Radio Evangélica

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

As Grandes Cidades Maias: Palenque, a Joia da Selva

Escondida na exuberante e úmida selva do estado de Chiapas, no México, encontra-se Palenque, uma das mais notáveis e estudadas cidades da civilização maia. Declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1987, Palenque não impressiona pelo tamanho monumental de suas pirâmides, como Tikal ou Chichén Itzá, mas pela elegância de sua arquitetura, pela sofisticação de sua arte e, acima de tudo, pela riqueza de suas inscrições hieroglíficas, que transformaram suas ruínas em uma verdadeira "biblioteca de pedra".

Uma Cidade de Engenheiros e Artistas

O apogeu de Palenque ocorreu durante o Período Clássico Tardio (cerca de 600 a 800 d.C.). Durante essa era, a cidade floresceu sob o governo de uma poderosa dinastia, cujo mais famoso governante foi K'inich Janaab' Pakal, ou Pakal, o Grande. A arquitetura de Palenque é distinta, caracterizada por edifícios com telhados em estilo "mansarda", grandes pátios e uma decoração refinada em estuque.

As principais estruturas testemunham o avançado conhecimento maia:

  • O Palácio: Um complexo de edifícios interligados, pátios e corredores que servia como centro administrativo e residência da elite. Sua característica mais icônica é a torre de quatro andares, que se acredita ter sido usada como torre de observação astronômica e militar.
  • O Grupo das Cruzes: Composto pelo Templo da Cruz, Templo da Cruz Foliada e Templo do Sol, este conjunto de templos sobre pirâmides escalonadas celebra a ascensão ao trono de K'inich Kan B'alam II, filho de Pakal. Seus painéis internos contêm longas narrativas mitológicas e dinásticas.
  • O Aqueduto: Uma impressionante obra de engenharia que canalizava o rio Otulum por baixo da praça principal da cidade, demonstrando um controle sofisticado dos recursos hídricos para evitar inundações e fornecer água potável.

O Templo das Inscrições e o Segredo de Pakal

A estrutura mais emblemática de Palenque é, sem dúvida, o Templo das Inscrições. Por décadas, acreditava-se que as pirâmides mesoamericanas eram apenas bases para templos, ao contrário das egípcias, que serviam como tumbas. Essa visão mudou drasticamente em 1952.

Após quatro anos de escavações, o arqueólogo mexicano Alberto Ruz Lhuillier descobriu uma passagem secreta no chão do templo. Ao remover uma laje triangular, ele revelou uma escadaria repleta de escombros que descia para o coração da pirâmide. No fundo, encontrou uma cripta selada, e dentro dela, um dos achados mais espetaculares da arqueologia mundial: o sarcófago de K'inich Janaab' Pakal.

A tampa do sarcófago, uma laje de cinco toneladas, é uma obra-prima da arte maia. Ela retrata Pakal na posição de renascimento, emergindo das mandíbulas do "Monstro da Terra" e ascendendo como uma divindade associada ao milho, em um complexo simbolismo cosmológico. A descoberta provou que os lordes maias, assim como os faraós, poderiam ser enterrados em monumentos grandiosos. Os painéis de hieróglifos que dão nome ao templo narram a história da dinastia de Palenque ao longo de quase duzentos anos.

O Declínio e o Legado

Como muitas outras cidades maias das terras baixas do sul, Palenque entrou em declínio no início do século IX e foi gradualmente abandonada à selva. As causas exatas ainda são debatidas por especialistas, com teorias que incluem guerras intensificadas, degradação ambiental, secas prolongadas e colapso das rotas comerciais.

Hoje, Palenque permanece como uma janela inestimável para a vida política, religiosa e social da civilização maia. Estima-se que menos de 10% da cidade tenha sido escavada, o que significa que a selva de Chiapas ainda guarda inúmeros segredos. A sofisticação de sua arte, a complexidade de sua escrita e a genialidade de sua engenharia garantem a Palenque um lugar de destaque no panteão das grandes realizações da humanidade.

Referências Bibliográficas

COE, Michael D. The Maya. 9. ed. London: Thames & Hudson, 2015.

MARTIN, Simon; GRUBE, Nikolai. Chronicle of the Maya Kings and Queens: Deciphering the Dynasties of the Ancient Maya. 2. ed. London: Thames & Hudson, 2008.

RUZ LHUILLIER, Alberto. El Templo de las Inscripciones, Palenque. México, D.F.: Fondo de Cultura Económica, 1973. (Colección Científica, 7).

SCHELE, Linda; FREIDEL, David. A Forest of Kings: The Untold Story of the Ancient Maya. New York: William Morrow and Company, 1990.

UNESCO. Pre-Hispanic City and National Park of Palenque. UNESCO World Heritage Centre. Disponível em: https://whc.unesco.org/en/list/411. Acesso em: 24 set. 2025.

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