Radio Evangélica

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Nossa cultura popular contemporânea

Será que a esquerda realmente tem o monopólio sobre a narrativa hoje? No filme Obvious Child, Jenny Slate interpreta Donna Stern, uma comediante de stand-up, que é especializada em fazer piadas sobre suas partes íntimas, com a incursão ocasional no humor flatulento. Ela está prestes a entrar no palco. Sua amiga lhe oferece algum incentivo: “Você vai acabar com tudo lá em cima!”
Donna responde: “Na verdade, tenho uma consulta marcada para fazer isso amanhã.”
Donna está falando sobre sua consulta agendada para fazer um aborto.
Entendeu? É engraçado porque é verdade. Ou, se você é como eu, você não acha graça porque é verdade.
Muitos críticos acham que é engraçado. Um afirmou que “de longe está é a comédia pró-aborto mais premiada de todos os tempos.” Claro que, como gênero artístico, a coisa está nivelada por baixo, seria algo como fazer o melhor sushi de posto de gasolina do estado de Oklahoma.
Desde a estréia, no mês passado, o filme arrecadou menos de US$ 2 milhões. Compare isso a Juno, um filme brilhante [de 2007] amplamente visto como pró-vida (pelo menos entre os pró-vida), ou Knocked Up, uma comédia romântica vulgar também aclamada por adversários do aborto, os quais arrecadaram mais de US$ 140 milhões no mercado interno. Portanto, Obvious Child está mais para um filme mal-sucedido do que para um divisor de águas cultural que seus apologistas e detratores o fazem parecer.
Isso é digno de nota dado que a escritora e diretora do filme, Gillian Robespierre, foi motivada em parte porque filmes como Juno e Knocked Up “esfregaram [na cara dela] a má escolha feita.”
Dinesh D’Souza teve uma motivação semelhante ao fazer America: Imagine the World Without Her, um documentário que é uma carta de amor ao seu país adotivo. Ele é muitas vezes descrito como o Michael Moore da direita, mas ele possui um objetivo maior, na esperança de um dia competir com Steven Spielberg e Oliver Stone na produção de longa-metragens. Ele diz a National Review que “a esquerda conhece o poder de contar uma história.” Stone e Spielberg são “muito maiores do que Michael Moore. Eles não fazem filmes de esquerda – eles apenas fazem filmes, e eles têm um ponto de vista. Eu quero fazer filmes com um ponto de vista diferente.”
D’Souza está absolutamente certo sobre Spielberg (embora tenha sido muito gentil com Stone). Uma das minhas maiores queixas sobre o conservadorismo contemporâneo – dentro e fora da política – é que ele perdeu de vista a importância de contar histórias.
Meu falecido amigo Andrew Breitbart gostava de dizer que a política está abaixo da cultura, o que significa que qualquer reviravolta política verdadeiramente bem-sucedida precisa começar por mudar as atitudes populares. Adam Bellow, um célebre editor de livros conservadores, tem uma convicção semelhante e está tentando iniciar uma revolta conservadora no mundo da ficção.
Desejo-lhes grande sucesso. Ainda assim, eu acho que há algo faltando nessa conversa antiga à direita (conservadores têm usado tais argumentos desde 1950 — se não foi a partir da década de 1450, com a publicação da Bíblia de Gutenberg). Os conservadores se recusam a celebrar, ou mesmo perceber, o quanto da cultura popular está do seu lado.
Claro, Hollywood geralmente é muito esquerdista, mas a América não é. A julgar por suas campanhas de doação, os esquerdistas de Hollywood são muito favoráveis ao aborto. Mas há uma razão pela qual os seriados desde Maude não possuírem um monte de episódios sobre o aborto. Na verdade, quase todas as personagens grávidas de TV tratam o feto como um ser humano.
A esquerda pode ser anti-militarismo, mas esses filmes tendem a fracassar, sendo este o motivo pelo qual vemos mais filmes pró-militarismo. Da mesma forma, é uma aposta segura que os esquerdistas de Hollywood detestam armas. Mas você não saberia por meio daquilo que produzem. Não são muitos os astros de filmes de ação a salvar o dia por ter recitado um poema. A maioria dos esquerdistas de Hollywood, provavelmente, opoẽm-se à pena de morte, mas eles fazem um monte de filmes onde o bandido encontra uma morte horrenda sob os aplausos do público. A esquerda tem nojo dos “valores familiares,” mas estes são a essência da maioria das comédias e dramas de sucesso.
Uma explicação é que, embora seja verdade que a cultura está acima da política, eu diria que a realidade e o senso moral estão acima da cultura. Boas histórias devem alinhar-se com a realidade e um senso de justiça. Elas podem se passar no espaço ou na terra média, mas se não condizem com algo real sobre a condição humana, serão um fracasso. Como Margaret Thatcher costumava dizer: “Os fatos da vida são conservadores.”
A confirmação do que digo, penso eu, pode ser vista no fracasso do esquerdismo de Hollywood em ser tão esquerdista como gostaria de ser. E isso é de fato engraçado porque é verdade.
Escrito por Dominik Armentano para o site Mídia sem Máscara
Jonah Goldberg. “Our Conservative Popular Culture”. National Review, 9 de Julho de 2014.

Tradução: Rodrigo Carmo
Revisão: William Dellatorre
 

http://tradutoresdedireita.org/

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