprios símbolos oficiais, rompendo com os emblemas associados ao período imperial. Assim, o Amazonas, integrado à nova ordem republicana, aprovou sua bandeira em 1897, em meio ao desejo de afirmação de sua identidade e autonomia regional.

A criação da bandeira do Amazonas foi resultado de um concurso público promovido pelo governo estadual, vencido por José Antônio da Silva, que apresentou um projeto que representava tanto a esperança no progresso quanto as dificuldades enfrentadas pelo estado na época.

Descrição e simbolismo da bandeira do Amazonas

A bandeira do Amazonas possui um desenho simples, mas rico em significados. Ela é composta por três faixas horizontais e um retângulo azul no canto superior esquerdo contendo estrelas.

Faixas:

  • As duas faixas brancas representam a esperança e a paz.
  • A faixa vermelha central simboliza o sangue e o esforço do povo amazonense nas batalhas diárias para superar os desafios sociais, econômicos e políticos do estado.

Retângulo azul com estrelas:

  • O retângulo azul representa o céu amazônico.
  • Dentro dele, há 25 estrelas brancas, que simbolizam os municípios existentes no Amazonas na época da criação da bandeira.
  • A estrela maior, destacada no canto superior esquerdo do retângulo azul, representa a capital, Manaus.

Outro elemento simbólico importante da bandeira é a ideia de luta e superação. O vermelho no centro da bandeira enfatiza que, embora existam paz e esperança (faixas brancas), o progresso só será alcançado com trabalho e perseverança, refletindo as dificuldades históricas de desenvolvimento da região amazônica.

A importância da bandeira como símbolo de identidade

Mais do que uma simples peça decorativa, a bandeira do Amazonas é carregada de sentido para a população. Ela aparece em eventos cívicos, escolares, esportivos e oficiais, funcionando como um instrumento de coesão social e valorização da cultura local.

Ao longo dos anos, a bandeira se consolidou como um símbolo de resistência do povo amazônida frente aos desafios impostos pelo isolamento geográfico, pela exploração econômica e pela luta pela preservação de sua rica biodiversidade.

Considerações finais

A bandeira do estado do Amazonas é um patrimônio cultural e histórico que transcende sua função simbólica. Representa o passado, o presente e as aspirações futuras de um povo que se orgulha de sua terra e de sua cultura. Ao entender o significado de seus elementos e o contexto de sua criação, podemos valorizar ainda mais a identidade amazonense e reconhecer sua importância no cenário nacional.

 Referências bibliográficas

  • AMAZONAS. Governo do Estado. Símbolos oficiais do Amazonas. Disponível em: https://www.amazonas.am.gov.br. Acesso em: fev. 2025.
  • BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Símbolos Estaduais. Disponível em: https://www.ibge.gov.br. Acesso em: fev. 2025.
  • SILVA, José Aldemir. História do Amazonas: Do Império à República. Manaus: Editora Valer, 2008.
  • PEREIRA, Maria Cecília. Identidade e Memória: Símbolos Oficiais e o Sentimento de Pertença no Amazonas. Revista Brasileira de História Regional, v. 15, n. 2, 2019.
  • SOUZA, Ricardo. Bandeiras do Brasil e Suas Histórias. São Paulo: Editora Contexto, 2015.

terça-feira, 4 de março de 2025

Carlota Joaquina de Bourbon: Entre o Poder e a Controvérsia na História Luso-Brasileira

Carlota Joaquina de Bourbon (1775–1830), rainha consorte de Portugal, figura como uma das personagens mais controversas da história luso-brasileira. Filha do rei Carlos IV da Espanha, seu casamento com Dom João VI foi marcado por interesses políticos e conflitos pessoais. Neste artigo, busca-se analisar o papel político de Carlota Joaquina, suas articulações durante o período da transferência da corte portuguesa ao Brasil (1808) e seu legado histórico, frequentemente associado à intriga e à resistência às mudanças liberais. A pesquisa fundamenta-se em fontes históricas e na historiografia recente que busca revisitar sua atuação além dos estereótipos.

Introdução

Carlota Joaquina de Bourbon é lembrada na história como uma figura polêmica, muitas vezes retratada com adjetivos depreciativos como "ambiciosa" e "conspiradora". Entretanto, novas abordagens historiográficas apontam para a necessidade de uma reavaliação crítica de sua trajetória, destacando sua participação ativa na política da época. Neste artigo, analisamos sua influência política, suas pretensões dinásticas e o impacto de sua presença na corte portuguesa no Brasil.

Contexto Histórico e Biográfico

Carlota Joaquina nasceu em 25 de abril de 1775, na Espanha. Aos dez anos foi prometida em casamento a Dom João, então príncipe herdeiro de Portugal, como parte de uma aliança política entre os reinos ibéricos. Casou-se oficialmente em 1785, numa união que, desde o início, demonstrou ser turbulenta, tanto no aspecto pessoal quanto político.

Durante a transferência da corte portuguesa para o Brasil, em 1808, devido à invasão napoleônica na Península Ibérica, Carlota Joaquina desempenhou um papel relevante, principalmente ao tentar reivindicar para si o governo das possessões espanholas na América do Sul, alegando a ilegitimidade do domínio francês na Espanha.

O Carlotismo: Ambições e Limites

O movimento conhecido como "Carlotismo" refere-se aos esforços de Carlota Joaquina em assumir o controle sobre territórios espanhóis na América, utilizando como justificativa sua condição de filha do rei deposto e esposa do regente de Portugal. Ela tentou legitimar sua pretensão ao trono do Rio da Prata (atual Argentina, Uruguai e Paraguai), mas encontrou resistência tanto dos espanhóis quanto dos próprios portugueses e brasileiros, que temiam envolver-se em conflitos externos.

Embora não tenha obtido sucesso efetivo, o Carlostismo revelou a disposição política de Carlota Joaquina de atuar além do papel cerimonial esperado das mulheres da monarquia, inserindo-se nos debates geopolíticos do início do século XIX.

Carlota Joaquina e o Absolutismo

Carlota Joaquina também é lembrada por sua firme oposição ao movimento liberal em Portugal. Após a Revolução Liberal do Porto (1820), que estabeleceu a Constituição de 1822, Carlota posicionou-se ao lado dos setores mais conservadores, defendendo a restauração do absolutismo. Sua influência foi crucial durante as tensões políticas que envolveram a volta da corte a Portugal em 1821 e as disputas internas na família real.

Morte e Legado

Carlota Joaquina morreu em 7 de janeiro de 1830, em Queluz, Portugal. Após sua morte, sua imagem foi consolidada como a de uma figura antagônica às transformações políticas que marcaram a transição do Antigo Regime para o constitucionalismo. Contudo, estudos recentes propõem uma leitura mais complexa de sua trajetória, reconhecendo-a como uma mulher que soube articular poder dentro das limitações de seu tempo.

Considerações Finais

Carlota Joaquina de Bourbon ultrapassou os limites tradicionais do papel feminino na monarquia, agindo como agente político em momentos decisivos da história luso-brasileira. Ao reavaliar sua atuação sem os preconceitos consolidados pela historiografia tradicional, podemos compreender melhor as dinâmicas de poder na corte portuguesa e as relações entre Portugal, Espanha e Brasil no início do século XIX.

 

Referências

  • ARRUDA, José Jobson de Andrade. O Brasil no Contexto da América Latina: Século XIX. São Paulo: Ática, 1993.
  • BARMAN, Roderick J. Brazil: The Forging of a Nation, 1798–1852. Stanford: Stanford University Press, 1988.
  • COSTA, Fernando Dores. Carlota Joaquina e o Carlostismo: Ambições e Limites. Revista Brasileira de História, v. 24, n. 47, p. 11-38, 2004.
  • LYRA, Maria de Lourdes Viana. A utopia do poderoso império: Portugal e Brasil: 1798-1822. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1994.
  • SARAIVA, José Hermano. História Concisa de Portugal. Lisboa: Publicações Europa-América, 1993.

segunda-feira, 3 de março de 2025

Emburrecimento Programado: A Crítica de John Taylor Gatto ao Sistema Escolar

Emburrecimento Programado é um livro escrito por John Taylor Gatto, um renomado professor com mais de trinta anos de experiência em sala de aula em Nova York. Publicado originalmente em 1992 e traduzido por Leonardo Araújo, o livro revela o que está por trás do currículo escolar e como ele treina as crianças para o "emburrecimento". Gatto faz uma distinção importante entre escolarização e educação, argumentando que as crianças são escolarizadas, mas não educadas.

A Escola como ferramenta de controle

Uma das principais críticas de Gatto é que a escolarização obrigatória afasta as crianças do ambiente familiar e da comunidade em que vivem. De forma sutil, elas aprendem a valorizar mais as instituições do que suas próprias famílias, pois são ensinadas a acreditar que as instituições sabem o que é melhor para cada indivíduo. No entanto, a família é a instituição mais antiga da sociedade e, segundo o autor, deveria ser a base da formação de qualquer ser humano.

A escola, ao invés de incentivar a autonomia intelectual, molda os estudantes para serem obedientes e submissos a sistemas burocráticos. Gatto argumenta que esse modelo educacional não se baseia no desenvolvimento do pensamento crítico, mas sim na padronização do comportamento e na aceitação de hierarquias sociais impostas.

Dependência intelectual e assistencialismo educacional

Outro tema interessante abordado pelo autor é a dependência intelectual que a escolarização cria. As crianças aprendem a esperar que o professor passe conteúdos previamente escolhidos por "planejadores centrais", muitas vezes anônimos e distantes da realidade dos alunos. Esse processo gera um assistencialismo intelectual, no qual os estudantes não desenvolvem a capacidade de buscar conhecimento por conta própria, tornando-se dependentes do sistema para interpretar o mundo ao seu redor.

Essa dependência se reflete na vida adulta, quando ex-alunos se tornam cidadãos que esperam que autoridades ou especialistas lhes digam o que pensar e como agir, em vez de buscar suas próprias soluções e caminhos. Segundo Gatto, essa mentalidade perpetua um ciclo de conformismo e passividade, limitando a inovação e a criatividade da sociedade.

A padronização e seus impactos

O modelo escolar tradicional padroniza o ensino sem considerar as diferenças individuais dos alunos. Em vez de estimular a criatividade e o talento pessoal, a escola impõe um currículo rígido que pouco dialoga com as necessidades específicas de cada estudante.

Para Gatto, essa estrutura não é acidental, mas sim uma estratégia deliberada para formar indivíduos previsíveis e fáceis de controlar. Ele destaca que a educação moderna segue um modelo herdado da Revolução Industrial, projetado para criar trabalhadores obedientes, e não cidadãos autônomos e críticos.

Alternativas ao sistema tradicional

Ao longo do livro, Gatto sugere alternativas para uma educação mais autêntica e libertadora. Ele defende modelos de aprendizado baseados na experiência, na curiosidade natural das crianças e na conexão com a vida real. Para ele, a verdadeira educação ocorre fora das paredes da escola, através da experimentação, da leitura independente, do contato com diversas culturas e do desenvolvimento de habilidades práticas.

O autor menciona exemplos de educações alternativas, como o ensino domiciliar (homeschooling), escolas democráticas e abordagens autodirigidas, que permitem maior liberdade e autonomia no processo de aprendizagem. Para Gatto, a chave para um ensino de qualidade é o estímulo ao pensamento independente e à construção de conhecimento baseada no interesse genuíno do aluno.

Conclusão

Emburrecimento Programado é um livro que desafia as concepções tradicionais de educação e convida o leitor a refletir sobre os verdadeiros objetivos da escolarização. A crítica de Gatto ao sistema educacional moderno levanta questões importantes sobre a liberdade intelectual, a autonomia dos indivíduos e a necessidade de reformularmos o modo como ensinamos nossas crianças.

Ao questionar o papel das escolas na formação da sociedade, o autor abre espaço para um debate fundamental: estamos educando para a liberdade ou para a obediência? Essa é uma reflexão que vale não apenas para pais e professores, mas para qualquer pessoa preocupada com o futuro da educação e da sociedade.

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domingo, 2 de março de 2025

O Período Pré-Dinástico do Egito: As Origens de uma Civilização Milenar

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O Egito Antigo é amplamente conhecido por suas grandiosas pirâmides, templos monumentais e governantes lendários. No entanto, antes da formação dos primeiros reinos e do surgimento dos faraós, o território do vale do Nilo já era habitado por comunidades que moldariam uma das civilizações mais icônicas da história. Esse período, conhecido como Pré-Dinástico, abrange aproximadamente de 6000 a 3100 a.C., sendo uma fase crucial para a estruturação da sociedade egípcia.

As Primeiras Comunidades Agrícolas

Durante o período Pré-Dinástico, o Egito passou por uma transformação significativa, deixando de ser uma terra de caçadores-coletores nômades para uma sociedade baseada na agricultura e na pecuária. A fertilidade do vale do Nilo, com suas cheias sazonais, permitiu o cultivo de cereais como trigo e cevada, além da domesticação de animais. Esses avanços garantiram a fixação de populações em aldeias permanentes e o desenvolvimento de estruturas sociais mais complexas.

Culturas de Nagada e Badariense

Os arqueólogos identificaram diferentes culturas que compuseram essa fase inicial da história egípcia. Entre as mais importantes, destacam-se:

  • Cultura Badariense (c. 4400 – 4000 a.C.): Caracterizada pela produção de cerâmica sofisticada e pelo uso do cobre, essa cultura estabeleceu as bases para o desenvolvimento social e econômico do Egito Antigo.
  • Culturas de Nagada I, II e III (c. 4000 – 3100 a.C.): Responsáveis pela crescente organização política e social, essas culturas demonstraram avanços na arquitetura, na arte e na consolidação das primeiras formas de escrita e simbologia religiosa. A fase Nagada III marca a transição para a unificação do Egito sob o primeiro faraó.

O Caminho para a Unificação

À medida que os assentamentos cresciam e as interações entre comunidades se intensificavam, a necessidade de uma administração centralizada se tornou evidente. Chefes locais passaram a expandir seus territórios, resultando na formação de dois grandes reinos: o Alto Egito (ao sul) e o Baixo Egito (ao norte). Esse processo culminaria com a unificação do Egito, por volta de 3100 a.C., sob o reinado de Narmer (ou Menés), considerado o primeiro faraó.

Legado do Período Pré-Dinástico

O período Pré-Dinástico foi essencial para estabelecer os fundamentos políticos, religiosos e culturais do Egito Antigo. Elementos que se tornariam característicos da civilização egípcia, como a crença na vida após a morte, a iconografia dos deuses e a organização estatal, já estavam sendo moldados nessa época.

Nos próximos artigos, exploraremos cada fase dessa fascinante jornada histórica, desde o Antigo Império até os tempos de Cleópatra. No próximo domingo, falaremos sobre a unificação do Egito e o início do Período Arcaico!

Fique atento e acompanhe essa série sobre o Egito Antigo. Até a próxima!

Referências Bibliográficas

  • Bard, Kathryn A. An Introduction to the Archaeology of Ancient Egypt. Blackwell Publishing, 2007.
  • Wilkinson, Toby. The Rise and Fall of Ancient Egypt. Random House, 2010.
  • Shaw, Ian (Ed.). The Oxford History of Ancient Egypt. Oxford University Press, 2000.
  • Midant-Reynes, Béatrix. The Prehistory of Egypt: From the First Egyptians to the First Pharaohs. Blackwell Publishing, 2000.

 

sábado, 1 de março de 2025

Monarquias no mundo: conheça os países que ainda mantêm reis e rainhas

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Apesar da predominância de regimes republicanos no cenário político mundial, 43 países ainda mantêm monarquias, seja em sistemas constitucionais ou absolutos. Essas nações preservam reis e rainhas como chefes de Estado, com poderes variáveis conforme suas constituições.

Monarquias na Europa

A Europa abriga 12 monarquias, todas constitucionais. O Reino Unido é o mais influente, sendo também chefe de Estado de diversas ex-colônias. Além dele, há monarquias na Espanha, Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, Mônaco, Liechtenstein, Noruega, Suécia, Dinamarca e Andorra. O Vaticano também é uma monarquia teocrática, governada pelo Papa.

Monarquias na Ásia

O continente asiático possui 13 monarquias, sendo algumas constitucionais e outras absolutas. O Japão mantém uma monarquia cerimonial, enquanto países como Malásia, Tailândia, Camboja, Jordânia, Kuwait e Bahrein possuem monarquias constitucionais com algum poder político. Já Arábia Saudita, Catar, Omã, Emirados Árabes Unidos (federação de sete monarquias) e Brunei são monarquias absolutas, onde o rei ou sultão exerce controle quase total sobre o governo.

Monarquias na África

A África conta com três monarquias: Marrocos, com um rei que detém poderes significativos; Lesoto, onde o rei possui um papel mais simbólico; e Essuatíni (ex-Suazilândia), que ainda mantém uma monarquia absoluta.

Monarquias na Oceania

Na Oceania, quatro países são monarquias: Tonga, Papua-Nova Guiné, Ilhas Salomão e Tuvalu. Os três últimos reconhecem o monarca britânico como chefe de Estado, enquanto Tonga mantém uma monarquia constitucional independente.

Monarquias nas Américas

Onze países das Américas continuam sendo monarquias, todos sob a liderança do Reino Unido. Entre eles estão Canadá, Austrália, Nova Zelândia e nações caribenhas como Jamaica, Bahamas, Antígua e Barbuda, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Belize e Granada. Esses países possuem autonomia política, mas mantêm o monarca britânico como chefe de Estado.

O papel da monarquia nos dias atuais

Embora a maioria dessas monarquias seja constitucional, onde o rei ou rainha tem função simbólica, algumas ainda exercem influência política considerável. Em países como Arábia Saudita e Essuatíni, os monarcas detêm poderes quase absolutos, enquanto em lugares como Reino Unido, Japão e Suécia, as famílias reais cumprem papéis representativos e culturais.

Mesmo em meio a debates sobre a modernização dos sistemas políticos, as monarquias continuam sendo parte da identidade nacional de diversos países, preservando tradições e influenciando a política global.

Referências

  • BAGEHOT, Walter. The English Constitution. Oxford University Press, 2001.
  • ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas: Reflexões sobre a Origem e a Difusão do Nacionalismo. Companhia das Letras, 2008.
  • Organização das Nações Unidas (ONU). Relatórios sobre Governança Global. Disponível em: https://www.un.org.
  • Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral (IDEA). Monarquias e Democracia. Disponível em: https://www.idea.int.
  • The Economist Intelligence Unit. Relatório Anual sobre Democracia Mundial, 2024.
  • BBC News. Monarquias no século XXI. Disponível em: https://www.bbc.com.