Em sua 224ª reunião, o Copom
decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 6,00% a.a.
A atualização do cenário
básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:
Indicadores recentes da
atividade econômica sugerem possibilidade de retomada do processo de
recuperação da economia brasileira. O cenário do Copom supõe que essa retomada
ocorrerá em ritmo gradual;
O cenário externo mostra-se
benigno, em decorrência das mudanças de política monetária nas principais
economias. Entretanto, os riscos associados a uma desaceleração da economia
global permanecem;
O Comitê avalia que diversas
medidas de inflação subjacente encontram-se em níveis confortáveis, inclusive
os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária;
As expectativas de inflação
para 2019, 2020, 2021 e 2022 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno
de 3,8%, 3,9%, 3,75% e 3,50%, respectivamente; e
No cenário com trajetórias
para as taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus, as projeções do
Copom situam-se em torno de 3,6% para 2019 e 3,9% para 2020. Esse cenário supõe
trajetória de juros que encerra 2019 em 5,50% e permanece nesse patamar até o
final de 2020. Também supõe trajetória para a taxa de câmbio que termina 2019
em R$/US$ 3,75 e 2020 em R$/US$ 3,80. No cenário com juros constantes a 6,50%
a.a. e taxa de câmbio constante a R$/US$ 3,75*, as projeções situam-se em torno
de 3,6% para 2019 e 2020.
O Comitê ressalta que, em
seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as
direções. Por um lado, (i) o nível de ociosidade elevado pode continuar
produzindo trajetória prospectiva abaixo do esperado. Por outro lado, (ii) uma
eventual frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e
ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e
elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política
monetária. O risco (ii) se intensifica no caso de (iii) reversão do cenário
externo benigno para economias emergentes. O Comitê reconhece que o
balanço de riscos para a inflação evoluiu de maneira favorável, mas avalia que
o risco (ii) ainda é preponderante.
Considerando o cenário
básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o
Copom decidiu, por unanimidade, pela redução da taxa básica de juros para 6,00%
a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e balanço de
riscos para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da
inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política
monetária, que inclui o ano-calendário de 2020.
O Copom reitera que a
conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com
taxas de juros abaixo da taxa estrutural.
O Copom reconhece que o
processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira tem avançado,
mas enfatiza que a continuidade desse processo é essencial para a queda da taxa
de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia. O
Comitê ressalta ainda que a percepção de continuidade da agenda de reformas
afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes. Em particular, o
Comitê julga que avanços concretos nessa agenda são fundamentais para consolidação
do cenário benigno para a inflação prospectiva.
Na avaliação do Copom, a
evolução do cenário básico e, em especial, do balanço de riscos prescreve
ajuste no grau de estímulo monetário, com redução da taxa Selic em 0,50 ponto
percentual. O Comitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a
inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo. O
Copom enfatiza que a comunicação dessa avaliação não restringe sua próxima
decisão e reitera que os próximos passos da política monetária continuarão
dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das
projeções e expectativas de inflação.
Votaram por essa decisão os
seguintes membros do Comitê: Roberto Oliveira Campos Neto (Presidente), Bruno
Serra Fernandes, Carlos Viana de Carvalho, Carolina de Assis Barros, Fernanda
Feitosa Nechio, João Manoel Pinho de Mello, Maurício Costa de Moura, Otávio
Ribeiro Damaso e Paulo Sérgio Neves de Souza.
*Valor obtido pelo
procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio R$/US$
observada nos cinco dias úteis encerrados na sexta-feira anterior à reunião do
Copom.
Banco Central do Brasil