Radio Evangélica

quinta-feira, 10 de abril de 2025

A Astronomia Maia: Ciência, Céu e Profecia

 

Divulgação/Luciana Monte/Flickr
A civilização maia surpreende não apenas por sua espiritualidade profunda, mas também por seus conhecimentos científicos avançados, especialmente no campo da astronomia. Para os maias, observar o céu não era apenas uma atividade científica, mas também espiritual e ritualística. Seus astrônomos-sacerdotes eram verdadeiros mestres na leitura dos céus, e sua compreensão dos astros influenciava desde a agricultura até as decisões políticas e religiosas.

Uma Ciência Celestial

Os maias desenvolveram uma astronomia extremamente precisa, observando o movimento dos planetas, da lua e do sol a olho nu, sem o uso de instrumentos óticos modernos. Através dessas observações, eles calcularam com exatidão eventos como eclipses solares e lunares, solstícios, equinócios e ciclos planetários, especialmente os de Vênus, que tinha importância ritual.

Suas construções, como templos e pirâmides, eram alinhadas com eventos astronômicos, demonstrando um conhecimento prático e simbólico do cosmos. Um dos exemplos mais impressionantes está em Chichén Itzá, onde, durante os equinócios, o jogo de luz e sombra na pirâmide de Kukulcán forma a imagem de uma serpente descendo os degraus.

Os Calendários Maias

A astronomia maia estava profundamente entrelaçada com seus calendários. Os principais eram:

  • Tzolk’in (260 dias): calendário ritual usado para marcar festividades religiosas e a escolha de dias auspiciosos.
  • Haab’ (365 dias): calendário solar, usado para a organização da vida civil e agrícola.
  • Contagem Longa: sistema para registrar longos períodos de tempo e eventos históricos, baseando-se em ciclos de 5.125 anos.

O fim de um ciclo da Contagem Longa, ocorrido em 2012, foi erroneamente interpretado como previsão de “fim do mundo”, quando, na verdade, simbolizava renovação e recomeço segundo a visão cíclica maia do tempo.

Céu e Profecia

Para os maias, os corpos celestes eram entidades vivas ou mensageiros dos deuses. Cada eclipse, cada alinhamento, carregava significados espirituais profundos. Os reis e sacerdotes consultavam os céus antes de declarar guerras, coroar governantes ou realizar grandes rituais. A astronomia maia, portanto, era tanto uma ciência matemática quanto uma ferramenta teológica.

Legado Duradouro

Mesmo após a colonização espanhola e a destruição de muitos códices, o conhecimento astronômico maia sobreviveu por meio de inscrições em templos, estelas e em alguns manuscritos, como o Códice de Dresden, que contém informações detalhadas sobre ciclos lunares e venusianos.

Hoje, arqueoastrônomos e historiadores reconhecem a genialidade desse povo e continuam a desvendar suas descobertas, que ainda surpreendem pela precisão e sofisticação.

Conclusão

A astronomia maia nos mostra que ciência e espiritualidade caminharam lado a lado nessa antiga civilização. Para eles, compreender o céu era compreender o divino, o tempo e o próprio destino humano. Seu legado permanece como um testemunho da capacidade humana de observar, interpretar e se conectar com o universo.

 

Referências Bibliográficas

  • Aveni, Anthony F. Skywatchers. University of Texas Press, 2001.
  • Milbrath, Susan. Star Gods of the Maya: Astronomy in Art, Folklore, and Calendars. University of Texas Press, 1999.
  • Coe, Michael D. The Maya. Thames & Hudson, 2011.
  • Van Stone, Mark. 2012: Science and Prophecy of the Ancient Maya. Tlacaélel Press, 2010.

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