Outros dois
gigantes emergentes, Índia e China, terão crescimento de 6,5% e 7%
O secretário geral da OCDE, Jose Angel. /EFE |
A economia mundial entrou numa dessas fases em que cada
novo prognóstico é pior que o anterior. Nesta quinta-feira as más notícias
partiram da Organização
para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne 34
países industrializados. Em sua nova análise, que abrange apenas as principais
economias avançadas (o G-7) e os grandes emergentes (China, Índia e Brasil), a
entidade reduz a 3% a expectativa de expansão econômica global neste ano, e
para 3,3% o resultado de 2017, numa redução de 0,3 ponto percentual em relação
ao seu prognóstico de novembro. Enquanto isso, a entidade projeto que o
descalabro no Brasil se acentua, com um retrocesso econômico de 4% neste ano,
superior ao de 2015 (-3,8%, segundo sua estimativa). Os números oficiais
do tamanho da queda do PIB brasileiro só será conhecido em março quando o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o dado oficial
sobre o desempenho da economia no ano passado.
A revisão das projeções da OCDE para o Brasil coincide
com a divulgação nesta quinta dos dados de queda da economia brasileira de
4,08% em 2015, segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central do
Brasil. O indicador é considerado uma prévia do PIB oficial. Os dados são
conhecidos um dia depois de o Brasil
ter sua nota de risco mais uma vez rebaixada pela agência
Standard&Poors, que prevê uma recessão longa em função da necessidade de
ajuste fiscal e a dificuldade no cenário político para aprovar projetos
importantes que garantam a retomada da economia.
Para as outras duas grandes economias emergentes, o
prognóstico é muito diferente. A OCDE mantém sua previsão para a China (6,5%
neste ano, 6,2% no próximo), apesar de o gigante asiático estar sendo um dos
focos da atual instabilidade nos mercados financeiros, que vivem o pior começo
de ano em várias décadas. A Índia passa a ser a economia emergente mais
dinâmica, com um crescimento superior a 7%.
A revisão da expectativa para o crescimento global,
segundo a entidade, torna necessária “uma reposta coletiva mais contundente
para fortalecer a demanda mundial”, observa o organismo multilateral. Tal
“resposta coletiva” ficou nas mãos do G-20 (bloco de grandes economias
industrializadas e emergentes) depois do estouro da crise financeira nos
Estados Unidos, no final de 2008. Mas o ímpeto das primeiras cúpulas desse
grupo se dissipou, e já faz alguns anos que, além da intervenção maciça dos
bancos centrais, as medidas conjuntas praticamente se limitam à retórica. Os
ministros de Economia e os presidentes de bancos centrais se reunirão no fim
deste mês em Xangai (China, país que preside o G-20 neste ano) enfrentando o
momento de maior pressão em meia década.
Porque este crescimento de 3% calculado pela OCDE seria
um resultado semelhante ao de 2015, ou seja, o menor ritmo de crescimento
global em cinco anos. Só em 2010 e 2011, os anos que se seguiram à Grande
Recessão, houve uma expansão econômica mundial entre 4% e 5%, o ritmo que era
habitual antes desta crise econômica. A recuperação é particularmente fraca nos
países avançados. O clube dos países industrializados considera que a economia
dos EUA, a mais pujante entre os países ocidentais, crescerá apenas 2% neste
ano (meio ponto percentual a menos que a previsão da OCDE em novembro), e que a
zona do euro não será capaz nem sequer de superar o magro crescimento deste
ano, que foi de 1,5%, 0,1 ponto a mais do que o prognóstico para 2016. O Japão,
por sua vez, continuará praticamente estagnado, pois a elevação dos impostos e
a fragilidade do comércio anulam os estímulos monetários. (Colaborou Carla
Jimenez)
El País
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