Radio Evangélica

domingo, 13 de abril de 2025

O Motor a Vapor de Corliss: Revolução na Eficiência Energética da Revolução Industrial

O motor a vapor de Corliss, desenvolvido por George Henry Corliss em 1849, representou um marco na história da engenharia mecânica e no avanço da Revolução Industrial. Sua principal inovação consistiu em um sistema de válvulas rotativas independentes que proporcionava maior controle sobre o fluxo de vapor e resultava em significativa economia de combustível. Este artigo analisa as características técnicas do motor de Corliss, seu impacto na produção industrial do século XIX e sua relevância histórica como símbolo do progresso tecnológico.

Introdução

Durante a Revolução Industrial, o uso de motores a vapor foi essencial para o avanço da produção fabril, dos transportes e da urbanização. No entanto, os primeiros modelos apresentavam limitações quanto à eficiência energética e ao controle de velocidade. Foi nesse contexto que George H. Corliss (1817–1888) introduziu uma inovação significativa com seu motor a vapor patenteado em 1849.

De acordo com Erich Chaline, em 50 Máquinas que Mudaram o Rumo da História (2014), o motor de Corliss foi descrito como "um dos avanços mais importantes na engenharia mecânica do século XIX", destacando-se por sua eficiência sem precedentes no uso de energia térmica.

O funcionamento do motor de Corliss

O motor de Corliss manteve o princípio básico dos motores a vapor convencionais — a conversão de energia térmica em energia mecânica —, mas trouxe melhorias fundamentais em sua operação:

  • Sistema de válvulas rotativas independentes: Diferentemente das válvulas deslizantes dos motores Watt, Corliss empregou quatro válvulas rotativas por cilindro (duas de admissão e duas de escape), que operavam de forma separada e permitiam controle mais preciso sobre a entrada e saída de vapor.
  • Regulador centrífugo: O motor possuía um sistema de regulação automática que ajustava o tempo de admissão de vapor conforme a carga, contribuindo para maior eficiência e estabilidade de velocidade.
  • Eficiência energética: Com menor consumo de carvão e melhor aproveitamento do vapor, o motor de Corliss alcançava rendimento superior a outros modelos da época, chegando a economizar até 30% de combustível.

Segundo Cardwell (1994), a introdução desse sistema permitiu que fábricas economizassem recursos enquanto aumentavam a produção, tornando-se rapidamente um padrão industrial.

Impacto industrial e social

A aplicação do motor de Corliss foi vasta, abrangendo desde tecelagens até instalações de bombeamento e energia elétrica. Sua importância foi tamanha que um modelo gigantesco foi instalado na Exposição Centenária da Filadélfia (1876), onde alimentava toda a exposição — um símbolo do progresso industrial norte-americano.

O historiador Donald Cardwell destaca que o motor de Corliss não apenas aumentou a produtividade, mas também influenciou o design de futuras máquinas térmicas, inspirando princípios aplicados posteriormente em turbinas a vapor e motores industriais modernos.

Relevância histórica e tecnológica

Além de sua importância econômica, o motor a vapor de Corliss representa um exemplo de como melhorias incrementais em projetos existentes podem gerar revoluções tecnológicas. Sua longevidade e adoção global demonstram como a inovação técnica, aliada ao pragmatismo industrial, pode transformar a paisagem produtiva de uma era.

Segundo Hills (1989), "o motor de Corliss foi mais do que uma inovação — foi uma ponte entre a era artesanal e a produção em massa mecanizada".

Conclusão

O motor a vapor de Corliss simboliza o ápice da engenharia térmica do século XIX. Com soluções técnicas elegantes e eficazes, contribuiu de forma decisiva para o avanço da Revolução Industrial e para o modelo de produção moderna. Seu legado permanece na história da tecnologia como um exemplo clássico de como a eficiência e o controle podem redefinir a forma como sociedades produzem, consomem e evoluem tecnologicamente.

 

Referências

  • Chaline, Erich. 50 Máquinas que Mudaram o Rumo da História. Tradução de Fabiano Moraes. Rio de Janeiro: Sextante, 2014.
  • Cardwell, D. S. L. Turning Points in Western Technology: A Study of Technology, Science and History. Neale Watson Academic Publications, 1994.
  • Hills, Richard L. Power from Steam: A History of the Stationary Steam Engine. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.
  • Dickinson, H. W. A Short History of the Steam Engine. Cambridge University Press, 1938.
  • Landes, David S. A Riqueza e a Pobreza das Nações. São Paulo: Campus, 1998.

A Dinastia Saíta e o domínio persa: o Egito entre a restauração e a conquista

PixaBay
Dando continuidade à nossa série sobre o Egito Antigo, seguimos agora com a XXVI Dinastia, também chamada de Dinastia Saíta, um período que representou uma tentativa de restauração da antiga glória egípcia. Após o colapso do domínio núbio e a retirada dos assírios, o Egito passou por um breve renascimento cultural e político, antes de ser novamente subjugado — desta vez pelos persas.

A ascensão da Dinastia Saíta

A Dinastia Saíta teve início por volta de 664 a.C., com o faraó Psamético I, que estabeleceu sua capital em Saís, no Delta do Nilo. Embora inicialmente nomeado pelos assírios como governador local, Psamético I conseguiu consolidar sua autoridade e afirmar sua independência, reunificando o Egito e restabelecendo o controle central.

Com apoio de mercenários gregos e alianças políticas estratégicas, os saítas promoveram uma espécie de “renascimento faraônico”. Houve uma revalorização do passado, com a retomada de estilos artísticos, arquitetônicos e religiosos do Antigo e do Novo Império, numa clara tentativa de legitimar seu governo e enaltecer a identidade egípcia.

O Egito saíta: renascimento e desafios

Durante os reinados de Neco II, Psamético II e Apries, o Egito buscou retomar sua influência regional. Neco II, por exemplo, promoveu expedições militares no Levante e iniciou obras ambiciosas, como um canal ligando o Nilo ao Mar Vermelho. O comércio com o Mediterrâneo também foi fortalecido, especialmente com as cidades gregas da Ásia Menor.

Contudo, apesar da estabilidade interna e do florescimento cultural, o Egito continuava vulnerável às potências estrangeiras. A ameaça mais significativa veio do leste, com a ascensão do Império Persa, sob o comando de Ciro, o Grande, e mais tarde, seu filho Cambises II.

A conquista persa do Egito

Em 525 a.C., o faraó Psamético III enfrentou o avanço das tropas persas lideradas por Cambises II, na Batalha de Pelúsio. A derrota egípcia foi decisiva, e o país foi incorporado ao vasto Império Persa como uma satrapia — uma província administrada por um sátrapa, nomeado pelo rei persa.

Com isso, teve início o chamado Primeiro Período Persa (XXVII Dinastia). Embora os persas tenham mantido algumas tradições locais e permitido o culto aos deuses egípcios, a perda da autonomia política marcou profundamente a população. Cambises II chegou a se proclamar faraó, mas seu governo foi malvisto pelos egípcios, especialmente devido à destruição de templos e à repressão de revoltas.

Conclusão

A Dinastia Saíta representou o último suspiro de um Egito governado por dinastias nativas antes do domínio estrangeiro se tornar regra. Com os persas, o Egito entrou em uma nova fase, marcada por controle imperial, embora ainda preservasse parte de sua rica cultura. Esse período também abre caminho para o contato com os gregos e, futuramente, com os macedônios de Alexandre, o Grande.

No próximo artigo, abordaremos o Período Persa, seus impactos administrativos e culturais, e como o Egito seguiu resistindo e se transformando sob domínio estrangeiro.

Referências Bibliográficas

  • Bard, Kathryn A. An Introduction to the Archaeology of Ancient Egypt. Blackwell Publishing, 2007.
  • Wilkinson, Toby. The Rise and Fall of Ancient Egypt. Random House, 2010.
  • Shaw, Ian (Ed.). The Oxford History of Ancient Egypt. Oxford University Press, 2000.
  • Lloyd, Alan B. The Late Period (664–332 BC), in: The Oxford History of Ancient Egypt, 2000.
  • Kuhrt, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Period. Routledge, 2007.

sábado, 12 de abril de 2025

Imposto de Renda 2025: prazo vai até 30 de maio e exige atenção nas deduções

Receita Federal espera receber 46,2 milhões de declarações neste ano; contribuintes devem escolher entre modelo simplificado e completo

Começou no dia 17 de março o período para entrega da Declaração do Imposto de Renda 2025. De acordo com a Receita Federal, o prazo final é 30 de maio, e a expectativa é de que 46,2 milhões de pessoas entreguem suas declarações até essa data.

Um dos pontos mais importantes para o contribuinte é a escolha do modelo de dedução: simplificado ou completo (por deduções legais). Informações incorretas podem acarretar perda de benefícios fiscais ou até levar o contribuinte à malha fina.

“A declaração completa é ideal para quem tem muitas despesas dedutíveis na área de saúde, educação, previdência privada e dependentes. Permite detalhar todas as despesas. Já a simplificada aplica um desconto padrão de 20%, sem necessidade de comprovação das despesas”, explica o professor Gilder Daniel Torres, do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Anhanguera.

A declaração simplificada já aplica automaticamente o desconto, enquanto no modelo completo o contribuinte pode deduzir diversos gastos, como:

  • Despesas médicas (consultas, exames, hospitais, plano de saúde) – sem limite, desde que comprovadas;
  • Educação – limitado a R$ 3.561,50 por pessoa, incluindo mensalidades escolares, faculdades e cursos técnicos.

Segundo a professora Ahiram Cardoso, da Unime, a escolha certa do modelo pode significar restituição maior ou imposto menor a pagar.

Quem pode ser declarado como dependente?

O valor fixo dedutível por dependente em 2025 é de R$ 2.275,08, além de outras deduções vinculadas aos gastos com eles.

O professor Marco Aurélio Pitta, da Universidade Positivo, explica que podem ser considerados dependentes:

  • Cônjuges ou companheiros (com filhos ou união estável de pelo menos 5 anos);
  • Filhos e enteados até 21 anos (ou até 24, se estiverem cursando ensino superior ou técnico);
  • Pessoas com deficiência, independentemente da idade;
  • Pais, avós, irmãos, netos e menores sob guarda judicial.

É importante lembrar que uma pessoa só pode constar como dependente em uma declaração e que a omissão de rendimentos de dependentes pode causar pendência na malha fina.

Restituição: confira as datas e prioridades

A Receita Federal prevê que 27,7 milhões de contribuintes terão direito à restituição do IR neste ano. Os pagamentos serão realizados em cinco lotes mensais, nas seguintes datas:

  • 30 de maio
  • 30 de junho
  • 31 de julho
  • 29 de agosto
  • 30 de setembro

A prioridade de restituição seguirá esta ordem:

  1. Idosos acima de 80 anos
  2. Idosos acima de 60 anos, pessoas com deficiência ou doenças graves
  3. Contribuintes cuja principal fonte de renda seja o magistério
  4. Quem optou pela declaração pré-preenchida e restituição via Pix
  5. Demais contribuintes, em ordem de entrega

Para consultar o status da restituição, o contribuinte pode acessar o site: www.restituicao.receita.fazenda.gov.br, ou utilizar o aplicativo da Receita Federal.

Desde o dia 1º de abril, a declaração pré-preenchida está disponível para todos os contribuintes, facilitando o processo e reduzindo erros.

Fonte: Agência Brasil

A Monarquia de Mônaco: Estrutura, Religião e Poder Político

PixaBay
O Principado de Mônaco é uma monarquia constitucional hereditária localizada na costa do Mar Mediterrâneo, entre a França e a Itália. Apesar de seu pequeno território — com pouco mais de 2 km² —, Mônaco exerce um papel singular entre as monarquias europeias por sua estabilidade política, prestígio histórico e influência diplomática. A família Grimaldi, de origem genovesa, governa o país desde o século XIII.

A Chefia de Estado: o Príncipe de Mônaco

Ao contrário de outras monarquias constitucionais onde o monarca tem papel sobretudo simbólico, o Príncipe de Mônaco exerce poderes significativos dentro do governo. Desde 2005, o trono é ocupado por Alberto II de Mônaco, filho do Príncipe Rainier III e da atriz norte-americana Grace Kelly.

O Príncipe é o chefe de Estado e detém autoridade executiva. Ele representa Mônaco nas relações internacionais, nomeia o ministro de Estado (chefe de governo, tradicionalmente um francês indicado em acordo com a França) e aprova as leis promulgadas pelo parlamento. Também pode emitir ordens soberanas com força legal e vetar decisões legislativas, embora essas prerrogativas sejam utilizadas com moderação (MONACO CONSTITUTION, 1962).

Religião Oficial e Influência da Igreja

A religião oficial de Mônaco é o Catolicismo Romano, conforme estipulado na Constituição de 1962. A Igreja Católica desempenha um papel importante na vida social e cerimonial do principado. Embora exista liberdade religiosa, o catolicismo ainda influencia práticas escolares, celebrações públicas e eventos nacionais. A Catedral de São Nicolau, onde estão sepultados vários membros da família real, é um importante símbolo religioso e histórico.

O Parlamento Monegasco

O sistema legislativo de Mônaco é unicameral e está representado pelo Conselho Nacional, composto por 24 membros eleitos por sufrágio universal a cada cinco anos. O parlamento tem como função principal aprovar leis, votar o orçamento nacional e fiscalizar a atuação do governo.

Embora o Príncipe concentre uma parte significativa do poder, o Conselho Nacional participa ativamente da formulação de políticas públicas e pode propor projetos de lei. A colaboração entre o Executivo e o Legislativo é essencial para a governabilidade, com o Príncipe mantendo o poder de sancionar ou vetar propostas (COSTA, 2017).

Influência da Monarquia na Cultura e na Política

A monarquia monegasca é um dos principais elementos de identidade nacional. A figura do príncipe é cercada de grande prestígio, tanto no cenário interno quanto internacional. A família Grimaldi também é reconhecida por seu envolvimento em causas sociais, ambientais e culturais, com destaque para a atuação do Príncipe Alberto II em temas de sustentabilidade e mudanças climáticas.

Além disso, a imagem da monarquia atrai atenção mundial para o principado, especialmente em eventos como o Grande Prêmio de Mônaco de Fórmula 1 e o Baile da Rosa, promovido pela família real.

Conclusão

A Monarquia de Mônaco, ainda que baseada em uma constituição moderna, mantém traços de centralização do poder nas mãos do soberano. A combinação entre estabilidade institucional, tradição monárquica e participação parlamentar torna o modelo político monegasco um caso peculiar entre os pequenos estados europeus. O Príncipe, como símbolo da nação, representa a continuidade e o equilíbrio de um sistema que alia tradição e governança moderna.

Referências Bibliográficas

  • CONSTITUIÇÃO DE MÔNACO. Constitution du 17 décembre 1962. Disponível em: https://en.gouv.mc/Government-Institutions/The-Constitution
  • COSTA, Ricardo. Formas de Governo e Chefia de Estado: Estudo comparado entre monarquias europeias. Lisboa: Almedina, 2017.
  • DE MARCHI, Andrea. The Grimaldi Dynasty and the Principality of Monaco. Firenze: Leo S. Olschki, 2011.
  • TOTH, Amanda. A Political History of Monaco. London: Palgrave Macmillan, 2020.
  • SITE OFICIAL DO GOVERNO DE MÔNACO. Monaco Government Portal. Disponível em: https://en.gouv.mc/

A consolidação da República Romana e os conflitos sociais

PixaBay
Com a expulsão dos reis etruscos e a instauração da República em 509 a.C., Roma passou a experimentar um novo modelo de organização política, baseado na alternância de poder, na colegialidade dos cargos e na participação dos cidadãos nas decisões públicas. Contudo, o novo regime não significou, de imediato, uma sociedade mais igualitária. As primeiras décadas da República foram marcadas por profundas tensões entre os patrícios, membros da elite fundiária, e os plebeus, a maioria da população composta por pequenos proprietários, camponeses, artesãos e soldados (CORNELL, 1995).

As instituições republicanas

No lugar do rei, a República instituiu dois cônsules, eleitos anualmente, com poderes executivos e militares. Para equilibrar o poder e evitar abusos, os cônsules deviam agir em consenso. Ao lado deles, o Senado — inicialmente composto apenas por patrícios — manteve-se como órgão consultivo, mas com grande influência sobre a política externa e as finanças. As assembleias populares (com destaque para a Assembleia Centuriata e a Assembleia Tribal) representavam os cidadãos e tinham poder de eleger magistrados e aprovar leis, ainda que o peso do voto fosse desigual, favorecendo os mais ricos (LÍVIO, 2014).

A luta dos plebeus

A desigualdade entre patrícios e plebeus levou a uma série de conflitos sociais, conhecidos como "Conflitos da Ordem" (ou Conflictus Ordinum). Os plebeus, essenciais nas campanhas militares, começaram a exigir direitos políticos e proteção contra abusos, como a escravidão por dívidas. Um marco dessa luta foi a secessão da plebe em 494 a.C., quando os plebeus se retiraram para o Monte Sagrado e se recusaram a servir no exército, forçando os patrícios a negociar (OGILVIE, 1976).

Como resultado, foi criada a magistratura dos tribunos da plebe, com poder de veto sobre decisões dos magistrados e do Senado. Aos poucos, os plebeus conquistaram mais direitos, como o acesso aos cargos públicos (Lei Canuleia de 445 a.C.) e à igualdade jurídica com os patrícios, culminando com a Lei das Doze Tábuas, em 451–450 a.C., o primeiro código legal romano escrito e publicado (CARANDINI, 2003).

A expansão territorial e a organização militar

Ao mesmo tempo em que enfrentava disputas internas, Roma expandia seu controle sobre o Lácio e as regiões vizinhas. A República desenvolveu uma máquina militar eficiente e disciplinada, baseada no serviço obrigatório dos cidadãos. Essa estrutura militar, aliada à construção de estradas e ao estabelecimento de colônias, permitiu a consolidação do poder romano na península Itálica até o século III a.C. (CORNELL, 1995).

A experiência da guerra e da conquista também fortaleceu a unidade interna, ao mesmo tempo em que criava novas contradições sociais, como o aumento da desigualdade e o acúmulo de terras pelos patrícios, em detrimento dos pequenos proprietários plebeus.

Considerações finais

O período republicano inicial revela um momento de intensa transformação social e política em Roma. A substituição da monarquia por um sistema republicano não eliminou os privilégios da elite patrícia, mas abriu espaço para a mobilização popular e a conquista gradual de direitos pelos plebeus. Esse processo não foi linear nem pacífico, mas resultou em uma estrutura política flexível e resiliente, capaz de integrar diferentes interesses e sustentar a expansão de Roma como potência regional.

A consolidação das instituições republicanas, aliada à habilidade diplomática e militar dos romanos, lançou as bases para o futuro império. Ao analisar esse período, compreendemos como a República romana foi não apenas uma forma de governo, mas uma experiência histórica singular de negociação entre tradição, conflito e inovação.

Referências Bibliográficas

CARANDINI, Andrea. Roma: Il primo giorno. Torino: Giulio Einaudi, 2003.
CORNELL, T. J. The Beginnings of Rome: Italy and Rome from the Bronze Age to the Punic Wars (c. 1000–264 BC). London: Routledge, 1995.
LÍVIO, Tito. História de Roma desde a sua fundação. São Paulo: Edipro, 2014.
OGILVIE, R. M. Early Rome and the Etruscans. London: Fontana Press, 1976.

sexta-feira, 11 de abril de 2025

IBC-Br sobe 0,4% em fevereiro e reforça sinais de resiliência econômica

Dados são do Banco Central e reportagem da Agência Brasil

PixaBay
Pelo segundo mês consecutivo, a atividade econômica brasileira apresentou crescimento, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado nesta sexta-feira (11) pela própria autoridade monetária. O índice, que serve como um dos principais termômetros da economia nacional, registrou alta de 0,4% em fevereiro na comparação com janeiro, considerando os dados dessazonalizados.

No mês, o IBC-Br atingiu 108,8 pontos, sinalizando uma trajetória de recuperação moderada. Em relação a fevereiro de 2024, o crescimento foi de 4,1%, e no acumulado de 12 meses, a variação positiva foi de 3,8%. Os números fazem parte da base pública de dados do Banco Central, que também disponibiliza o histórico completo dos componentes setoriais como agropecuária, indústria, serviços e impostos.

De acordo com matéria publicada pela Agência Brasil, o índice é acompanhado de perto pelo Comitê de Política Monetária (Copom) por refletir o nível de atividade econômica e contribuir nas decisões sobre a taxa básica de juros, atualmente fixada em 14,25% ao ano. A elevação dos juros, segundo o BC, tem como objetivo controlar a inflação, embora impacte negativamente o ritmo de crescimento.

O cenário atual é marcado por inflação em desaceleração. Em março, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 0,56%, abaixo dos 1,31% registrados em fevereiro. Ainda assim, no acumulado em 12 meses, a inflação oficial chegou a 5,48%, superando o teto da meta definida para o período.

O Banco Central alertou para os riscos persistentes de inflação de serviços e indicou que poderá realizar novos ajustes na Selic, ainda que em menor intensidade nas próximas reuniões do Copom. A política monetária restritiva tem dificultado uma expansão mais robusta da economia, mas os dados recentes mostram sinais de resiliência.

O IBC-Br, apesar de não ser uma prévia exata do Produto Interno Bruto (PIB), é utilizado internamente pelo BC como instrumento de acompanhamento da atividade. Em 2024, o PIB brasileiro cresceu 3,4%, marcando o quarto ano consecutivo de avanço.

IPCA desacelera em março, mas acumula alta de 5,48% em 12 meses

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou variação de 0,56% em março de 2025, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representa uma desaceleração frente à taxa de fevereiro (1,31%), mas ainda é o maior índice para um mês de março desde 2023, quando ficou em 0,71%. No acumulado do ano, o IPCA já soma alta de 2,04%. Em 12 meses, o índice atinge 5,48%, acima dos 5,06% registrados no período anterior.

Todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram variação positiva em março. O maior impacto veio do grupo Alimentação e bebidas, que subiu 1,17% e respondeu por 0,25 ponto percentual do IPCA do mês — cerca de 45% do total. Entre os itens que mais pressionaram estão o tomate (22,55%), o ovo de galinha (13,13%) e o café moído (8,14%). Em contrapartida, houve queda no preço do óleo de soja (-1,99%), arroz (-1,81%) e carnes (-1,60%).

A alimentação fora do domicílio também acelerou, passando de 0,47% em fevereiro para 0,77% em março. O subitem refeição variou 0,86%, e o cafezinho, 3,48%. Já o lanche teve desaceleração leve, de 0,66% para 0,63%.

O segundo maior avanço foi observado em Despesas pessoais, que subiram 0,70%, puxadas por itens como cinema, teatro e concertos (7,76%), reflexo do encerramento da Semana do Cinema promovida em fevereiro. O grupo Vestuário teve alta de 0,59%, com aumentos em todos os segmentos, especialmente calçados e acessórios (0,65%).

No grupo Transportes (0,46%), a alta das passagens aéreas (6,91%) e dos combustíveis (0,46%) foi parcialmente compensada por reduções nos preços do ônibus urbano (-1,09%), em função de tarifas promocionais aos domingos em Curitiba e da gratuidade nos transportes públicos em Brasília.

A Habitação, que havia registrado forte alta de 4,44% em fevereiro, desacelerou para 0,24% em março. A energia elétrica residencial, que havia subido 16,80% no mês anterior, teve variação de apenas 0,12% em março.

Destaques regionais

Entre as regiões pesquisadas, Curitiba e Porto Alegre apresentaram as maiores variações (0,76%), impulsionadas principalmente pela alta da gasolina (1,84% e 2,43%, respectivamente). A menor variação foi registrada em Rio Branco (0,27%) e Brasília (0,27%), onde a redução de 24,18% no preço do ônibus urbano teve forte impacto.

INPC também desacelera

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), voltado às famílias com renda de até cinco salários mínimos, registrou alta de 0,51% em março, após ter avançado 1,48% em fevereiro. No acumulado do ano, o índice está em 2,00% e, nos últimos 12 meses, soma 5,20% — também acima dos 4,87% dos 12 meses anteriores.

Os produtos alimentícios, que já haviam subido 0,75% em fevereiro, aceleraram para 1,08% em março. Os não alimentícios, por sua vez, desaceleraram de 1,72% para 0,32%.

Curitiba (0,79%) também liderou o avanço do INPC, seguida de Porto Alegre (0,77%), ambas influenciadas pelos combustíveis. A menor variação, novamente, foi em Brasília (-0,33%), pela política de gratuidade nos transportes públicos aos domingos e feriados.

O IPCA e o INPC são calculados pelo IBGE com base em preços coletados entre os dias 27 de fevereiro e 31 de março de 2025, abrangendo dez regiões metropolitanas e seis capitais do país. Os índices seguem como termômetro essencial da inflação e refletem diretamente o custo de vida da população brasileira, especialmente no que diz respeito à alimentação e transporte.

 

Mulheres Míticas do Folclore Brasileiro: Força, Mistério e Simbolismo

Dando sequência à nossa série sobre o folclore brasileiro, exploraremos agora as figuras femininas que habitam o imaginário popular. Essas personagens, envoltas em mistério, beleza e poder, refletem não apenas o enraizamento cultural de diversos povos, mas também os papéis simbólicos atribuídos às mulheres ao longo da história. Muitas dessas lendas possuem origens indígenas ou africanas, ressignificadas pela tradição oral e pela religiosidade popular.

Iara – A Mãe-d’Água Encantadora

Talvez a figura feminina mais conhecida do folclore brasileiro, a Iara é uma sereia de pele morena e cabelos longos que vive nos rios da Amazônia. Seu canto hipnótico atrai pescadores e viajantes para o fundo das águas. Ao mesmo tempo sedutora e perigosa, a Iara representa tanto o fascínio quanto o medo diante da natureza e da feminilidade. Sua lenda mistura elementos indígenas com visões moralistas trazidas pelos colonizadores.

Cuca – A Bruxa das Canções Infantis

A Cuca, eternizada pelo “Sítio do Picapau Amarelo” de Monteiro Lobato, é descrita como uma velha bruxa com aparência de jacaré. Embora cause medo nas crianças, sua figura tem raízes em antigas histórias ibéricas e africanas, funcionando como uma advertência aos pequenos desobedientes. Com o tempo, a Cuca se tornou símbolo da vigilância e do castigo, mas também de uma sabedoria ancestral esquecida.

Maria Caninana – A Mulher Serpente

Proveniente do Norte do Brasil, Maria Caninana é uma personagem dividida entre o mundo humano e o animal. Segundo a lenda, era uma mulher que se transformava em cobra para proteger os rios. Essa narrativa pode ser interpretada como metáfora para o dualismo feminino: instinto e razão, proteção e perigo. Sua história também ecoa os mitos indígenas sobre os encantados — seres que vivem entre o visível e o invisível.

Dandara – A Heroína Histórica e Mítica

Embora não seja uma personagem mitológica no sentido tradicional, Dandara dos Palmares é frequentemente tratada como figura lendária do folclore afro-brasileiro. Guerreira e companheira de Zumbi, Dandara representa a resistência negra, a luta pela liberdade e o protagonismo feminino nas narrativas históricas brasileiras. Sua memória é resgatada como símbolo de empoderamento e justiça.

O Simbolismo do Feminino no Folclore

As mulheres do folclore brasileiro são, muitas vezes, retratadas como guardiãs da natureza, seres encantadores ou bruxas punitivas. Esse imaginário revela tanto a veneração quanto o controle que as sociedades tradicionais exerceram sobre o feminino. Entretanto, ao revisitarmos essas histórias sob uma nova ótica, podemos enxergá-las como símbolos de força, ancestralidade e resistência.

A Importância de Valorizar Essas Narrativas

Em tempos de apagamento cultural e globalização, resgatar os personagens femininos do folclore é uma forma de dar voz a outras narrativas. Mulheres que foram mitificadas, temidas ou esquecidas passam a ocupar um espaço de reconhecimento e reflexão dentro do imaginário nacional.

Referências Bibliográficas

  • CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 20. ed. São Paulo: Global Editora, 2012.
  • MOURA, Carlos Eugênio Marcondes de. O Negro Denunciado: o discurso da negritude nos mitos e lendas afro-brasileiras. São Paulo: Ática, 2001.
  • LOPES, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. São Paulo: Selo Negro, 2004.
  • MENEZES BASTOS, Rafael José de. Narrativas Míticas e Rituais Indígenas. Florianópolis: Editora da UFSC, 2002.
  • ALMEIDA, Maria Geralda de. As Mulheres e o Imaginário Popular: lendas, mitos e representações. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
  • MONTEIRO LOBATO. O Saci. São Paulo: Brasiliense, 1921.
  • SILVA, Vanda Machado da. O Jogo da Cultura: o folclore na educação infantil. Salvador: EDUFBA, 2003.

Urbanismo na Grécia Antiga: Ordem e Funcionalidade

PixaBay
Ao contrário da imagem idealizada de uma Atenas homogênea e perfeitamente planejada, muitas pólis gregas cresceram de forma orgânica, adaptando-se ao relevo e às necessidades locais. No entanto, a partir do século V a.C., especialmente após as guerras médicas, surgiram propostas mais racionais de urbanização, influenciadas por filósofos e arquitetos como Hipódamo de Mileto, considerado o "pai do urbanismo".

Hipódamo propôs um modelo de cidade baseado em uma planta ortogonal, com ruas retas que se cruzavam em ângulos retos, formando quarteirões regulares. Essa organização permitia melhor circulação, ventilação e aproveitamento do espaço urbano, refletindo a busca grega por ordem, proporção e racionalidade também no planejamento das cidades.

Estrutura das Pólis: Espaços Públicos e Privados

As pólis gregas, como Atenas, Corinto e Esparta, organizavam-se em torno de três elementos centrais:

  1. A Acrópole
    Localizada em um ponto elevado da cidade, a acrópole abrigava os principais templos e santuários. Era, ao mesmo tempo, um espaço religioso, simbólico e defensivo. O Partenon, já citado, é o exemplo mais conhecido desse tipo de estrutura.
  2. A Ágora
    Era a praça central, coração da vida pública e política da pólis. Nela se reuniam os cidadãos para discutir assuntos do Estado, realizar transações comerciais e participar de cerimônias. Rodeada por estóas (galerias com colunas), a ágora concentrava edifícios administrativos, tribunais, mercados e templos menores.
  3. Os bairros residenciais
    As casas eram geralmente simples, construídas com tijolos de adobe ou pedras locais. Dispostas em quarteirões, elas refletiam a distinção entre o espaço público e o privado. O pátio interno era um elemento comum, proporcionando luz, ventilação e privacidade. Mesmo as residências mais modestas respeitavam certos padrões de simetria e funcionalidade.

Infraestruturas Urbanas

Além de sua estética refinada, a arquitetura grega contribuiu significativamente para o desenvolvimento de infraestruturas funcionais nas cidades:

  • Sistemas de esgoto e drenagem, especialmente em cidades como Pireu e Priene;
  • Fontes públicas e cisternas, garantindo o abastecimento de água;
  • Ginásios e palestras, voltados à educação física e filosófica dos jovens;
  • Teatros e estádios, espaços que uniam arte, esporte e vida comunitária.

Integração entre Arquitetura e Vida Cotidiana

Na Grécia Antiga, a arquitetura era uma expressão concreta dos ideais democráticos, religiosos e estéticos do povo. Cada construção — fosse ela um templo, uma casa, uma estoa ou um teatro — era concebida não apenas para ser funcional, mas para refletir os valores da comunidade.

A harmonia entre forma e propósito estava presente até nos pequenos detalhes. O uso de proporções matemáticas, o respeito à topografia local e a escolha dos materiais revelam uma consciência profunda do ambiente e das necessidades humanas.

Considerações Finais

A arquitetura na Grécia Antiga transcende o aspecto meramente técnico. Ela se manifesta como linguagem estética, instrumento político e meio de organização social. Das colunas do Partenon às ruas ortogonais de Mileto, os gregos nos deixaram um legado que ultrapassa o tempo e continua a inspirar o modo como pensamos e construímos nossas cidades.

No próximo artigo da série, exploraremos a escultura na Grécia Antiga, com ênfase nas representações do corpo humano, a busca pelo ideal estético e os grandes mestres como Fídias, Míron e Policleto.

Referências Bibliográficas adicionais:

  • BENEVOLO, Leonardo. História da Cidade. São Paulo: Perspectiva, 2011.
  • WYCHERLEY, R.E. How the Greeks Built Cities. London: Macmillan, 1976.
  • HOEPPER, Richard; VALLADARES, Lilia Moritz. Grécia: Mito, História e Cultura. São Paulo: Ática, 2007.
  • JAEGER, Werner. Paideia: A Formação do Homem Grego. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Serviços crescem 0,8% em fevereiro e setor mantém ritmo positivo no Brasil

Com resultado, setor está 16,2% acima do nível pré-pandemia; destaque para informação e comunicação, enquanto transportes recuam pelo segundo mês seguido

PixaBay
O volume de serviços no Brasil registrou crescimento de 0,8% em fevereiro de 2025 frente ao mês anterior, conforme dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado, que considera a série com ajuste sazonal, marca o segundo mês consecutivo de alta e posiciona o setor 16,2% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e apenas 1,0% abaixo do pico histórico alcançado em outubro de 2024.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o avanço foi ainda mais expressivo: 4,2%, registrando a 11ª taxa positiva seguida nesta base de comparação. No acumulado de 2025, o setor já cresceu 2,6%, enquanto o acumulado dos últimos 12 meses aponta alta de 2,8%.

O desempenho positivo em fevereiro foi impulsionado por quatro das cinco atividades investigadas pela Pesquisa Mensal de Serviços. O destaque ficou por conta do setor de informação e comunicação, que avançou 1,8% no mês, acumulando 4,0% de crescimento nos dois primeiros meses do ano. Serviços profissionais, administrativos e complementares (1,1%), outros serviços (2,2%) e serviços prestados às famílias (0,5%) também contribuíram para o resultado geral.

Por outro lado, o setor de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio recuou 0,1%, mantendo a tendência de queda iniciada em janeiro (-1,8%).

Setor de tecnologia segue em alta

Dentro da área de informação e comunicação, os serviços de tecnologia da informação foram os que mais se destacaram, com crescimento de 5,9% em fevereiro e alta de 18,1% frente ao mesmo mês do ano anterior. Também houve desempenho positivo em segmentos como telecomunicações, serviços audiovisuais e portais de conteúdo online.

Esse grupo exerceu o principal impacto positivo no resultado geral frente a fevereiro de 2024, com crescimento de 9,8%. A alta foi sustentada por maior receita em serviços de software, hospedagem na internet e consultoria em TI.

Resultados regionais

A expansão do volume de serviços foi registrada em 21 das 27 unidades da federação na comparação com janeiro. Os destaques positivos vieram de Mato Grosso (24,9%), Amazonas (14,2%), Distrito Federal (9,2%), Santa Catarina (2,1%) e São Paulo (0,8%), este último com forte peso na estrutura nacional.

Em contrapartida, os principais recuos foram observados no Espírito Santo (-1,8%), Rio de Janeiro (-0,9%) e Minas Gerais (-0,6%).

Na comparação com fevereiro de 2024, 23 unidades federativas registraram crescimento, lideradas por São Paulo (5,7%), Rio de Janeiro (5,5%), Distrito Federal (9,0%), Mato Grosso (10,9%) e Paraná.

Perspectiva para o setor

Apesar das oscilações em algumas atividades, o setor de serviços segue como um dos motores da economia brasileira. A média móvel trimestral, que busca suavizar flutuações, teve alta de 0,1% no trimestre encerrado em fevereiro. Embora modesta, essa variação foi sustentada especialmente pela resiliência do setor de informação e comunicação, que permanece em trajetória de expansão.

Já no recorte anual, o crescimento de 2,6% no primeiro bimestre de 2025 foi puxado por quatro das cinco grandes atividades pesquisadas, com destaque novamente para a tecnologia, que tem se consolidado como o principal vetor de crescimento do setor.

A Astronomia Maia: Ciência, Céu e Profecia

 

Divulgação/Luciana Monte/Flickr
A civilização maia surpreende não apenas por sua espiritualidade profunda, mas também por seus conhecimentos científicos avançados, especialmente no campo da astronomia. Para os maias, observar o céu não era apenas uma atividade científica, mas também espiritual e ritualística. Seus astrônomos-sacerdotes eram verdadeiros mestres na leitura dos céus, e sua compreensão dos astros influenciava desde a agricultura até as decisões políticas e religiosas.

Uma Ciência Celestial

Os maias desenvolveram uma astronomia extremamente precisa, observando o movimento dos planetas, da lua e do sol a olho nu, sem o uso de instrumentos óticos modernos. Através dessas observações, eles calcularam com exatidão eventos como eclipses solares e lunares, solstícios, equinócios e ciclos planetários, especialmente os de Vênus, que tinha importância ritual.

Suas construções, como templos e pirâmides, eram alinhadas com eventos astronômicos, demonstrando um conhecimento prático e simbólico do cosmos. Um dos exemplos mais impressionantes está em Chichén Itzá, onde, durante os equinócios, o jogo de luz e sombra na pirâmide de Kukulcán forma a imagem de uma serpente descendo os degraus.

Os Calendários Maias

A astronomia maia estava profundamente entrelaçada com seus calendários. Os principais eram:

  • Tzolk’in (260 dias): calendário ritual usado para marcar festividades religiosas e a escolha de dias auspiciosos.
  • Haab’ (365 dias): calendário solar, usado para a organização da vida civil e agrícola.
  • Contagem Longa: sistema para registrar longos períodos de tempo e eventos históricos, baseando-se em ciclos de 5.125 anos.

O fim de um ciclo da Contagem Longa, ocorrido em 2012, foi erroneamente interpretado como previsão de “fim do mundo”, quando, na verdade, simbolizava renovação e recomeço segundo a visão cíclica maia do tempo.

Céu e Profecia

Para os maias, os corpos celestes eram entidades vivas ou mensageiros dos deuses. Cada eclipse, cada alinhamento, carregava significados espirituais profundos. Os reis e sacerdotes consultavam os céus antes de declarar guerras, coroar governantes ou realizar grandes rituais. A astronomia maia, portanto, era tanto uma ciência matemática quanto uma ferramenta teológica.

Legado Duradouro

Mesmo após a colonização espanhola e a destruição de muitos códices, o conhecimento astronômico maia sobreviveu por meio de inscrições em templos, estelas e em alguns manuscritos, como o Códice de Dresden, que contém informações detalhadas sobre ciclos lunares e venusianos.

Hoje, arqueoastrônomos e historiadores reconhecem a genialidade desse povo e continuam a desvendar suas descobertas, que ainda surpreendem pela precisão e sofisticação.

Conclusão

A astronomia maia nos mostra que ciência e espiritualidade caminharam lado a lado nessa antiga civilização. Para eles, compreender o céu era compreender o divino, o tempo e o próprio destino humano. Seu legado permanece como um testemunho da capacidade humana de observar, interpretar e se conectar com o universo.

 

Referências Bibliográficas

  • Aveni, Anthony F. Skywatchers. University of Texas Press, 2001.
  • Milbrath, Susan. Star Gods of the Maya: Astronomy in Art, Folklore, and Calendars. University of Texas Press, 1999.
  • Coe, Michael D. The Maya. Thames & Hudson, 2011.
  • Van Stone, Mark. 2012: Science and Prophecy of the Ancient Maya. Tlacaélel Press, 2010.

"Porque o Senhor não rejeitará o seu povo, nem desamparará a sua herança." (Salmos 94:14)

PixaBay
Em meio à correria da vida, aos desafios diários e às batalhas internas que travamos, é natural que, em algum momento, nos perguntemos: “Será que Deus se esqueceu de mim?”

Essa dúvida, embora comum, é respondida com firmeza por uma verdade eterna registrada no Salmo 94:14: Deus não rejeita o Seu povo. Ele não desampara aqueles que são Sua herança.

O Contexto do Salmo 94

Este salmo é um clamor por justiça. O salmista observa a prosperidade dos ímpios e a opressão sobre os justos, e questiona até quando Deus permitirá tais injustiças. Mas no meio da angústia, surge uma certeza que muda tudo: o Senhor permanece fiel.

Essa declaração no verso 14 não é apenas uma frase de conforto. É uma promessa, um lembrete de que, mesmo quando tudo parece contrário, Deus continua no controle e não abandona os Seus.

O Que Podemos Aprender?

Deus é Fiel, Mesmo Quando Tudo Parece Silencioso

Às vezes, o silêncio de Deus pode parecer abandono, mas não é. Ele age no tempo certo, com sabedoria perfeita. Sua fidelidade não depende das circunstâncias nem dos nossos méritos.
Ele cuida de nós porque somos d’Ele.

Somos a Herança de Deus

Ser chamado de “herança” mostra o quanto somos preciosos para Deus. Ele nos escolheu, nos separou e tem prazer em cuidar de nós. Deus não desampara o que Lhe pertence.
Essa verdade deve fortalecer nosso coração, especialmente nos dias difíceis.

A Justiça de Deus Não Falha

Mesmo quando o mal parece prevalecer, podemos descansar sabendo que a justiça divina nunca falha. Pode demorar aos olhos humanos, mas o Senhor age no tempo certo, com poder e retidão.

 Como Aplicar Isso no Dia a Dia?

  • Quando se sentir sozinho, lembre-se desta promessa: Deus não te rejeita.
  • Diante das injustiças, confie na justiça de Deus, que é perfeita e eterna.
  • Em momentos de fraqueza, reconheça que você é herança do Senhor e que Ele cuida de cada detalhe da sua vida.

 Conclusão

Salmos 94:14 é um convite à confiança, mesmo em meio ao caos. Ele nos lembra que, acima das circunstâncias, existe um Deus presente, fiel e justo, que nunca abandona os Seus.

quarta-feira, 9 de abril de 2025

Crédito sobe e alcança R$18,8 trilhões em fevereiro, impulsionado por títulos públicos e empréstimos às empresas

Expansão de 1,7% no mês reforça crescimento do crédito ampliado, enquanto taxa média de juros atinge 30,5% ao ano; endividamento das famílias atinge maior nível desde junho de 2023

SFPMIS.org.br
O crédito ampliado ao setor não financeiro no Brasil registrou um crescimento de 1,7% em fevereiro, totalizando R$18,8 trilhões — o equivalente a 158,1% do Produto Interno Bruto (PIB). O aumento foi puxado, principalmente, pela alta de 3,6% nos títulos públicos de dívida, segundo dados divulgados pelo Banco Central. Em 12 meses, o crédito ampliado cresceu 14,9%.

Empresas lideram expansão

O crédito às empresas somou R$6,6 trilhões (56,1% do PIB), com alta de 1,9% em fevereiro. Destaque para o avanço de 3,8% nos empréstimos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e de 1,5% nos empréstimos externos. Em relação a fevereiro de 2024, houve um crescimento expressivo de 19,2%, influenciado por títulos de dívida (+27,5%) e crédito externo (+18,6%).

Famílias com crédito mais estável

Já o crédito às famílias atingiu R$4,3 trilhões (36,5% do PIB), com crescimento mais modesto: 0,4% no mês e 12,5% em doze meses, sustentado especialmente pelos empréstimos do SFN.

Sistema Financeiro Nacional (SFN) movimenta R$6,5 trilhões

O estoque de crédito do SFN chegou a R$6,5 trilhões em fevereiro, com crescimento mensal de 0,4%. O crédito às empresas totalizou R$2,5 trilhões (+0,5%) e às famílias R$4,0 trilhões (+0,4%). No acumulado de 12 meses, a alta foi de 11,8%.

  • Crédito com recursos livres: R$3,7 trilhões (estável no mês, +11,3% em 12 meses)
  • Crédito direcionado: R$2,7 trilhões (+0,9% no mês, +12,5% em 12 meses)

Juros e inadimplência em alta

A taxa média de juros das novas concessões chegou a 30,5% ao ano, com avanço de 0,7 ponto percentual no mês. A inadimplência, por sua vez, atingiu 3,3% da carteira total do SFN, mantendo-se estável em 12 meses.

  • Juros para famílias: 35,0% a.a. (+1,2 p.p. no mês)
  • Juros para empresas: 21,0% a.a. (-0,4 p.p. no mês)
  • Spread bancário: 19,4 p.p.

No crédito livre às famílias, a taxa de juros chegou a 56,3% a.a., impulsionada pelo aumento no rotativo do cartão de crédito (+9,6 p.p.) e no crédito pessoal não consignado (+6,1 p.p.).

Endividamento e comprometimento de renda

O endividamento das famílias subiu para 48,7% da renda em janeiro, o maior nível desde junho de 2023. Já o comprometimento da renda com dívidas subiu para 27,3%.

Agregados monetários crescem

A base monetária chegou a R$440,9 bilhões (+0,2% no mês). Os agregados M1, M2, M3 e M4 também apresentaram expansão:

  • M1: R$627,8 bilhões (+0,4%)
  • M2: R$6,6 trilhões (+0,9%)
  • M3: R$12,1 trilhões (+0,7%)
  • M4: R$13,6 trilhões (+1,4% no mês e +12,2% em 12 meses)

Limite para juros em cartões entra em vigor

Desde janeiro, está em vigor a Lei nº 14.690/2023, que limita a cobrança de juros e encargos em cartões de crédito rotativo e parcelado. O total cobrado não pode ultrapassar o valor original da dívida. O Banco Central criou uma página específica para acompanhar os efeitos da nova legislação: Acesse aqui.

Varejo cresce 0,5% em fevereiro e atinge recorde histórico, aponta IBGE

Setores como móveis, supermercados e artigos farmacêuticos puxaram a alta; varejo ampliado recua após forte crescimento em janeiro

O volume de vendas do comércio varejista brasileiro registrou alta de 0,5% em fevereiro, na comparação com janeiro, já descontados os efeitos sazonais. O dado foi divulgado nesta terça-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e marca a maior variação positiva desde outubro do ano passado, elevando o setor ao maior patamar da série histórica iniciada em 2000.

Essa recuperação quebra um ciclo de quatro meses consecutivos de estabilidade, e a média móvel trimestral também subiu 0,2%, sinalizando uma retomada gradual do ritmo de crescimento.

Entre as oito atividades pesquisadas no varejo restrito, quatro registraram avanço em fevereiro. O destaque ficou por conta do grupo de hiper e supermercados, alimentos, bebidas e fumo, com crescimento de 1,1%. Móveis e eletrodomésticos vieram em seguida, com 0,9%, acompanhados por artigos farmacêuticos e de perfumaria (0,3%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,1%).

Na outra ponta, quatro atividades apresentaram queda no mês. A maior retração foi registrada no segmento de livros, jornais, revistas e papelaria, com recuo de 7,8%, seguido por equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-4,2%), tecidos, vestuário e calçados (-0,1%) e combustíveis e lubrificantes (-0,1%).

Varejo ampliado tem leve queda

Já o comércio varejista ampliado, que inclui os setores de veículos, motos, partes e peças, além de material de construção, apresentou queda de 0,4% em fevereiro. Essa retração sucede uma forte alta de 2,9% em janeiro.

O desempenho negativo foi influenciado principalmente pelo setor de veículos e motos, com recuo de 2,6%. Por outro lado, o segmento de material de construção cresceu 1,1%, compensando parcialmente o resultado geral.

Crescimento mais forte na comparação anual

Na comparação com fevereiro de 2024, o varejo restrito cresceu 1,5%, e o ampliado, 2,4%. Seis das oito atividades pesquisadas apresentaram variações positivas, com destaque para móveis e eletrodomésticos (+9,3%), tecidos, vestuário e calçados (+8,6%) e artigos farmacêuticos (+3,2%).

Em relação ao acumulado do ano, tanto o varejo restrito quanto o ampliado apresentam crescimento de 2,3%. Já no acumulado dos últimos 12 meses, o avanço é de 3,6% no varejo restrito e de 2,9% no varejo ampliado.

Receita nominal também avança

Além do volume de vendas, a receita nominal também apresentou resultados positivos. Em fevereiro, houve crescimento de 1,4% no varejo restrito e de 0,6% no varejo ampliado, na comparação com janeiro. Frente ao mesmo mês do ano anterior, a alta foi de 7,1% e 7,0%, respectivamente.

Farmácias e artigos domésticos em alta contínua

O segmento de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria completou 24 meses consecutivos de crescimento no volume de vendas, com destaque para a demanda contínua por produtos de uso regular, como medicamentos e itens de higiene.

Outros artigos de uso pessoal e doméstico também sustentam tendência positiva, acumulando 13 meses consecutivos de alta.

Metodologia

Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), realizada pelo IBGE. A pesquisa acompanha o comportamento conjuntural do comércio varejista e ampliado em todo o território nacional. As séries com ajuste sazonal são corrigidas para eliminar influências típicas de determinados períodos do ano, como datas comemorativas ou variações climáticas.

Preços da indústria recuam 0,12% em fevereiro de 2025 após 12 meses de alta

Queda foi puxada por indústrias extrativas, alimentos e bens de capital; acumulado em 12 meses segue positivo em 9,41%

PixaBay
Após uma sequência de 12 resultados mensais positivos, os preços da indústria brasileira registraram queda de 0,12% em fevereiro de 2025, conforme dados do Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado pelo IBGE. Essa variação interrompe o ciclo de altas iniciado em fevereiro de 2024 e reflete a retração de preços em metade das atividades industriais analisadas – 12 de um total de 24.

Apesar do recuo pontual, o acumulado no ano ainda é positivo, com alta de 0,03%. Já o acumulado em 12 meses permanece elevado, em 9,41%, embora inferior ao observado em janeiro deste ano (9,71%). Em fevereiro de 2024, a variação mensal havia sido de 0,14%.

Entre os destaques do mês, a maior queda veio das indústrias extrativas, que apresentaram recuo de 3,39% nos preços, influenciadas principalmente pela retração em "óleos brutos de petróleo". O setor acumulou baixa de 4,82% no ano e de 6,18% em 12 meses, sendo o único entre os principais segmentos com variações negativas tanto no mês quanto no ano.

O setor de alimentos, com peso relevante no índice, também influenciou fortemente o resultado, com recuo de 0,84% nos preços. Essa foi a segunda queda mensal consecutiva, impactada principalmente por produtos como “arroz semibranqueado” e “resíduos da extração de soja”. Ainda assim, o setor acumula alta expressiva de 13,96% nos últimos 12 meses – maior resultado desde julho de 2022.

Na contramão da tendência geral, os preços do setor de refino de petróleo e biocombustíveis subiram 2,37% em fevereiro, com destaque para o aumento no preço do óleo diesel. Já os outros produtos químicos registraram a maior variação positiva do mês, com alta de 2,41%, mantendo trajetória de recuperação e acumulando elevação de 4,16% no ano e 16,57% em 12 meses.

Entre as grandes categorias econômicas, a maior retração veio dos bens de capital, com queda de 0,76%, influenciando negativamente o índice em 0,06 ponto percentual. Os bens intermediários caíram 0,09% e os bens de consumo recuaram 0,04%, com destaque para a queda nos preços dos bens de consumo semiduráveis e não duráveis (-0,11%).

Em relação ao acumulado de 12 meses, os bens intermediários, com peso de 55,09% no IPP, foram responsáveis por 4,87 pontos percentuais dos 9,41% de variação do índice. Os bens de consumo contribuíram com 3,98 pontos, sendo que os semiduráveis e não duráveis tiveram a maior influência dentro do grupo (3,69 p.p.).

Apesar da desaceleração em fevereiro, o comportamento dos preços industriais nos primeiros meses de 2025 segue condicionado por variações setoriais específicas, que refletem tanto fatores sazonais quanto dinâmicas globais de oferta e demanda. A continuidade ou reversão dessa tendência dependerá da evolução dos custos de insumos, energia e do comportamento do mercado externo nos próximos meses.

 

Religião e Visão de Mundo Inca

A religião desempenhava um papel central na vida dos incas, moldando sua cultura, política e organização social. Longe de ser apenas um conjunto de crenças, a espiritualidade inca estava profundamente entrelaçada com as práticas cotidianas e a própria estrutura do império. Neste artigo, exploramos os principais deuses, rituais e a cosmovisão que orientava a civilização inca, revelando como o sagrado permeava todos os aspectos da vida andina.

Cosmovisão andina e os três mundos

Os incas concebiam o universo em três níveis interligados:

  • Hanan Pacha (o mundo superior): morada dos deuses celestiais, como o sol (Inti) e a lua (Mama Killa);
  • Kay Pacha (o mundo terreno): onde os seres humanos viviam e interagiam com a natureza;
  • Ukhu Pacha (o mundo inferior): domínio dos mortos e do inconsciente, ligado à fertilidade e ao renascimento.

Essa divisão não representava separações rígidas, mas sim uma harmonia dinâmica entre os planos, que exigia equilíbrio por meio de rituais e práticas sociais.

Deuses e cultos principais

O panteão inca era vasto e refletia a diversidade cultural dos Andes. Entre as divindades mais cultuadas estavam:

  • Inti, o deus do Sol: considerado o ancestral do Sapa Inca e protetor do império;
  • Viracocha, o deus criador: responsável pela criação do mundo e da humanidade;
  • Pachamama, a deusa da terra: protetora da agricultura e símbolo da fertilidade;
  • Mama Killa, a deusa da lua: associada ao ciclo feminino e ao calendário lunar.

Os templos, como o Coricancha em Cusco, eram centros religiosos ricamente adornados com ouro e prata, onde sacerdotes realizavam oferendas, leituras dos astros e sacrifícios, inclusive humanos em ocasiões excepcionais.

Rituais e festas religiosas

As festividades religiosas eram marcadas por música, dança, oferendas e banquetes comunitários. Um dos rituais mais importantes era o Inti Raymi, a Festa do Sol, realizada no solstício de inverno. Nessa ocasião, homenageava-se Inti com procissões e sacrifícios para garantir a fertilidade da terra e a proteção do império.

Outros rituais incluíam as capacocha, cerimônias que envolviam o sacrifício de crianças em altares montanhosos como oferenda aos deuses, especialmente durante catástrofes naturais ou eventos políticos importantes.

A função política da religião

A religião inca também servia como instrumento de controle e integração social. O Sapa Inca era visto como filho do Sol, o que legitimava seu poder absoluto. Ao mesmo tempo, os sacerdotes tinham funções administrativas, registrando eventos, observando os astros e organizando o calendário agrícola.

Além disso, os incas incorporavam os deuses locais dos povos conquistados ao seu panteão, promovendo a assimilação cultural e reduzindo a resistência. Essa política religiosa contribuiu significativamente para a coesão do império.

Conclusão

A religião inca era um sistema complexo que transcendia o culto aos deuses: ela organizava o tempo, orientava a agricultura, justificava o poder político e promovia a unidade do império. Por meio de suas crenças e rituais, os incas buscaram manter o equilíbrio entre os mundos, garantir a prosperidade e perpetuar sua civilização. No próximo artigo, exploraremos as expressões artísticas e arquitetônicas dos incas, analisando como sua cosmovisão influenciava a arte, a engenharia e a construção de cidades monumentais como Machu Picchu.

Referências bibliográficas

  • BETHELL, Leslie (org.). História da América Latina: América Latina Colonial. São Paulo: EdUSP, 1999.
  • ROWE, John H. Inca Culture at the Time of the Spanish Conquest. Handbook of South American Indians, 1946.
  • MURRA, John V. The Economic Organization of the Inka State. JAI Press, 1980.
  • DUVIOLS, Pierre. A Religião dos Incas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
  • REINHARD, Johan. Sacred Mountains: An Ethno-Archaeological Study of High Andean Ruins. Mountain Research and Development, 1985.

A Bandeira do Estado do Tocantins: Símbolos de Identidade, Esperança e Desenvolvimento

A bandeira do estado do Tocantins é um símbolo oficial que representa a identidade política, cultural e histórica do mais jovem estado da federação brasileira. Este artigo analisa os elementos que compõem a bandeira, interpretando seus significados à luz da história da criação do estado e das características geográficas e sociais da região. A bandeira representa o sol, a paz e as riquezas naturais do Tocantins, simbolizando o nascimento de uma nova unidade federativa marcada pela esperança de progresso.

Introdução

A bandeira estadual é um importante símbolo de soberania e identidade cultural. Cada unidade federativa brasileira possui sua bandeira, carregando representações que expressam valores, história, cultura e recursos naturais. O Tocantins, criado pela Constituição Federal de 1988, adotou sua bandeira no mesmo ano. Este artigo busca analisar os aspectos simbólicos e históricos desse importante emblema, que traduz o espírito de renovação e desenvolvimento do estado.

O Estado do Tocantins: Breve Contextualização

O estado do Tocantins foi criado oficialmente em 5 de outubro de 1988, com a promulgação da nova Constituição Federal, a partir da cisão da porção norte do estado de Goiás. A criação do Tocantins foi o resultado de um longo movimento político e social que visava à autonomia administrativa e ao desenvolvimento de uma região historicamente negligenciada. Desde sua fundação, o estado passou a buscar a construção de sua identidade, o que incluiu a criação de seus símbolos oficiais.

Criação e Descrição da Bandeira

A bandeira do Tocantins foi instituída pela Lei Estadual nº 94, de 17 de agosto de 1989. Ela é composta por um fundo dividido em três partes por faixas diagonais: uma faixa branca que corta a bandeira do canto superior esquerdo ao inferior direito, uma faixa azul no canto superior direito e uma faixa amarela no canto inferior esquerdo. No centro da faixa branca está representado um sol dourado de 8 pontas.

Significados dos Elementos da Bandeira

Cada cor e símbolo presente na bandeira possui significados específicos relacionados à identidade do estado:

  • Azul: Representa os rios do Tocantins e a pureza do céu, destacando a importância dos recursos hídricos para o estado.
  • Amarelo: Simboliza a riqueza mineral e a fertilidade do solo tocantinense.
  • Branco: Refere-se à paz e à esperança de uma convivência harmoniosa e democrática entre os cidadãos.
  • Sol de 8 pontas: Localizado no centro da bandeira, representa o nascimento de uma nova unidade federativa, simbolizando energia, força, progresso e a luz que guia o povo tocantinense rumo ao futuro.

A disposição das cores e o sol irradiando luz sugerem também o surgimento de uma nova era de crescimento e prosperidade, refletindo o ideal dos fundadores do estado.

Identidade e Representatividade

A bandeira do Tocantins é mais do que um símbolo cívico: é um emblema que traduz o sentimento de luta e conquista do povo tocantinense. Ela expressa o ideal de um estado moderno, promissor, em harmonia com sua rica natureza e diversidade cultural. De acordo com Alves (2009), "os símbolos estaduais têm o poder de unificar a população em torno de uma identidade comum e um projeto coletivo de desenvolvimento".

Conclusão

A bandeira do Tocantins simboliza os valores fundamentais do estado: paz, esperança, riqueza natural e o nascimento de uma nova era. Sua criação foi parte essencial do processo de construção da identidade tocantinense e ainda hoje se mantém como um símbolo forte e inspirador para os habitantes do estado. Com simplicidade e clareza, os elementos gráficos da bandeira conseguem comunicar a história, as riquezas e o futuro promissor de uma das mais jovens unidades da federação.

 

Referências Bibliográficas

  • TOCANTINS. Lei Estadual nº 94, de 17 de agosto de 1989. Dispõe sobre os símbolos do Estado do Tocantins. Disponível em: https://www.al.to.leg.br. Acesso em: 06 abr. 2025.
  • ALVES, M. C. Formação histórica e identidade regional do Tocantins. Palmas: Edições UFT, 2009.
  • IBGE. Estados@ – Tocantins. Disponível em: https://www.ibge.gov.br. Acesso em: 06 abr. 2025.
  • SILVA, J. P. Símbolos Estaduais e Nacionais: Construções de Identidade. São Paulo: Cortez, 2012.
  • NUNES, R. T. A Construção do Estado do Tocantins: História e Cultura. Goiânia: Cânone, 2015.

terça-feira, 8 de abril de 2025

Custo da cesta básica sobe em 14 capitais e pressiona orçamento das famílias brasileiras

São Paulo tem o maior valor do país em março de 2025; alta generalizada eleva salário mínimo necessário para mais de R$ 7.300

PixaBay
O valor da cesta básica aumentou em 14 das 17 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), entre fevereiro e março de 2025. As maiores altas foram registradas nas capitais da Região Sul: Curitiba (3,61%), Florianópolis (3,00%) e Porto Alegre (2,85%). Já as reduções ocorreram no Nordeste, com destaque para Aracaju (-1,89%), Natal (-1,87%) e João Pessoa (-1,19%).

São Paulo continua sendo a capital com o maior custo da cesta básica, atingindo R$ 880,72. Em seguida vêm Rio de Janeiro (R$ 835,50), Florianópolis (R$ 831,92) e Porto Alegre (R$ 791,64). No outro extremo, as capitais do Norte e Nordeste apresentaram os menores valores, com Aracaju (R$ 569,48), João Pessoa (R$ 626,89), Recife (R$ 627,14) e Salvador (R$ 633,58).

Na comparação anual, todas as capitais registraram aumento no preço dos alimentos básicos, com destaque para Fortaleza (9,69%) e Salvador (8,51%). Apenas Porto Alegre teve uma elevação inferior a 2%, com alta de 1,83%.

Com base no valor da cesta mais cara — a de São Paulo — o DIEESE estimou que o salário mínimo necessário para suprir as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 7.398,94 em março de 2025, o equivalente a 4,87 vezes o salário mínimo em vigor, de R$ 1.518,00.

Além do aumento no custo dos produtos, o tempo de trabalho necessário para adquirir a cesta também subiu. Em média, o trabalhador que recebe um salário mínimo precisou de 106 horas e 19 minutos para comprar os itens essenciais, frente a 104 horas e 43 minutos em fevereiro. Em São Paulo, essa jornada foi ainda maior: 127 horas e 38 minutos — o equivalente a 62,72% do rendimento líquido mensal.

Variações nos preços dos produtos

Os produtos com maior impacto foram o café em pó, o tomate e o leite integral. O café subiu em todas as capitais, com aumentos expressivos em Belém (14,48%) e São Paulo (3,92%). Em 12 meses, o preço da bebida disparou, com destaque para Goiânia (134,38%) e Brasília (125,29%).

O tomate também registrou alta em 13 capitais, especialmente nas do Sul, com variações superiores a 50%. As quedas foram observadas em cidades do Nordeste. Já o leite integral subiu em 10 capitais, puxado pela entressafra, com destaque para Vitória (9,05%).

Entre os itens que apresentaram recuo de preços estão a carne bovina de primeira — que caiu em 15 capitais — e o arroz agulhinha, com queda em 15 cidades. O óleo de soja também apresentou recuo em 13 capitais, apesar de ainda acumular alta em 12 meses.

São Paulo: cesta mais cara do país

Em São Paulo, a cesta básica teve aumento de 2,35% em março. Em um ano, o custo acumulado foi de 8,30%. Sete dos 13 produtos analisados subiram, com destaque para o tomate (25,91%) e o açúcar (9,71%). No acumulado de 12 meses, o café lidera com alta de 50,75%, seguido pelo óleo de soja (32,34%) e a carne bovina (28,17%).

Apesar de pequenas quedas em alguns itens, o peso da cesta básica no orçamento do trabalhador paulista segue elevado. Em março, foi necessário comprometer mais de 62% do salário mínimo líquido apenas para garantir alimentação básica.

Indústria recua 0,1% em fevereiro e metade dos estados registra queda na produção

PixaBay
A produção industrial brasileira registrou uma leve retração de 0,1% em fevereiro de 2025 na comparação com janeiro, segundo dados divulgados nesta terça-feira (8) pelo IBGE, na série com ajuste sazonal. Apesar da pequena variação negativa no cenário nacional, o desempenho regional foi bastante heterogêneo: sete dos 15 locais pesquisados apresentaram queda, com destaque para a Bahia, que liderou as perdas com -2,6%, interrompendo uma sequência de dois meses de crescimento.

Outros estados que puxaram a média nacional para baixo foram Ceará (-1,0%), São Paulo (-0,8%), Santa Catarina (-0,6%), Mato Grosso (-0,6%), Rio de Janeiro (-0,3%) e Minas Gerais (-0,2%). Esses resultados refletem uma desaceleração na indústria em regiões estratégicas do país.

Em contrapartida, Pernambuco foi o estado com maior expansão no mês, crescendo 6,5% e revertendo parcialmente a queda brusca de 25,1% registrada em janeiro. Paraná (2,0%), Pará (1,6%), Espírito Santo (1,1%), Amazonas (0,9%), Região Nordeste (0,5%), Rio Grande do Sul (0,5%) e Goiás (0,2%) também apresentaram crescimento.

Trimestre segue em queda

A média móvel trimestral também mostrou recuo de 0,1% no período encerrado em fevereiro, mantendo a tendência negativa observada em dezembro de 2024 (-0,4%) e janeiro de 2025 (-0,4%). Seis locais registraram retrações neste indicador, com destaque para Pernambuco (-6,5%), Pará (-4,1%), Mato Grosso (-2,9%), Paraná (-1,1%) e Região Nordeste (-1,0%).

Comparativo anual e acumulado

Na comparação com fevereiro de 2024, a indústria nacional avançou 1,5%, beneficiada por um dia útil a mais neste ano. Santa Catarina (6,0%), Paraná (5,5%) e Pará (5,1%) lideraram os resultados positivos. O bom desempenho catarinense foi impulsionado pela alta em setores como máquinas e equipamentos, produtos de metal e vestuário.

O acumulado do ano também foi positivo: entre janeiro e fevereiro de 2025, a produção industrial cresceu 1,4%. O melhor desempenho foi de Santa Catarina (7,6%), seguido por Rio Grande do Sul (3,5%), Paraná (3,3%) e Pará (3,0%). Por outro lado, Rio Grande do Norte (-19,8%), Pernambuco (-19,7%) e Espírito Santo (-10,3%) apresentaram quedas acentuadas no bimestre.

Ritmo de crescimento desacelera em 12 meses

No acumulado dos últimos 12 meses, a indústria cresceu 2,6%, mantendo ritmo positivo, mas com sinais de desaceleração frente aos meses anteriores. Quinze dos 18 locais pesquisados ainda mostram alta, mas em muitos casos o crescimento vem perdendo fôlego. O Rio Grande do Norte, por exemplo, passou de 3,4% em janeiro para -1,1% em fevereiro.