![]() |
O senador Romero Jucá (PMDB-RR), presidente do partido
Foto:Pedro Ladeira-13.ago.2015/Folhapress
|
Escalado para rebater os ataques do governo ao
vice-presidente Michel Temer, o senador Romero Jucá (RR), atual presidente do
PMDB, afirmou nesta terça-feira (12) lamentar que a presidente Dilma Rousseff
esteja "perdendo a serenidade" e o "equilíbrio" ao colocar,
segundo ele, a culpa em outras pessoas dos erros cometidos pelo próprio
governo.
Nesta manhã, Dilma chamou Temer de "golpista"
e de "chefe conspirador". O tom mais duro contra o vice foi
adotado pela presidente após o vazamento, nesta segunda (11), de um áudio em
que o peemedebista falava como se o impeachment tivesse sido aprovado pelo
plenário da Câmara. A votação está marcada para
este domingo (17).
"Eu diria que é apelação, perda de equilíbrio. [...]
Lamento que a presidente Dilma esteja perdendo a serenidade e esteja tentando
culpar outras pessoas pelo desacerto do seu próprio governo. Se a presidente
quer procurar pessoas que atrapalharam o governo, ela deve olhar para dentro do
governo. O governo está pagando pelos erros que cometeu. Não é o presidente
Michel Temer, não é nenhum membro do Congresso que tá fazendo alguma ação
deliberada" disse Jucá.
O peemedebista comparou a estratégia petista de afirmar
que o impeachment em curso é um golpe ao que foi feito pelo ex-presidente
Fernando Collor em 1992, quando ele também enfrentou o mesmo processo no
Congresso. Para Jucá, esse discurso já é "batido".
"Os erros do governo, os crimes do governo é que
levaram ao processo de impeachment, não foi ninguém de fora que fez com que o
governo fizesse tudo que fez. Portanto, apelar e tentar reduzir tudo isso a
dizer que é um golpe é a mesma tentativa que fez Fernando Collor em 1992 no que
diz respeito ao seu impeachment. Portanto, é um enredo batido, é um enredo
copiado e que não deu certo. Era melhor que a presidente tivesse um pouco mais
de equilíbrio e análise das suas próprias limitações", disse.
Em seu discurso pela manhã, Dilma afirmou que Temer
lançou mão da "farsa do vazamento" ao ter distribuído a gravação
entre correligionários. Para ela, o vazamento foi "deliberado" e
"premeditado", além de ter demonstrado a "arrogância" e
"desprezo" do peemedebista que, de acordo com ela, subestimou a
inteligência do povo brasileiro.
Para Jucá, o processo de impeachment em curso na Câmara
teve o aval do STF (Supremo Tribunal Federal) e foi proposto por juristas de
renome nacional, o que demonstra a sua legitimidade.
O peemedebista também rebateu a ideia do Palácio do
Planalto, divulgada pelo ministro Jaques Wagner (Gabinete Pessoal) nesta
segunda, de queTemer
deveria renunciar ao cargo caso Dilma consiga uma vitória no
Congresso.
"Eu acho que querer propor a renúncia do presidente
Michel Temer é querer imolar alguém que não tem culpa no cartório. Se o
ministro Wagner tiver que propor a renúncia de alguém, o melhor para o Brasil
seria que ele propusesse a renúncia da presidenta Dilma. Não sei se ele vai
conseguir convencê-la", disse.
O vice-presidente tomou conhecimento das declarações de
Dilma durante um almoço com o ex-ministro Eliseu Padilha, no Palácio do Jaburu.
Um assessor do vice mostrou uma reportagem com o discurso
de Dilma e Temer afirmou que não iria responder pessoalmente, mas que Jucá
poderia falar como presidente do PMDB. A linha do discurso foi fechada entre os
aliados de Temer, que afirmam que a fala de Dilma mostra que "quando
terminam os argumentos, começa a agressão".
Segundo Jucá, a cúpula do partido está trabalhando para
que a bancada na Câmara "possa votar o mais unida possível" e disse
esperar que o processo tenha uma rápida tramitação no Senado, o que dependerá
das decisões que o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), ainda aliado
do governo, tomar.
"Eu espero que o presidente Renan possa conduzir
dentro da linha de direito de defesa, dentro da linha de cumprimento do
regimento, mas levando em conta a urgência e as condições de dificuldade que o
Brasil vive hoje. Portanto uma rápida solução é muito importante para que o
país comece a reagir", disse.
Por Mariana Haubert e Marina Dias para a Folha de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário