Lula discursa em aniversário de 36 anos do PT ao lado do presidente do partido, Rui Falcão (Foto: Mauro Pimentel/Folhapress) |
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou seu
discurso na festa de aniversário de 36 anos do PT para fazer sua primeira
defesa pública das suspeitas de ter sido favorecido por empreiteiras em imóveis
no interior de São Paulo. O petista disse não ser dono das duas propriedades
investigadas e atacou o Ministério Público e a Polícia Federal.
Pela primeira vez, o petista disse publicamente ter
recebido o sítio em Atibaia de presente de seu amigo Jacob Bittar, ex-prefeito
de Campinas. "Ele inventou de comprar uma chácara para que eu pudesse
descansar depois que eu deixasse a Presidência. E fizeram uma surpresa pra mim.
Ficou em segredo até o dia 15 de janeiro", afirmou.
Em relação ao tríplex em Guarujá, no litoral paulista, em
que há suspeitas favorecimento pela construtora OAS, ele disse não ter relação
com a propriedade.
"Eu digo que não tenho o apartamento. A empresa diz
que não é meu, e um cidadão do Ministério Público, obedecendo ipsis litteris a
Globo, que costuma dizer que o tríplex é meu", apontou, depois de ironizar
o imóvel como "tríplex Minha Casa Minha Vida".
Lula disse que parte do Ministério Público se subordina à
imprensa e afirmou que "as pessoas que se subordinam dessa forma não merecem
o cargo que estão no país, concursadas para fazer justiça, para
investigar".
O ex-presidente informou ainda ter recebido uma
intimação, dando conta de que terá seus sigilos bancário, telefônico e fiscal
quebrados, mas não especificou o que motivou a ordem. "Se esse for o preço
que a gente tem que pagar para provar a inocência, eu faço".
"Só quero que depois me deem um atestado de
idoneidade."
Conclamando os militantes a não "baixar a
cabeça", Lula disse que os petistas "não podem levar desaforo para casa
todas vez que falarem merda da gente". E disse que acabou a fase
"Lulinha paz e amor", expressão cunhada na campanha de 2002, diante
da mudança de perfil em relação às eleições anteriores.
"Eu queria dizer a eles (os adversários do PT):
vocês não vão me destruir, vamos sair mais fortes dessa luta."
O petista saiu em defesa da sucessora, Dilma Rousseff,
que, em um dos momentos de maior tensionamento com o PT, não
compareceu à festa de aniversário da sigla, mas apontou que ela tem
que ter certeza de que "o lado dela é esse".
"Por mais que possamos ter divergências com qualquer
pessoa do governo, esse governo é nosso e temos responsabilidade de fazer dar
certo. A gente tem que ter claro e a Dilma tem que ter certeza é que o lado
dela é esse e ela precisa de nós para sobreviver aos ataques que vem sofrendo
no Congresso."
Folha de São Paulo
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