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domingo, 13 de abril de 2025

A Dinastia Saíta e o domínio persa: o Egito entre a restauração e a conquista

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Dando continuidade à nossa série sobre o Egito Antigo, seguimos agora com a XXVI Dinastia, também chamada de Dinastia Saíta, um período que representou uma tentativa de restauração da antiga glória egípcia. Após o colapso do domínio núbio e a retirada dos assírios, o Egito passou por um breve renascimento cultural e político, antes de ser novamente subjugado — desta vez pelos persas.

A ascensão da Dinastia Saíta

A Dinastia Saíta teve início por volta de 664 a.C., com o faraó Psamético I, que estabeleceu sua capital em Saís, no Delta do Nilo. Embora inicialmente nomeado pelos assírios como governador local, Psamético I conseguiu consolidar sua autoridade e afirmar sua independência, reunificando o Egito e restabelecendo o controle central.

Com apoio de mercenários gregos e alianças políticas estratégicas, os saítas promoveram uma espécie de “renascimento faraônico”. Houve uma revalorização do passado, com a retomada de estilos artísticos, arquitetônicos e religiosos do Antigo e do Novo Império, numa clara tentativa de legitimar seu governo e enaltecer a identidade egípcia.

O Egito saíta: renascimento e desafios

Durante os reinados de Neco II, Psamético II e Apries, o Egito buscou retomar sua influência regional. Neco II, por exemplo, promoveu expedições militares no Levante e iniciou obras ambiciosas, como um canal ligando o Nilo ao Mar Vermelho. O comércio com o Mediterrâneo também foi fortalecido, especialmente com as cidades gregas da Ásia Menor.

Contudo, apesar da estabilidade interna e do florescimento cultural, o Egito continuava vulnerável às potências estrangeiras. A ameaça mais significativa veio do leste, com a ascensão do Império Persa, sob o comando de Ciro, o Grande, e mais tarde, seu filho Cambises II.

A conquista persa do Egito

Em 525 a.C., o faraó Psamético III enfrentou o avanço das tropas persas lideradas por Cambises II, na Batalha de Pelúsio. A derrota egípcia foi decisiva, e o país foi incorporado ao vasto Império Persa como uma satrapia — uma província administrada por um sátrapa, nomeado pelo rei persa.

Com isso, teve início o chamado Primeiro Período Persa (XXVII Dinastia). Embora os persas tenham mantido algumas tradições locais e permitido o culto aos deuses egípcios, a perda da autonomia política marcou profundamente a população. Cambises II chegou a se proclamar faraó, mas seu governo foi malvisto pelos egípcios, especialmente devido à destruição de templos e à repressão de revoltas.

Conclusão

A Dinastia Saíta representou o último suspiro de um Egito governado por dinastias nativas antes do domínio estrangeiro se tornar regra. Com os persas, o Egito entrou em uma nova fase, marcada por controle imperial, embora ainda preservasse parte de sua rica cultura. Esse período também abre caminho para o contato com os gregos e, futuramente, com os macedônios de Alexandre, o Grande.

No próximo artigo, abordaremos o Período Persa, seus impactos administrativos e culturais, e como o Egito seguiu resistindo e se transformando sob domínio estrangeiro.

Referências Bibliográficas

  • Bard, Kathryn A. An Introduction to the Archaeology of Ancient Egypt. Blackwell Publishing, 2007.
  • Wilkinson, Toby. The Rise and Fall of Ancient Egypt. Random House, 2010.
  • Shaw, Ian (Ed.). The Oxford History of Ancient Egypt. Oxford University Press, 2000.
  • Lloyd, Alan B. The Late Period (664–332 BC), in: The Oxford History of Ancient Egypt, 2000.
  • Kuhrt, Amélie. The Persian Empire: A Corpus of Sources from the Achaemenid Period. Routledge, 2007.

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