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Impulsionado por crises geopolíticas, uma nova consciência
ambiental e a engenhosidade de entusiastas, o veículo elétrico ressurgiu como
uma promessa de um futuro mais limpo e independente. Contudo, este despertar
foi contido por barreiras tecnológicas significativas que adiaram sua
verdadeira revolução para o século seguinte.
As Crises do Petróleo: O Catalisador da Mudança
A década de 1970 foi marcada por dois choques energéticos
que abalaram a economia global:
- 1973:
O embargo da OPEP quadruplicou os preços do petróleo.
- 1979:
A Revolução Iraniana gerou uma segunda crise, causando pânico e filas nos
postos.
Esses eventos expuseram de forma brutal a vulnerabilidade
das nações industrializadas. A busca por alternativas energéticas deixou de ser
um exercício acadêmico e tornou-se uma questão de segurança nacional.
Nesse cenário, a eletricidade ressurgiu como uma solução viável para o
transporte, reacendendo o interesse no desenvolvimento de veículos elétricos
(VEs).
Protótipos e Experimentos
O renovado interesse se manifestou em duas frentes
distintas. Por um lado, engenheiros amadores começaram a adaptar carros
convencionais em garagens, trocando motores a gasolina por elétricos.
Por outro lado, grandes montadoras como a General Motors
(com o Electrovette) e a Ford criaram protótipos pressionadas pela
opinião pública. O problema, no entanto, era universal: a tecnologia de
armazenamento de energia.
O Calcanhar de Aquiles: As Baterias
As baterias de chumbo-ácido eram a única opção
economicamente viável na época, mas apresentavam problemas severos:
- Eram
extremamente pesadas e volumosas;
- Ofereciam
baixa densidade energética;
- Resultavam
em velocidades máximas de 70 km/h;
- A
autonomia raramente passava de 60 a 80 quilômetros.
Para o consumidor acostumado à potência do carro a
combustão, os VEs da época eram simplesmente inadequados para o uso diário.
A Semente da Consciência Ambiental
Paralelamente às crises energéticas, livros como "Primavera
Silenciosa" (1962), de Rachel Carson, despertaram a preocupação
pública com a poluição.
Essa nova consciência se traduziu em legislação. Nos Estados
Unidos, a aprovação do Clean Air Act (Lei do Ar Limpo) em 1970 foi um
marco. Embora o foco imediato não fosse o carro elétrico, a lei plantou a ideia
de que os veículos deveriam ser menos poluentes. Essa semente germinaria nas
décadas seguintes, culminando nos mandatos de emissão zero que impulsionam os
VEs modernos.
Conclusão
O "breve despertar" do carro elétrico entre 1960 e
1990 não resultou em sua adoção em massa — as limitações das baterias eram um
obstáculo intransponível.
No entanto, este período foi fundamental. As crises
ensinaram uma dura lição sobre dependência energética e a legislação ambiental
criou o arcabouço regulatório necessário. Este despertar foi, na verdade, o ensaio
geral para a revolução elétrica que vivemos hoje.
Referências Bibliográficas
KIRSCH, David A. The Electric Vehicle and the Burden of
History. Rutgers University Press, 2000.
MOM, Gijs. The Electric Vehicle: Technology and
Expectations in the Automobile Age. Johns Hopkins University Press, 2004.
YERGIN, Daniel. The Prize: The Epic Quest for Oil, Money,
and Power. Simon & Schuster, 1991.
WAKEFIELD, Ernest H. History of the Electric Automobile:
Battery-Only Powered Cars. SAE, 1994.










