Radio Evangélica

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Resenha do livro 1808, de Laurentino Gomes

O livro 1808, de Laurentino Gomes, é uma obra de divulgação histórica que combina narrativa envolvente e rigor documental para contar os bastidores da chegada da corte portuguesa ao Brasil. Publicado originalmente em 2007, o livro se propõe a responder a uma pergunta instigante: como a vinda da família real portuguesa, fugindo de Napoleão, acabou transformando o Brasil de uma colônia atrasada no embrião de uma nação independente?

Laurentino reconstrói os acontecimentos de forma cronológica e didática, desde a fuga dramática da família real em Lisboa até o impacto profundo que essa mudança teve na estrutura social, econômica e política do Brasil. Com uma linguagem acessível e capítulos curtos, o autor atrai tanto leitores iniciantes quanto estudiosos curiosos sobre esse momento-chave da história luso-brasileira.

Um aspecto importante abordado pelo autor é o cotidiano da sociedade colonial, incluindo a vida dos escravizados. Apesar da condição brutal e desumana em que viviam, Laurentino aponta que, por convenções e costumes locais, os escravos geralmente tinham o domingo como dia de folga — o que permitia, por exemplo, o comércio de quitutes nas ruas, a participação em irmandades religiosas negras e até mesmo uma incipiente forma de organização comunitária. No entanto, o autor não romantiza essa realidade e deixa claro que esse "direito" não era uma regra fixa, mas uma concessão variável segundo o senhor de escravos e o contexto da época.

O papel da família imperial, especialmente de D. João VI, é amplamente discutido ao longo da obra. A chegada da corte ao Brasil, com cerca de 15 mil pessoas, transformou o Rio de Janeiro em uma cidade com funções de capital de um império ultramarino. Uma das decisões mais estratégicas de D. João foi a abertura dos portos às nações amigas, em 1808, medida que rompeu com o antigo pacto colonial e lançou as bases do capitalismo comercial no Brasil. Ao mesmo tempo, o rei alimentava um projeto ambicioso: transformar o Brasil na nova sede do Império Português, criando o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, com capital no Rio de Janeiro.

Esse projeto não apenas elevou o status político do Brasil, como também possibilitou a vinda de missões artísticas, a criação de instituições públicas (como o Banco do Brasil, a Imprensa Régia e a Biblioteca Real) e o incentivo à educação e cultura. No entanto, Laurentino não deixa de criticar a estrutura de privilégios da corte e o caráter improvisado das reformas, mostrando como muitos avanços foram feitos sob pressão ou em resposta a ameaças externas.

Conclusão

1808 é mais do que um relato sobre a fuga da corte portuguesa — é uma análise instigante de como um evento forçado pela guerra acabou tendo consequências profundas na história do Brasil. A obra mostra que, apesar de marcada por desigualdades, a chegada da família real abriu caminhos para a formação do Estado brasileiro, mesmo que ainda sob o peso da escravidão e dos interesses da elite colonial. Leitura essencial para compreender as raízes políticas e sociais do país.

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