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A Visão de mundo Maia
Os maias acreditavam que o universo era dividido em três
grandes planos: o mundo celestial, a terra e o Xibalba (o submundo). Cada um
desses níveis era habitado por deuses, ancestrais e entidades espirituais. O
mundo terrestre era concebido como uma grande árvore, a "Ceiba
Sagrada", cujas raízes mergulhavam no submundo e seus galhos alcançavam os
céus.
O tempo era visto de forma cíclica, e não linear como nas
tradições ocidentais. Os maias acreditavam que a história se repetia em grandes
ciclos, regidos pelos calendários Haab', Tzolk'in e pela Contagem Longa. Dessa
forma, determinados eventos e datas possuíam significados espirituais
profundos, influenciando decisões políticas, guerras e cerimônias religiosas.
Os Deuses Maias
O panteão maia era vasto e diverso, refletindo a
complexidade de sua cosmologia. Entre os principais deuses estavam:
- Itzamná:
o criador supremo, associado à sabedoria, à escrita e às artes.
- Chaac:
deus da chuva, essencial para a agricultura e a fertilidade da terra.
- K'inich
Ajaw: divindade solar, relacionada ao poder dos reis e à continuidade
dos ciclos.
- Yum
Kaax: deus do milho, alimento sagrado e base da economia maia.
- Ix
Chel: deusa da lua e da fertilidade, protetora das parteiras e
mulheres grávidas.
- Os
Senhores de Xibalba: divindades do submundo que regiam a morte e os
desafios após a vida.
Rituais e sacrifícios
A religião maia envolvia cerimônias complexas, incluindo
oferendas, danças, jejuns e, em alguns casos, sacrifícios humanos. Os
sacrifícios eram considerados um meio de manter o equilíbrio entre os mundos e
agradar os deuses. Entre as práticas comuns estavam:
- Auto-sacrifício:
membros da elite, como sacerdotes e governantes, perfuravam suas próprias
línguas ou outras partes do corpo para oferecer sangue às divindades.
- Sacrifício
humano: prisioneiros de guerra ou pessoas escolhidas podiam ser
imoladas em rituais, muitas vezes por decapitação ou extração do coração.
- Ofertas
materiais: jade, cerâmicas e alimentos eram deixados em templos e
cenotes (poços naturais considerados portais para o submundo).
O Papel dos sacerdotes
Os sacerdotes maias desempenhavam um papel crucial na
sociedade, servindo como intermediários entre os deuses e os humanos. Eles eram
responsáveis por interpretar os calendários sagrados, realizar cerimônias e
orientar os governantes nas decisões políticas. Seu conhecimento avançado de
astronomia e matemática permitia prever eclipses e alinhar construções com
eventos celestes.
Conclusão
A religião maia era um elemento central de sua cultura,
influenciando todas as esferas da vida. Seu sistema de crenças, voltado para o
tempo cíclico e a interação entre diferentes planos do universo, demonstra uma
visão de mundo sofisticada e altamente estruturada. Apesar das mudanças
ocorridas após a colonização espanhola, muitos aspectos das tradições maias
continuam vivos entre seus descendentes, refletindo a perenidade desse rico
legado cultural.
Referências Bibliográficas
- COE,
Michael D. The Maya. 9ª ed. Thames & Hudson, 2011.
- MARTIN,
Simon; GRUBE, Nikolai. Crônicas Maias. São Paulo: Editora AMGH,
2008.
- SHARER,
Robert J.; TRAUBE, Loa P. Understanding the Maya Civilization.
Harvard University Press, 2006.
- HOUSTON,
Stephen D. The Life Within: Classic Maya and the Matter of Permanence.
Yale University Press, 2014.
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