Radio Evangélica

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Câmara dos Deputados aprova PEC do corte de gastos com impacto no Fundeb e em outros programas sociais

Texto reduz despesas obrigatórias e estabelece novas regras para o abono salarial e recursos da educação

A Câmara dos Deputados aprovou, em segundo turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/24, apensada à PEC 31/07, como parte do esforço do governo federal para controlar o crescimento das despesas obrigatórias. Foram 348 votos favoráveis e 146 contrários na segunda votação; no primeiro turno, a PEC teve 344 votos a favor e 154 contrários. Agora, a proposta segue para o Senado.

O texto aprovado, relatado pelo deputado Moses Rodrigues (União-CE), introduz uma série de mudanças significativas em áreas como educação, benefícios sociais e gestão fiscal. De acordo com o relator, o objetivo é criar um ajuste fiscal responsável, preservando os programas sociais das últimas décadas.

Alterações no Fundeb

Um dos principais pontos da PEC está relacionado ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). A proposta destina, a partir de 2025, 10% dos repasses federais para ações voltadas à criação e manutenção de matrículas em tempo integral na educação básica pública. Isso inclui critérios como indicadores de qualidade e redução de desigualdades.

Embora o texto mantenha o percentual total dos repasses da União ao Fundeb (23% do total investido por estados e municípios), a parcela destinada à educação em tempo integral não seguirá os critérios constitucionais de valor mínimo por aluno. O relator defendeu a medida como necessária para estimular o ensino integral, enquanto opositores alertaram para os riscos de desvio de recursos de outras áreas prioritárias da educação.

A PEC também prevê que, a partir de 2026, pelo menos 4% dos recursos do Fundeb deverão ser aplicados em matrículas de tempo integral, conforme diretrizes pactuadas entre estados, municípios e a União.

Mudanças no abono salarial do PIS/Pasep

Outra alteração significativa é a mudança nos critérios para o recebimento do abono salarial do PIS/Pasep. Atualmente, o benefício é pago a trabalhadores com carteira assinada que ganham até dois salários mínimos. Com a PEC, a partir de 2026, apenas quem tiver renda de até 1,5 salário mínimo no ano-base terá direito ao benefício.

Além disso, o valor de referência será corrigido apenas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), reduzindo o número de beneficiários ao longo dos anos.

Prorrogação da DRU

A Desvinculação de Receitas da União (DRU), que permite ao governo federal usar livremente 30% dos recursos vinculados a fundos e despesas específicas, foi prorrogada até 31 de dezembro de 2032. Contudo, a PEC exclui da DRU receitas provenientes do Fundo Social do pré-sal e royalties destinados à educação e saúde, garantindo que esses recursos sejam preservados para suas finalidades originais.

Uso de recursos do Fundeb em alimentação escolar

A proposta aprovada também autoriza o uso de recursos do Fundeb para complementar programas de alimentação e saúde escolar, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Essa medida gerou críticas de parlamentares e movimentos sociais que consideram a alimentação escolar uma atividade suplementar e não parte do orçamento da educação.

O deputado Tarcísio Motta (Psol-RJ) argumentou que a mudança pode comprometer o foco principal do Fundeb, que é a valorização da educação e dos profissionais. Por outro lado, o deputado Mendonça Filho (União-PE) defendeu que a medida é necessária para ajudar estados e municípios com dificuldades financeiras.

Supersalários e outros ajustes

A PEC também estabelece que as exceções ao teto salarial do funcionalismo público deverão ser regulamentadas por lei ordinária, e não por lei complementar, como era previsto anteriormente. Essa medida visa dar maior controle sobre as chamadas “indenizações” que ultrapassam o teto do funcionalismo.

Impactos e próximos passos

A PEC traz ainda limitações para novas vinculações de receitas a despesas obrigatórias, impondo restrições que estarão alinhadas ao teto de crescimento de 2,5% do arcabouço fiscal. Também há previsão de ajustes nos incentivos tributários, com regras futuras para concessão e ampliação de benefícios fiscais.

O texto segue agora para o Senado, onde será novamente avaliado. Aprovada pela Câmara com o apoio da maioria das lideranças partidárias, a PEC busca equilibrar cortes de despesas e a preservação de políticas públicas essenciais, embora tenha sido alvo de críticas por parte de parlamentares e entidades sociais.

Imagem: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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