História: Das Origens à Oficialização
A bandeira do Espírito Santo nem sempre teve o formato e as
cores que conhecemos hoje. Sua origem remonta ao período colonial,
embora de forma não oficial. A combinação de cores azul, branco e rosa (ou
roxo) já era utilizada em faixas por populares durante a Revolta de Queimado,
um levante abolicionista ocorrido em 1849, na Serra, Espírito Santo. Os
revoltosos, muitos deles escravizados, usavam essas cores como um sinal de
reconhecimento e de sua causa pela liberdade. A escolha dessas cores estava
ligada à devoção a Nossa Senhora da Penha, padroeira do estado, cujas
vestimentas eram tradicionalmente representadas em azul e rosa.
No entanto, a oficialização da bandeira como símbolo
estadual só viria a ocorrer muito tempo depois. Em 1908, um projeto de lei foi
apresentado pelo deputado Jerônimo Monteiro, mas não avançou. Foi somente em 7
de setembro de 1908 que a bandeira, com o desenho que conhecemos hoje, foi
adotada por meio da Lei Estadual nº 457. Essa lei, no entanto, foi
revogada por um decreto em 1937, durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, que
centralizou os símbolos nacionais e proibiu os estaduais.
A restauração da bandeira veio com o fim do regime
ditatorial. Em 24 de julho de 1947, através da Lei Estadual nº 2,
a bandeira do Espírito Santo foi oficialmente restabelecida, com a descrição
exata de suas cores e elementos. Essa data é celebrada anualmente como o Dia da
Bandeira do Espírito Santo.
Simbologia: Cores e Frase com Significado Profundo
Cada elemento da bandeira capixaba possui um significado
particular, que se entrelaça para formar um todo representativo:
- Azul
Celeste: Representa o céu e os mares que banham o litoral capixaba,
simbolizando a vastidão e a beleza natural do estado. Também pode ser
associado à espiritualidade e à devoção.
- Branco:
Simboliza a paz, a pureza e a harmonia. É a cor que une as outras duas,
expressando a coexistência pacífica e a busca por um futuro sereno.
- Rosa
(ou Roxo): Embora muitas vezes interpretada como rosa, a cor original
é um tom mais voltado para o roxo. Essa cor representa a fé e a dedicação
à Nossa Senhora da Penha, padroeira do Espírito Santo. É um forte elo com
a religiosidade e a tradição cultural do povo capixaba. A origem histórica
dessa cor remete diretamente às vestimentas da santa.
No centro da bandeira, sobre a faixa branca, encontra-se a
frase "TRABALHA E CONFIA". Essa divisa, atribuída ao frei
Pedro Palácios, um dos fundadores do Convento da Penha, expressa os valores do
povo capixaba. Ela reflete a ética do trabalho árduo e a fé inabalável em um
futuro melhor, conectando a labuta diária à esperança e à espiritualidade.
Características Técnicas e Uso
A Lei Estadual nº 2 de 1947 não apenas restabeleceu a
bandeira, mas também detalhou suas características técnicas e proporções,
garantindo a padronização e o respeito ao símbolo. A bandeira deve ter a
proporção de 7 módulos de altura por 10 módulos de comprimento.
A bandeira do Espírito Santo é hasteada em edifícios
públicos, escolas e em eventos cívicos. É um símbolo de união para os
capixabas, lembrando-os de sua história, seus valores e sua rica cultura.
Em resumo, a bandeira do Espírito Santo é mais do que um
conjunto de cores; é um pedaço da história, da fé e do espírito de um povo que
construiu e continua a construir o estado com trabalho e confiança.
Referências Bibliográficas
- ESPÍRITO
SANTO. Lei nº 2, de 24 de julho de 1947. Restabelece a bandeira e as
armas do Estado do Espírito Santo. Diário Oficial do Estado do Espírito
Santo.
- ALVES,
Maria Angélica de O. A Revolta do Queimado: A Luta pela Abolição no
Espírito Santo (1849). Editora EDUFES, 2018.
- CASCARDO,
Celso. História do Espírito Santo. Editora Gráfica e Editora do
Espírito Santo, 1999.
- INSTITUTO
JONES DOS SANTOS NEVES (IJSN). Espírito Santo: Símbolos Estaduais.
Disponível em: https://www.ijsn.es.gov.br
- PREFEITURA
MUNICIPAL DA SERRA. História da Revolta de Queimado. Disponível
em: https://www.serra.es.gov.br
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