Radio Evangélica

terça-feira, 8 de abril de 2025

Dom Rodrigo de Sousa Coutinho: Reformismo Ilustrado e Modernização no Império Português

O Pensamento Político e as Ações de um Estadista Luso-Brasileiro no Século XVIII

Este artigo analisa a atuação política e intelectual de Dom Rodrigo de Sousa Coutinho, visconde de Balsemão, uma das figuras mais relevantes do reformismo ilustrado português no final do século XVIII. Como estadista e diplomata, Dom Rodrigo teve papel fundamental na tentativa de modernização do Império Português, principalmente durante seu período como secretário de Estado dos Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos. Sua trajetória está intrinsecamente ligada às transformações ocorridas em Portugal e no Brasil no contexto do Antigo Regime, iluminismo e expansão imperial.

Introdução

Dom Rodrigo de Sousa Coutinho (1755–1812), visconde de Balsemão, foi uma das mais influentes personalidades do período do reformismo ilustrado em Portugal. Diplomata, administrador e intelectual, ocupou cargos de grande relevância no Estado português, especialmente durante a regência de D. João VI. Sua atuação foi marcada por uma visão progressista inspirada nos ideais iluministas europeus, que buscavam conciliar o fortalecimento do Estado com reformas econômicas e administrativas nos domínios ultramarinos, em especial no Brasil.

Formação Intelectual e Início da Carreira

Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, Dom Rodrigo foi profundamente influenciado pela renovação pedagógica promovida pelo Marquês de Pombal. Sua passagem pela diplomacia europeia, notadamente na Embaixada de Portugal em Turim, permitiu-lhe contato com ideias ilustradas e experiências de modernização de outros estados europeus (Costa, 2006).

Essas experiências moldaram seu pensamento reformista, voltado à centralização do poder régio, reorganização administrativa e dinamização da economia colonial. Desde cedo, defendeu uma visão estratégica do Império Português baseada na valorização do Brasil como centro dinâmico do poder atlântico lusitano (Hespanha, 1993).

Reformismo e Administração Colonial

Como Secretário de Estado da Marinha e Domínios Ultramarinos (1796–1801), Dom Rodrigo tentou implementar um conjunto de reformas administrativas e econômicas nas colônias, especialmente no Brasil. Propôs a ampliação da liberdade econômica, a racionalização da administração colonial e a promoção de manufaturas locais, visando a diminuição da dependência externa (Fragoso, 2013).

Defendeu também a transferência da Corte portuguesa para o Brasil, ideia que viria a se concretizar anos depois, em 1808. Considerava o território brasileiro essencial para a sobrevivência do Império face às ameaças da Europa napoleônica (Silva, 2008).

Pensamento Político e Legado

O pensamento de Dom Rodrigo era influenciado por autores como Montesquieu, Adam Smith e os fisiocratas franceses, mas sempre adaptado ao contexto lusitano. Ele acreditava na necessidade de um Estado forte, reformista e paternalista, capaz de guiar a sociedade para o progresso econômico e moral, sem romper com a estrutura monárquica tradicional (Maxwell, 1995).

Seu legado pode ser percebido nas bases da administração pública luso-brasileira do início do século XIX e na centralidade que o Brasil passou a ocupar nas estratégias imperiais portuguesas.

Considerações Finais

Dom Rodrigo de Sousa Coutinho representa a síntese entre tradição e modernidade no contexto do final do Antigo Regime português. Sua atuação foi crucial para a formulação de políticas que influenciaram o processo de transição do Brasil de colônia a centro do Império. Sua obra e pensamento continuam sendo objeto de estudo para a compreensão das origens da modernidade política e administrativa no mundo lusófono.

Referências Bibliográficas

  • Costa, F. A. (2006). O Despotismo Ilustrado em Portugal e na América. Lisboa: Edições Colibri.
  • Fragoso, J. (2013). Homens de grossa aventura: acumulação e hierarquia na praça mercantil do Rio de Janeiro. São Paulo: Hucitec.
  • Hespanha, A. M. (1993). As vésperas do Leviathan: instituições e poder político. Portugal - século XVII. Coimbra: Almedina.
  • Maxwell, K. (1995). Pombal: Paradox of the Enlightenment. Cambridge: Cambridge University Press.
  • Silva, A. M. R. (2008). “Dom Rodrigo de Sousa Coutinho e a reconfiguração do Império Português”. Revista Brasileira de História, 28(55), 63-89.

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