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Divulgação/Luciana Monte/Flickr |
Uma Ciência Celestial
Os maias desenvolveram uma astronomia extremamente precisa, observando
o movimento dos planetas, da lua e do sol a olho nu, sem o uso de
instrumentos óticos modernos. Através dessas observações, eles calcularam com
exatidão eventos como eclipses solares e lunares, solstícios, equinócios e
ciclos planetários, especialmente os de Vênus, que tinha importância ritual.
Suas construções, como templos e pirâmides, eram alinhadas
com eventos astronômicos, demonstrando um conhecimento prático e simbólico
do cosmos. Um dos exemplos mais impressionantes está em Chichén Itzá, onde,
durante os equinócios, o jogo de luz e sombra na pirâmide de Kukulcán forma a
imagem de uma serpente descendo os degraus.
Os Calendários Maias
A astronomia maia estava profundamente entrelaçada com seus
calendários. Os principais eram:
- Tzolk’in
(260 dias): calendário ritual usado para marcar festividades religiosas e
a escolha de dias auspiciosos.
- Haab’
(365 dias): calendário solar, usado para a organização da vida civil e
agrícola.
- Contagem
Longa: sistema para registrar longos períodos de tempo e eventos
históricos, baseando-se em ciclos de 5.125 anos.
O fim de um ciclo da Contagem Longa, ocorrido em 2012, foi
erroneamente interpretado como previsão de “fim do mundo”, quando, na verdade,
simbolizava renovação e recomeço segundo a visão cíclica maia do tempo.
Céu e Profecia
Para os maias, os corpos celestes eram entidades vivas
ou mensageiros dos deuses. Cada eclipse, cada alinhamento, carregava
significados espirituais profundos. Os reis e sacerdotes consultavam os céus
antes de declarar guerras, coroar governantes ou realizar grandes rituais. A
astronomia maia, portanto, era tanto uma ciência matemática quanto uma
ferramenta teológica.
Legado Duradouro
Mesmo após a colonização espanhola e a destruição de muitos
códices, o conhecimento astronômico maia sobreviveu por meio de
inscrições em templos, estelas e em alguns manuscritos, como o Códice de
Dresden, que contém informações detalhadas sobre ciclos lunares e
venusianos.
Hoje, arqueoastrônomos e historiadores reconhecem a
genialidade desse povo e continuam a desvendar suas descobertas, que ainda
surpreendem pela precisão e sofisticação.
Conclusão
A astronomia maia nos mostra que ciência e espiritualidade
caminharam lado a lado nessa antiga civilização. Para eles, compreender o céu
era compreender o divino, o tempo e o próprio destino humano. Seu legado
permanece como um testemunho da capacidade humana de observar, interpretar e se
conectar com o universo.
Referências Bibliográficas
- Aveni,
Anthony F. Skywatchers. University of Texas Press, 2001.
- Milbrath,
Susan. Star Gods of the Maya: Astronomy in Art, Folklore, and Calendars.
University of Texas Press, 1999.
- Coe,
Michael D. The Maya. Thames & Hudson, 2011.
- Van
Stone, Mark. 2012: Science and Prophecy of the Ancient Maya.
Tlacaélel Press, 2010.
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