Após quase mil anos, igreja católica pode “se unir” a
Igreja Ortodoxa
Papa Francisco e o patriarca grego é Batolomeu I. |
O papa Francisco e o Patriarca Kirill, líder da Igreja
Ortodoxa Russa, se reunirão em Cuba na próxima semana. Esse pode ser um passo
histórico na restauração entre os ramos ocidental e oriental do cristianismo.
A divisão dos ortodoxos e católicos ocorreu no ano de
1054 e foi causado por diferenças teológicas e uma disputa de poder entre seus
líderes em Roma e Constantinopla (atual Istambul).
Dia 12 de fevereiro será um passo histórico pois será a
primeira vez na história que se reunirão um papa católico romano e um patriarca
ortodoxo russo para tratar de questões da igreja. Os ortodoxos gregos já
possuem uma relação mais próxima com o Vaticano.
A escolha de Cuba como local de encontro chama atenção. O
porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, explicou que o país foi
escolhido por ser considerado um território neutro.
O patriarca Kirill I estará na ilha em visita oficial e
depois virá ao Brasil. Francisco fará uma parada na ilha a caminho de sua
visita oficial ao México.
Pouco conhecidos no Brasil, existem cerca de 250 milhões
de ortodoxos no mundo. A grande maioria, 165 milhões, está na Rússia e países
vizinhos, como a Ucrânia. Os demais são do rito grego, cujo patriarca é
Bartolomeu I.
A aproximação do Vaticano com os ortodoxos é um feito
para Francisco. Desde que assumiu o pontificado ele vem insistindo para uma
união das religiões. Foi lançada uma campanha em 2016 que visa unir todas as
tradições religiosas. O papa afirma que “nesta variedade de religiões, só há uma
certeza que temos para todos: somos todos filhos de Deus”.
Perseguição
teria acelerado processo
Segundo o porta-voz do patriarcado, o genocídio de
cristãos cometido por terroristas apressou este encontro histórico. O Vaticano
anunciou que os líderes terão conversas privadas, seguidas de discursos
públicos e assinatura de uma declaração conjunta sobre a necessidade de maior
unidade entre os cristãos.
Outros papas haviam tentado essa aproximação, mas os
ortodoxos russos sempre insistiram que havia muitas “diferenças” que precisavam
ser resolvidas antes de qualquer reunião de alto nível ser realizada.
O Metropolitano Hilarion, importante liderança ortodoxa,
explica o que mudou: “A situação atual no Oriente Médio, no Norte e Central
África e em algumas outras regiões onde os extremistas realizam um verdadeiro
genocídio da população cristã exige medidas urgentes e uma cooperação ainda
mais estreita entre as Igrejas cristãs. Precisamos colocar as divergências de
lado interno neste momento trágico e juntar esforços”.
Esforços
mudariam até o calendário
Uma das grandes diferenças desde o Cisma de 1054 é o
calendário usado pelas duas igrejas. O calendário juliano foi substituído em
1582, pelo Papa Gregório XIII, pelo chamado calendário gregoriano. Este é o
adotado pela grande maioria dos países ocidentais.
Os cristãos ortodoxos em vários países continuam usando o
calendário juliano, que surgiu durante os tempos do Império Romano.
Uma das grandes diferenças são os anos bissextos, e hoje
já se acumula uma diferença de 13 dias entre eles. Mas não é só isso. A
celebração de várias datas cristãs não ocorre nos mesmos dias. Por exemplo, o
Natal para os ortodoxos é comemorado em 7 de janeiro.
Existe um movimento internacional, que envolve anglicanos
e também coptas para que todos os cristãos do mundo sigam o mesmo calendário. Com
informações IB Times e Christian Today
Fonte: Gospel Prime
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